Domingos
Simões Pereira, líder do PAIGC, partido vencedor das últimas eleições
legislativas na Guiné-Bissau, acusou hoje o Supremo Tribunal de Justiça (STJ)
do país de ter traído a democracia ao tomar decisões contraditórias sobre a
nomeação do primeiro-ministro.
Em
conferência de imprensa, Simões Pereira reagiu ao acórdão do STJ que considerou
constitucional o decreto do Presidente da República, José Mário Vaz, que em
maio nomeou Baciro Djá como primeiro-ministro - seguindo-se em junho a nomeação
do Governo.
"Como
pode o mesmo tribunal, que há cerca de um ano foi tão contundente e pedagógico
na sua deliberação, voltar atrás e desta feita seguir outro caminho, ignorar e
até ridicularizar uma sua deliberação anterior", questionou o líder do
PAIGC.
Domingos
Simões Pereira considerou ainda que todos os políticos e cidadãos devem
respeitar as decisões judiciais, quaisquer que sejam, pelo que o seu partido
também irá aceitar o veredicto do STJ, mas alerta para a contradição assumida
pelos juízes na apreciação do mesmo assunto, com os mesmos personagens.
O
dirigente do PAIGC referia-se ao acórdão assumido pelo Supremo Tribunal
guineense em agosto de 2015 que dizia ser inconstitucional na forma e na
matéria a nomeação de Baciro Djá para primeiro-ministro.
"Se
um acórdão não anula outro, eu penso que era de justiça que a própria câmara
tomasse a providência de esclarecer como é que espera que as entidades
respeitem essas duas postulações", observou Simões Pereira.
O
líder do PAIGC afirmou que toda a interpretação feita pelos juízes para
fundamentar o acórdão tornado público na sexta-feira "trai a democracia
por se ancorar em tudo menos direito e justiça".
"Cada
parágrafo deste acórdão dá para suspirar e bradar aos céus com a qualidade de
montagens e distorções da realidade", que encerra, defendeu Domingos
Simões Pereira, anunciando que o partido tomará ao nível do Parlamento.
MB
// SMA - Lusa
O
Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, considerou hoje
"importante" a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) do país
ao definir como constitucional a nomeação do novo primeiro-ministro e o seu
Governo.
Fazendo
uso das competências de Tribunal Constitucional, que a Guiné-Bissau não tem, os
juízes do STJ defenderam ser constitucional o procedimento adotado por José
Mário Vaz, em maio, ao nomear Baciro Djá como primeiro-ministro.
Djá
lidera um Governo a ser sustentado no Parlamento pelo segundo partido mais
votado nas últimas eleições legislativas.
O
PAIGC, partido vencedor das eleições realizadas em 2014, tinha solicitado ao
Supremo que declarasse a inconstitucionalidade da decisão do chefe de Estado,
alegando ter o direito legal de formar Governo.
Em
curtas declarações no aeroporto de Bissau, antes de viajar para o Ruanda, onde
vai tomar parte hoje e no domingo na cimeira de líderes da União Africana (UA),
José Mário Vaz considerou importante o pronunciamento do STJ, mas também
defendeu ser decisivo unir os guineenses.
"É
importante, de facto, a decisão do Supremo Tribunal de Justiça, como um órgão
de soberania (...), mas o mais importante hoje na Guiné-Bissau é unir o país,
unir os guineenses, para que haja solidariedade entre nós", referiu.
O
chefe de Estado falou numa necessidade de "entendimento entre diferentes
órgãos de soberania" para que o país "ganhe realmente uma nova
dinâmica rumo ao desenvolvimento".
Para
o Presidente guineense, o importante para o país é o trabalho.
"Todos
somos poucos para o desafio que temos pela frente: temos que nos unir para
retirar o nosso país da situação difícil em que se encontra", acrescentou
Vaz que disse preferir o trabalho a falar.
"Quem
fala muito não tem tempo para trabalhar e quem trabalha não fala muito",
defendeu o líder guineense, que vai aproveitar a cimeira em Kigali para
explicar aos seus homólogos africanos o que se passa no país.
A
situação política na Guiné-Bissau será um dos temas a debater na cimeira da UA,
adiantou José Mário Vaz.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros guineense, Soares Sambu, já se encontra no
Ruanda, tendo tomado parte das reuniões preparatórias da cimeira que, entre
outros assuntos, vai debruçar-se sobre as estratégias para o combate ao
HIV/SIDA no continente africano.
MB
// SMA - Lusa
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