@Verdade,
editorial
Senhores
camaradas, sabemos que o poder – aquele é, normalmente, do povo – é vosso. Mas
pedimos que nos livrem, um pouco, das vossas imposições políticas. Nós, como
cidadãos nacionais, desta Pátria Amada, temos a prerrogativa de escolhermos o
partido que achamos ideal. Este nosso direito está plasmado no artigo 53,
número 2 da Constituição da República de Moçambique – Lei Mãe – por isso há que
respeitarmos todos!
Devemos,
sim, pertencer à Frelimo, mas isso deve ser da nossa livre e espontânea
vontade. Porque é que continuam a nos forçar a participar nos encontros de
índole política contra a nossa vontade? Aliás, tais encontros decorrem em
instituições públicas e, como se isso não bastasse, acontecem sempre no horário
de trabalho, ou seja, interrompem as actividades laborais para satisfazer para
nos obrigar a assistir a encontros cheio de nada e coisa nenhuma. Isso é grave!
Estamos
a dizer que não queremos pertencer ao partido A ou B ou então C, só porque
alguém está forçar-nos sob pena de perdermos a nossa nacionalidade, como
pretendeu, há dias, o vosso camarada Paulo Awade, governador da província de
Tete, aquando os seus pronunciamentos sobre os nossos irmãos que se encontram
refugiados em Kapise, no vizinho Malawi.
Como
dissemos no começo dessas nossas linhas, sabemos que o Governo de Moçambique é
constituído pela Frelimo, mas tal facto não vos dá direito de decidirem por nós
– o povo. Portanto, com todo respeito pedimos que parem com vossas reuniões nas
instituições. Tomámos conhecimento do último encontro havido no sábado passado,
no Instituto de Formação de Professores (IFP), mais conhecido por IMAP, na
cidade de Nampula. Há relatos de formadores e formandos dando conta de que a
participação naquele encontro era obrigatória e que até ameaçavam que caso alguém
falte, nem que seja por qual motivo, seria sancionado. É triste isso!
Porém,
ser formador ou formando de um instituto de formação do Estado não é sinónimo
de ser simpatizante ou membro do partido no poder ou de um outro. Dissemos,
ainda, que ser um funcionário ou agente do Estado não é, também, sinónimo de
ser camarada. Isto tem que ficar claro para todos nós.
O
caso que supra mencionamos é, apenas, um de muitos que ocorrem em todo
território moçambicano. Que o digam os professores, alunos, enfermeiros, os
agentes da Polícia! Se nos permitirem, podemos especular que a Polícia trabalha
ao serviço do partido dos camaradas, o que é um pecado gravíssimo!
Neste
país e com este Governo que temos, sob liderança da Frelimo, a condição
primária para se atingir um cargo de chefia é preciso ter um cartão vermelho.
Que o digam todos os directores das escolas e outros chefes nomeados no sector
público! Aliás, um funcionário ou agente do Estado pode perder o seu posto de
emprego só porque comunga com os ideais dos partidos da oposição. E nós, como o
povo, perguntamos, é por isso que, abusando da sua maioria na Assembleia da
República, reprovaram o projecto de Lei que visava despartidarizar o Estado?
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