A
porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse que a União
Europeia (UE) é hoje um projeto "em tudo contrário aos direitos
humanos" por não ter sabido dar resposta à crise dos refugiados.
Na
intervenção que encerrou o encontro da comissão executiva do Partido da
Esquerda Europeia, que contou com a presença do candidato a secretário-geral
das Nações Unidas António Guterres, Catarina Martins disse que nada diminui
mais uma pessoa "do que normalizar a tragédia de tanta gente em
fuga".
"Um
dos sinais mais evidentes da crise na União Europeia é sem dúvida a
incapacidade de integrar as milhares de pessoas que aqui acorrem como
migrantes, como refugiados. Sermos incapazes de impedir a construção de muros
de segregação em países-membros como a Hungria e de contribuir para atacar as
causas das migrações faz da União Europeia um projeto que é em tudo contrário
aos direitos humanos e o acordo com a Turquia é em boa medida espelho dessa
atuação", declarou Catarina Martins, juntando-se assim a Guterres nas
críticas ao acordo entre a UE e Ancara.
A
porta-voz do BE respondeu ao presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que,
no sábado, abriu a porta à simplificação das regras orçamentais europeias,
dizendo que "é bom que a Europa reconheça que tem utilizado recursos que
diz técnicos para impor políticas".
"Mas
há conclusões que quer retirar que são em tudo perigosas e aquilo que fazem é
apressar o caminho da Europa para o precipício. É que o presidente do Eurogrupo
sugere que a solidez das contas públicas seja feita olhando apenas para a
despesa permanente dos estados e não para a as receitas", ou seja, segundo
Catarina Martins, a sugestão é a de que os países provem o seu equilíbrio
orçamental "através da sua capacidade de cortar em despesas como a saúde,
a educação, a proteção social".
Catarina
Martins recordou, então, que Jeroen Dijsselbloem é ministro das Finanças da Holanda,
"o país que é na Europa um 'offshore' onde a maior parte das empresas
portuguesas foge para não pagar aqui impostos".
"[Isto]
diz tudo sobre a natureza do Eurogrupo e sobre a necessidade de, nos nossos
países, lutarmos contra esta ditadura dos ricos, dos mais ricos que tem vindo a
retirar as possibilidades da condição de vida digna dos nossos povos",
declarou a dirigente do BE.
TDI
// MSF – Lusa
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