Mário Motta, Lisboa
De
ontem há a referência no PG ao cambalacho da CNE em S. Tomé e Príncipe (ver
post a seguir). Claro que os das lavagens dos cambalachos chamam enganos
involuntários a estas “coisas”. Só podem, salafrários que são. De cambalacho em
cambalacho os que têm sucesso tomam por sua a ascenção na boa vida. Depois é vê-los,
de papo cheio e contas bancárias recheadas. Por vezes tão recheadas que
recorrem aos chamados paraísos fiscais que são aqueles ao mesmo estilo dos criminosos receptadores dos vulgares ladrões.
Os
cambalhachos são tramóias, vigarices, praticadas por Chicos Espertos que,
dependendo dos resultados positivos lhes ganham o gosto e até se viciam nisso,
nas vidas fáceis que lhes proporcionam vantagens de vários tipos.
Se
ontem aqui foi abordado o cambalacho nas eleições de S. Tomé, hoje vem a propósito
um cambalacho português, entre milhentos. A “vedeta” é Miguel Relvas, que queria e quer ser
doutor (que não da Mula Ruça) à viva força, sem dar de bandeja o seu vício nos
cambalachos. Só por isso, pela sua luta em defesa do direito dos cambalachos
para alguns “notáveis” como ele, o PR Marcelo devia condecorar o calambacheiro
Relvas.
Conversa
feita, para situar e por aqui se poder desopilar um pouquinho, vem a propósito
lauda do Público assinada por Ana Henriques. É que Miguel Relvas não é doutor,
não se licenciou (estou farto de perguntar sem que me esclareçam: o meu cão tem
licença, também é doutor? Doutor não é quem concretiza o doutoramento? Então porque existem tantos doutores sem o serem?) E então o
que fazer às imensas placas de inaugurações de Relvas em que indevidamente o
calambacheiro é definido por doutor? Como repor a correção, a verdade, a
honestidade no assinalar do ato de inaugurar?
É
essa a abordagem no Público. A quem compete apagar o “doutor” usurpado por
Relvas? Ao Estado? Às instituições que nas suas instalações têm por lá a placa
inaugurativa que refere a vigarice?
Decidam-se,
mas apaguem o cambalacho que consta. Há realmente doutores que são uns grandes
vigaristas, mas não é o caso de Relvas, que é somente vigarista. (MM / PG)
Significado
de cambalacho: Plano com intenção de enganar alguém; tramóia, conluio;
Transação fraudulenta; negociata, trapaça… (imagem em baixo com dois exemplos
que referem a "obra" de Relvas)
Que
fazer às placas do tempo em que Relvas era doutor?
Ana
Henriques - Público
Blogue
Má Despesa Pública lança campanha para que título académico de ex-ministro seja
apagado. Ex-ministro vai recorrer de sentença que lhe tirou licenciatura.
O
blogue Má Despesa Pública lançou uma campanha destinada a corrigir as
placas de inaugurações feitas um pouco por todo o país pelo ex-ministro Miguel
Relvas que o apelidam de “doutor”. O antigo governante do PSD perdeu a
licenciatura que lhe tinha sido dada pela Universidade Lusófona no final do mês
passado, por decisão de um tribunal, quatro anos depois de se ter descoberto
que tinha feito uma das disciplinas do curso apenas com base na discussão oral
de sete artigos da sua autoria, publicados em jornais, e sem mais nenhum exame.
“Algo
que tape o ‘dr.’ basta, de forma a que seja reposta a verdade”, dizem os
autores do blogue, que não querem fomentar aquilo que eles próprios criticam
com veemência: os gastos públicos injustificados. Entre pavilhões desportivos,
câmaras municipais e lares de idosos, por exemplo, é extensa a lista de
edifícios públicos agraciados com placas de todos os tipos a atestar a
qualidade académica do inaugurador. Algumas delas antecipam até a licenciatura
em vários anos, uma vez que foram descerradas anos antes de Relvas terminar os
estudos na Lusófona, o que só sucedeu em 2007 . Em Lagoa há uma placa nos Paços
do Concelho a recordar que “sua excelência o secretário de Estado da
Administração Local, dr. Miguel Relvas” por ali passou em 2004. O mesmo sucede
na sede da Junta de Freguesia de Antas, em Esposende, inaugurada em 2003.
“A
nossa placa foi feita com letras chumbadas. Não tenho forma de a rectificar a
não ser enviando-a novamente para a fábrica – e isso, sim, seria má despesa
pública. Só o faríamos se um tribunal o ordenasse”, reage a presidente da Câmara
de Alvaiázere, Célia Marques, eleita pelo PSD. Aqui, o ministro teve a honra de
descerrar a placa de um pavilhão desportivo em 2012.
Um
dos autores do Má Despesa Pública, Rui Oliveira Marques, não acredita que
a maioria das entidades que o blogue irá contactar venha a responder-lhe de
forma positiva, por forma a “reporem a verdade” e a “higienizarem o
espaço público”. Mas isso não o demove. De resto, explica, a ideia partiu de um
leitor do Má Despesa Pública, que lhes chamou a atenção para a quantidade
de placas alusivas a Relvas existentes no distrito de Santarém, região à qual o
antigo governante tem fortes ligações.
O
centro escolar Luís Ribeiro Pereira, em Ferreira do Zêzere, também tem uma
destas placas, descerrada em 2012. O acrílico que a reveste estalou e já teve
de ser substituído, conta a sua coordenadora, Maria da Luz Martins, que não
percebe por que motivo os títulos académicos constam quase sempre deste tipo de
distinções solenes. Corrigir ou não o que se tornou há menos de um mês um erro
depende da autarquia, salienta a educadora, que observa ainda que “haverá
muitos casos idênticos” país fora. O Provedor da Santa Casa da Misericórdia de
Mação é dos que vai esperar para ver antes de decidir se faz alguma coisa à
recordação da ida do "Dr." Relvas ao novo lar da terra: “Teremos de
nos inteirar do assunto para ver se tomaremos ou não alguma decisão”.
Em
Antas, o presidente da junta, Viana da Cruz, não se mostra preocupado, embora
admita que tem sentido rectificar o que deixou de ser verdade: “Tenho coisas
mais importantes em que pensar”. Miguel Relvas vai recorrer da decisão do
tribunal que lhe tirou a licenciatura.
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