O
ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou num
depoimento à Justiça brasileira que a compra de blocos de petróleo em Angola
gerou desvios equivalentes a cerca de 10 milhões de euros dos cofres da
petrolífera brasileira.
As
informações foram divulgadas hoje pelo jornal O Globo, que explica ter tido
acesso ao conteúdo dos depoimentos dados por Cerveró ao Ministério Público numa
delação premiada (acordo de cooperação com Justiça em troca de redução da
pena).
Segundo
o delator, os crimes na gestão da área internacional da estatal, que gerencia
os negócios da Petrobras no exterior, foram responsáveis por um prejuízo de
mais de 500 milhões de reais (125 milhões de euros) à empresa desde 2002.
No
caso do negócio realizado entre a Petrobras e a Sonangol, empresa estatal de
petróleo de Angola, os desvios de mais de 40 milhões de reais (teriam sido
usados para pagar a campanha de reeleição presidencial de Luiz Inácio Lula da
Silva, em 2006.
O
ex-diretor da Petrobras alegou que obteve essa informação de Manoel Vicente,
presidente da Sonangol. As negociações do lado brasileiro teriam sido
conduzidas pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
O
esquema que teria sido responsável pelo maior desvio de dinheiro na área
internacional da Petrobras, porém, foi a aquisição da empresa petrolífera
argentina Pérez Companc.
Cerveró
contou que a aquisição rendeu cerca de 100 milhões de dólares (88 milhões de
euros) em subornos pagos aos integrantes do Governo do ex-Presidente Fernando
Henrique Cardoso no ano de 2002.
Ao
todo, o delator citou onze políticos brasileiros como beneficiários diretos dos
desvios, sendo os mais proeminentes o ex-Presidente Lula da Silva, o presidente
do Senado (Câmara alta parlamentar) Renan Calheiros, o presidente afastado da
Câmara dos Deputados (câmara baixa) Eduardo Cunha, o ex-senador Delcídio do
Amaral e o ex-Presidente Fernando Collor de Mello.
Procurados
pelo jornal, os políticos nomeados pelo delator negaram ter qualquer ligação
com os desvios de dinheiro investigados pela operação Lava Jato na Petrobras.
CYR
// APN - Lusa
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