A
equipa de mediadores internacionais das negociações de paz em Moçambique
considerou hoje que as discussões entre o Governo e a Renamo, principal partido
de oposição, estão a decorrer num clima de entendimento favorável.
"A
discussão está a continuar num clima que é de entendimento favorável. Como
mediadores vamos continuar a criar as melhores condições para a melhor
solução", disse, em conferência de imprensa, o representante da equipa de
mediação, o italiano Mário Raffaelli.
Segundo
Raffaelli, indicado pela União Europeia, os mediadores apresentaram propostas
ao Governo e à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em relação à exigência
do principal partido de oposição de governar nas seis províncias onde
reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, que constitui o ponto em
discussão agora, tendo as duas partes pedido a interrupção da sessão de hoje
para consultas às suas lideranças.
"Como
mediadores, levantámos sugestões, que agora as duas delegações vão examinar. A
Renamo tem de fazer consultas, o Governo o mesmo", afirmou o representante
dos mediadores.
Mário
Raffaelli acrescentou que Governo e Renamo voltarão a reunir-se no próximo
sábado, para o prosseguimento das negociações.
Apesar
de as conversações terem sido retomadas na quinta-feira com a presença dos
mediadores internacionais, as duas partes não cessam de fazer acusações sobre
ataques armados e assassínios no centro do país.
A
Renamo denunciou hoje bombardeamentos na serra da Gorongosa, centro de
Moçambique, onde se presume encontrar-se o líder do partido, Afonso Dhlakama,
no dia em que as autoridades moçambicanas responsabilizaram homens armados da
oposição pelo assassínio de um régulo.
O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu na quinta-feira a cessação
imediata dos confrontos militares.
"O
que os moçambicanos querem é a cessação imediata da matança e destruição de
bens", afirmou Nyusi, falando num comício no distrito de Mopeia, província
da Zambézia, centro do país.
Numa
entrevista concedida hoje ao semanário Savana, Afonso Dhlakama afastou um
cessar-fogo imediato e disse que a questão só se colocará no fim das
negociações entre as partes.
"Se
nós cessarmos fogo, significa que a guerra terminou. Mas como ainda não
chegámos a um acordo, não nos reconciliámos, não nos entendemos, significa que,
meses depois, voltaríamos ao conflito e estaríamos a dececionar o povo",
afirmou.
O
Governo moçambicano e a Renamo iniciaram em Maputo na quinta-feira a discussão
da exigência do principal partido de oposição de assumir a governação das seis
províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
A
agenda integra ainda a cessação imediata dos confrontos entre as partes, a
despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo na polícia e nos serviços
de informação, e o desarmamento do braço armado da Renamo e sua reintegração na
vida civil.
O
principal partido de oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições
gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória
no escrutínio.
PMA
// EL - Lusa
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