O
antigo primeiro-ministro António Guterres reiterou hoje que sempre foi um
federalista europeu, mas lamentou que seja agora "um federalista europeu
frustrado", acentuando a necessidade de maior colaboração entre os
Estados-membros da União Europeia.
Numa
sessão de perguntas e respostas com elementos do Partido da Esquerda Europeia,
cujo encontro da comissão executiva terminou hoje no Porto, Guterres lembrou
que o sistema atualmente em prática para lidar com refugiados "foi criado
tendo em vista pedidos individuais de pessoas que vêm para a Europa em pequenos
números".
Ao
abrigo da Convenção de Dublin, recordou Guterres, a responsabilidade de
acolhimento foi colocada sobre o país de entrada da pessoa em causa, algo que
"já não se adequa à situação atual em que há movimentos em massa, face aos
quais é preciso fazer uma distribuição justa dos refugiados".
"Sou
a favor de um sistema europeu de asilo. Sempre fui um federalista europeu, hoje
sou um federalista europeu frustrado, mas não acredito que os problemas do
nosso tempo possam ser resolvidos individualmente pelos nossos países",
disse o atual candidato ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas.
Para
Guterres, os países individualmente são "muito pequenos, muito
irrelevantes", o que significa que ou há uma junção de esforços ou a
"Europa será menos e menos relevante para os assuntos globais".
"Devo
dizer que não vejo a Europa a caminhar nesta direção", admitiu o anterior
Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, que esteve no encontro da Esquerda
Europeia a convite do Bloco de Esquerda.
Questionado
pelos jornalistas sobre o que falhou no acordo entre a União Europeia e a
Turquia, Guterres frisou o mesmo ponto: "A questão fundamental é a questão
da incapacidade que a Europa teve de ter uma resposta europeia solidária à
crise dos refugiados e das migrações".
TDI
// MSF - Lusa
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