A
UNITA, maior partido da oposição em Angola, classificou hoje o julgamento e a
condenação de 17 jovens ativistas a prisão efetiva como "uma farsa do
executivo angolano para coartar liberdades e intimidar a população".
"Nós
temos vindo a dizer, muito antes deste veredito final agora anunciado, que este
processo era eminentemente político, porque estes homens foram detidos quando
liam livros, o que é uma atividade normal para jovens estudantes
universitários", disse o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, em
declarações à Lusa.
O
tribunal de Luanda condenou hoje a penas entre dois anos e três meses e oito
anos e seis meses de prisão efetiva os 17 ativistas angolanos que estavam desde
16 de novembro a ser julgados por coautoria de atos preparatórios para uma
rebelião e associação criminosa.
"Este
é um processo eminentemente político -- insistiu -, é uma farsa do executivo
angolano, que tem à frente o Presidente José Eduardo dos Santos, para poder
coartar as liberdades, intimidar a população, sobretudo universitária, para
demovê-la de iniciativas que visam aprofundar o processo democrático
angolano".
Os
17 ativistas hoje condenados rejeitaram sempre as acusações que lhes foram
imputadas e garantiram, em tribunal, que os encontros semanais que promoviam --
foram detidos durante um deles, a 20 de junho do ano passado -- visavam
discutir política e não promover qualquer ação violenta para derrubar o regime.
Trata-se
portanto, prosseguiu Alcides Sakala, de "uma provocação, é uma brincadeira
do sistema que está à deriva e que se aproxima do seu fim".
"Isto
reflete a fragilidade do regime angolano que, se nunca teve ideias concretas
que viessem ao encontro da defesa dos interesses dos angolanos, agora está de
facto numa situação sem perspetiva nenhuma", frisou.
Considerando
que "dada a natureza do próprio regime" será difícil inverter esta
condenação e obter a libertação dos jovens ativistas, o porta-voz da UNITA
aproveitou para "chamar a atenção da comunidade internacional para esta
grave violação dos direitos humanos em Angola", em relação à qual "o
próprio Parlamento Europeu, no ano passado, emitiu uma nota de
condenação".
O
responsável da oposição angolana denunciou ainda a continuação dos "atos
de intolerância contra militantes da UNITA".
"Foram
mortos há cerca de três semanas militantes nossos na província de Malanje, mas,
até agora, o ministério público não tugiu nem mugiu", observou.
"Estamos,
portanto, perante uma estratégia global, bem gizada, para procurar intimidar
todos aqueles que queiram de viva voz dar o seu ponto de vista neste processo
de debate nacional que Angola procura afirmar no contexto da sua
democracia", concluiu.
Os
17 ativistas hoje condenados a prisão efetiva são: o músico e engenheiro
informático luso-angolano Luaty Beirão, o estudante universitário Manuel
Chivonde "Nito Alves", o professor universitário Nuno Dala, o
jornalista e professor universitário Domingos da Cruz, o professor primário
Afonso "M'banza Hanza", o professor do segundo ciclo José Hata, o
jornalista Sedrick de Carvalho, o funcionário público Benedito Jeremias, o
cineasta Nélson Dibango, o mecânico Fernando António Tomás, o tenente da Força
Aérea Osvaldo Caholo, os estudantes Inocêncio de Brito, Albano Bingo Bingo,
Arante Kivuvu e Hitler Tshikonde, a estudante universitária Laurinda Gouveia e
a secretária Rosa Conde.
ANC
// EL - Lusa
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