sexta-feira, 22 de julho de 2016

Mediadores dizem que negociações de paz em Moçambique decorrem em clima favorável



A equipa de mediadores internacionais das negociações de paz em Moçambique considerou hoje que as discussões entre o Governo e a Renamo, principal partido de oposição, estão a decorrer num clima de entendimento favorável.

"A discussão está a continuar num clima que é de entendimento favorável. Como mediadores vamos continuar a criar as melhores condições para a melhor solução", disse, em conferência de imprensa, o representante da equipa de mediação, o italiano Mário Raffaelli.

Segundo Raffaelli, indicado pela União Europeia, os mediadores apresentaram propostas ao Governo e à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em relação à exigência do principal partido de oposição de governar nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, que constitui o ponto em discussão agora, tendo as duas partes pedido a interrupção da sessão de hoje para consultas às suas lideranças.

"Como mediadores, levantámos sugestões, que agora as duas delegações vão examinar. A Renamo tem de fazer consultas, o Governo o mesmo", afirmou o representante dos mediadores.

Mário Raffaelli acrescentou que Governo e Renamo voltarão a reunir-se no próximo sábado, para o prosseguimento das negociações.

Apesar de as conversações terem sido retomadas na quinta-feira com a presença dos mediadores internacionais, as duas partes não cessam de fazer acusações sobre ataques armados e assassínios no centro do país.

A Renamo denunciou hoje bombardeamentos na serra da Gorongosa, centro de Moçambique, onde se presume encontrar-se o líder do partido, Afonso Dhlakama, no dia em que as autoridades moçambicanas responsabilizaram homens armados da oposição pelo assassínio de um régulo.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu na quinta-feira a cessação imediata dos confrontos militares.

"O que os moçambicanos querem é a cessação imediata da matança e destruição de bens", afirmou Nyusi, falando num comício no distrito de Mopeia, província da Zambézia, centro do país.

Numa entrevista concedida hoje ao semanário Savana, Afonso Dhlakama afastou um cessar-fogo imediato e disse que a questão só se colocará no fim das negociações entre as partes.

"Se nós cessarmos fogo, significa que a guerra terminou. Mas como ainda não chegámos a um acordo, não nos reconciliámos, não nos entendemos, significa que, meses depois, voltaríamos ao conflito e estaríamos a dececionar o povo", afirmou.

O Governo moçambicano e a Renamo iniciaram em Maputo na quinta-feira a discussão da exigência do principal partido de oposição de assumir a governação das seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

A agenda integra ainda a cessação imediata dos confrontos entre as partes, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo na polícia e nos serviços de informação, e o desarmamento do braço armado da Renamo e sua reintegração na vida civil.

O principal partido de oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio.

PMA // EL - Lusa

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