O
PCP lamentou hoje que o BCE tenha voltado a decidir sobre matérias relevantes
para o país como a nomeação do Conselho de Administração da CGD, mas reiterou
as críticas ao processo de nomeação dos administradores do banco público.
"Com
esta decisão do BCE [Banco Central Europeu] se confirma mais uma vez que são as
estruturas supranacionais que decidem sobre matérias relevantes para o país,
neste caso sobre uma matéria que tem a ver com o setor bancário e com o
principal banco nacional e ainda por cima o banco público", disse Jorge
Pires, na comissão política do PCP, numa conferência de imprensa na sede do
partido, em Lisboa.
O
Banco Central Europeu (BCE) aprovou os 11 nomes propostos pelo Governo para o
Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos, mas rejeitou outros oito
por excederem o limite de cargos em órgãos sociais de outras sociedades.
Ressalvando
que esta observação não representa o apoio dos comunistas ao processo de
nomeação e escolha dos administradores para a CGD, Jorge Pires recordou que já
em junho o PCP caracterizou esse processo como "intolerável", na
medida em que corresponde "no essencial à reposição do bloco central de
interesses, com figuras oriundas ora do PS, ora do PSD e do CDS".
"Na
altura considerámos igualmente intolerável a decisão de elevar mais as
remunerações milionárias para os seus titulares que o PCP sempre
combateu", acrescentou.
Jorge
Pires sublinhou ainda que, neste momento, o importante é definir um plano
estratégico para o banco público, que o prepare para "as missões para o
qual foi criado", nomeadamente o apoio ao crédito a micro, pequenas e
médias empresas e às famílias.
Além
disso, continuou, é importante que para a administração do banco sejam
escolhidas pessoas que estejam em condições de concretizar esse plano
estratégico, "pessoas identificadas com o interesse nacional, com o
interesse público" e não identificadas com a experiência do setor privado.
"A
banca privada tem uma lógica de funcionamento que se caracteriza pela
utilização do dinheiros dos depositantes para o investimento na especulação
financeira, no crédito concedido aos amigos, às empresas dos acionistas desse
banco e não é esta a estratégia que defendemos para a CGD", frisou.
Questionado
sobre o anúncio do Governo de que vai alterar a lei bancária para recuperar
"alguns" dos oito nomes rejeitados pelo Banco Central Europeu para a
administração da Caixa Geral de Depósitos, Jorge Pires disse que o PCP não se
pronuncia sobre uma proposta que "não existe".
De
qualquer forma, acrescentou, se a proposta for no sentido de facilitar a
integração de pessoas na gestão do banco público que depois fiquem associadas a
um conjunto de outras empresas do setor privado "com interesses
completamente diferentes daqueles que são os interesses do banco público",
o PCP certamente não estará de acordo.
Quanto
ao número de pessoas que integram o Conselho de Administração da Caixa Geral de
Depósitos, Jorge Pires vincou que "o problema está nas pessoas no
concreto".
"Mais
do que discutirmos a estrutura, o número - que pode ser mais ou menos exagerado
-, dependerá muito daquilo que se pretender fazer com a Caixa no futuro - mais
do que isso interessa ver quem são as pessoas e se existe um plano que devolva
as condições para a CGD funcione de acordo com as missões para a qual ela foi
criada", afirmou.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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