Isabel
Moreira – Expresso, opinião
Temos
um Governo que se atreve - imagine-se - a ter um programa sufragado
democraticamente que traça uma política que rompe com a austeridade expansiva
do empobrecimento.
Temos
um Governo do Estado soberano português que se atreve - imagine-se - a criticar
Bruxelas, a defender Portugal.
Temos
um Governo que se atreve - imagine-se - a apresentar um verdadeiro plano
nacional de reformas em matéria de intervenção, de produtividade e
competitividade, de endividamento da economia e reforço da coesão e igualdade social,
esta última destruída nos últimos quatro anos.
Temos
um Governo que se atreve - imagine-se - a traçar um outro caminho no que toca à
educação, à saúde ou à segurança social.
Temos
um Governo que se atreve - imagine-se - a investir na qualificação dos
portugueses como consta do plano nacional de reformas, em cerca de seis mil
milhões de euros. Um Governo que sabe que o país não aguenta mais o desprezo
pela promoção do ensino secundário enquanto patamar mínimo de qualificações.
Temos
um Governo que se atreve - imagine-se - a defender que é imperioso combater o
insucesso e abandono escolar e a qualificação de adultos, com medidas como a
atribuição de 70 mil bolsas no ensino superior, o reforço do ensino secundário
profissional e a atribuição progressiva de manuais escolares gratuitos no
ensino básico e secundário. Um Governo que inverte democraticamente o ataque à
segurança social, à facilitação dos falsos recibos verdes, que põe fim à
inércia perante os desencorajados.
Perante
as críticas da comissão europeia – nomeadamente quanto ao aumento do salário
mínimo - temos finalmente um primeiro-ministro que levanta a voz e que não faz
de criado, afirmando claramente que recusa um modelo de país baseado em baixos
salários e que a batalha pela igualdade continua.
Temos
finalmente um primeiro-ministro que diz isto: “a batalha pela igualdade é
permanente, já a travámos antes do 25 de Abril de 1974 e temos de continuar a
travá-la. Quando vemos alguns cá dentro ou na Europa a dizerem que em Portugal
nós não nos desenvolveremos aumentando o salário mínimo nacional, porque
estamos condenados a viver num país de baixos salários e de pobreza, temos de
dizer que não aceitamos".
Perante
este Portugal defendido, temos uma direita comunitária no sentido hipócrita da
palavra: uma direita que se desdobra em alta voz a exigir um “plano B”, cheia
de esperança que ele exista, a roer as unhas para que a execução de um OE que
devolve dignidade às pessoas seja substituída pela exigência de austeridade.
Perante
este Portugal finalmente defendido sem meias palavras, a direita ao fazer tudo
para que a defesa do Estado social nas suas várias vertentes caia em nome do
tal “Plano B”, mais uma vez denuncia a sua servidão a Bruxelas, num
“internacionalismo europeu” mesquinho, indiferente à consequência de isso mesmo
ser uma adesão ao ataque à recuperação da dignidade de quem trabalha
continuando pobre.
Patriota,
diz de si a direita.
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