Está
cada vez mais difícil desbloquear o impasse político em Espanha. Apesar de ter
aceitado as condições de Rivera, Rajoy parece estar convencido de que falhará a
sua investidura. Já Pablo Iglesias anunciou que tem conversado com Sánchez
sobre a possibilidade de um governo das esquerdas.
Não
ata nem desata. O emaranhado político em Espanha parece cada vez mais longe de
estar resolvido. Isto apesar de no encontro a dois realizado esta
quinta-feira, 18 de Agosto, Mariano Rajoy, líder do PP e primeiro-ministro em
exercício, ter comunicado ao presidente do Cidadãos que os populares aceitam as seis condições apresentadas por Albert Rivera para votar a
favor da investidura do ainda chefe de Governo.
"Hoje
demos um passo decisivo para o objectivo de formar governo e de não se
repetirem eleições", anunciou Rajoy aos jornalistas depois do encontro com
o líder do Cidadãos. O presidente conservador confirmou que "amanhã
iniciaremos negociações" sectoriais por forma a enquadrar as condições
exigidas por Rivera.
Outra
novidade deixada por Mariano Rajoy, e que decorre da condição prévia
estabelecida por Rivera, passa pela garantia de que o líder do PP vai mesmo
apresentar-se à sessão de investidura, algo que até aqui não dava como
garantido pese embora ter aceitado a incumbência atribuída pelo rei Felipe VI
de tentar formar governo.
A
data não foi, porém, anunciada, com Rajoy a explicar que primeiro terá de falar
com Ana Pastor, presidente do Congresso espanhol (equivalente à Assembleia da
República), para lhe dizer que "estou à disposição de acudir à sessão de
investidura quando ela considerar oportuno". A Constituição estabelece que
é o líder do Congresso quem tem de agendar o debate de investidura.
Contudo, em Espanha a imprensa adianta que Rajoy está fortemente convencido de que não conseguirá ser investido primeiro-ministro, encarando já o cenário de novas eleições, as terceiras em menos de um ano. Esta quinta-feira, o jornal El Mundo garante que, após uma semana de reflexão na Galiza, Rajoy está convicto de que a sua investidura sairá fracassada.
É
que sabendo que os 32 deputados do Cidadãos não bastam para garantir a sua
investidura, Mariano Rajoy tinha a esperança de que conseguiria levar Pedro
Sánchez, secretário-geral do PSOE, a abandonar a sua reiterada rejeição a um
Executivo popular e, ainda ontem, o primeiro-ministro espanhol dizia que
tentaria voltar a conversar com o líder socialista dado que "para formar governo requerem-se duas condições, o apoio
do Cidadãos (…) e o do PSOE".
Rajoy
referiu que procurará também um entendimento com o deputado da Coligação Canária,
mas reconheceu que os 170 deputados (PP, Cidadãos e Coligação Canária)
"não são suficientes", pelo que insistiu que voltará a tentar
garantir o apoio de Pedro Sánchez. Se o não conseguir, "teríamos de ir a
eleições", avisa Rajoy ñotando que tal possibilidade significará que
"uns, os que bloqueiam, teriam muito mais culpa do que os outros, que
querem negociar".
O
presidente do PP pretendia assegurar o apoio dos socialistas antes de falar com
Ana Pastor sobre o agendamento da sessão de investidura, mas a exigência do
Cidadãos para que a mesma fosse marcada levou Rajoy a ceder. Questionado por
uma jornalista sobre o que o levou a mudar de ideias, Rajoy limitou-se a
perguntar: "Que quer que faça?".
Esta
resposta deixa subentendido que Rajoy sente estar de mãos atadas, por sua vez
com o futuro nas mãos de Sánchez. Também Albert Rivera atirou a
responsabilidade pela manutenção do bloqueio institucional para as costas de
Sánchez, sustentando que cabe ao PSOE "tornar possível a
governabilidade".
Esta quinta-feira o conservador ABC escreve que Rajoy telefonou duas vezes a Sánchez, na terça e quarta-feira passadas, para tentar marcar um encontro para desbloquear o actual impasse. Todavia, a resposta de Sánchez voltou a ser um rotundo "não". Esta atitude foi ontem reforçada depois de a Comissão Permanente do PSOE, convocada por Sánchez, ter reafirmado o veto a qualquer solução governativa protagonizada por Rajoy.
Esta quinta-feira o conservador ABC escreve que Rajoy telefonou duas vezes a Sánchez, na terça e quarta-feira passadas, para tentar marcar um encontro para desbloquear o actual impasse. Todavia, a resposta de Sánchez voltou a ser um rotundo "não". Esta atitude foi ontem reforçada depois de a Comissão Permanente do PSOE, convocada por Sánchez, ter reafirmado o veto a qualquer solução governativa protagonizada por Rajoy.
Ao
contrário do sucedido em Fevereiro passado, quando Rajoy aceitou reunir-se com
Sánchez para discutir um eventual apoio à investidura do então candidato a
primeiro-ministro, incumbido pelo rei Felipe VI depois da rejeição de
Mariano Rajoy justificada pelo líder popular com a falta de apoios, o
líder socialista recusa agora reunir-se com o presidente do PP.
Iglesias
reabre porta de governo das esquerdas
Parecia
definitivamente fechada, mas Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos,
reabriu hoje a de manhã a possibilidade de um governo das esquerdas entre PSOE
e aquela força de extrema-esquerda.
Depois
de mais de duas semanas ausente dos holofotes, Iglesias reapareceu em cena
dizendo hoje no Congresso que concorda com Sánchez sobre a necessidade de
esperar pelo debate de investidura de Rajoy. E se este "fracassar",
Iglesias afiança estar de acordo com Sánchez sobre perante tal cenário a
necessidade de "dialogar" acerca da formação de um "governo
progressista".
No entanto, também o número de deputados do PSOE e do Unidos Podemos (coligação entre Podemos e Esquerda Unida que concorreu às eleições de 26 de Junho) não é suficiente para assegurar a investidura de um candidato, presumivelmente Pedro Sánchez. O governo das esquerdas foi uma possibilidade colocada de parte depois das eleições gerais de 20 de Dezembro, porque também então a concretização de um eventual pacto entre PSOE e Podemos exigia o apoio dos partidos nacionalistas representados no Congresso, hipótese desde logo colocada de parte pela direcção socialista.
No entanto, também o número de deputados do PSOE e do Unidos Podemos (coligação entre Podemos e Esquerda Unida que concorreu às eleições de 26 de Junho) não é suficiente para assegurar a investidura de um candidato, presumivelmente Pedro Sánchez. O governo das esquerdas foi uma possibilidade colocada de parte depois das eleições gerais de 20 de Dezembro, porque também então a concretização de um eventual pacto entre PSOE e Podemos exigia o apoio dos partidos nacionalistas representados no Congresso, hipótese desde logo colocada de parte pela direcção socialista.
David
Santiago – Jornal de Negócios
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