Martinho Júnior, Luanda
1
– O relativo desastre que está a constituir a campanha eleitoral do Republicano
Donald Trump leva a supor que a candidata Democrata Hillary Clinton terá
vantagens apreciáveis no acesso à Casa Branca.
Para
África é doloroso constatar que, tendo sido Hillary Clinton uma das principais
entidades impulsionadoras da agressão à Líbia em 2011, enquanto membro da
Administração Obama, é ela que está melhor posicionada no pleito eleitoral
norte-americano!
África
refletirá o carácter desse contencioso, uma vez que a hegemonia unipolar tem
exercido as suas capacidades tirando partido das imensas vulnerabilidades
africanas, face ao jogo dos carteis de minerais e das multinacionais afins
particularmente desde o final da IIª Guerra Mundial, até por que os
contenciosos da descolonização sofreram e sofrem (não esquecer o caso do Sahara
submetido a Marrocos) com os imperativos da construção do seu modelo
exclusivista e imperativo de globalização.
O
clã Clinton teve sangrentas implicações geo estratégias no exercício da
administração de Bill Clinton, na área decisiva para África, sob o ponto de
vista geo estratégico: a Região dos Grandes Lagos.
De
facto os Democratas foram decisivos para a atividade de seus homens de mão na
região e, nesse quadro, pela projeção (entre outros) de Paul Kagame,
influenciando por dentro em episódios e cenários que vão desde o holocausto no
Ruanda, até às guerras crónicas que têm devassado sobretudo os Kivus, na
República Democrática do Congo, incidindo precisamente na região circundante ao
curso inicial do rio Congo, onde as disputas humanas envolvendo migrações, têm
sido mais acérrimas.
O “lobby” dos
minerais, quiçá mais elitista e versátil que o do petróleo e do armamento que
sustentam o Partido Republicano e com mais comprovada cultura de inteligência
em relação a ele, sempre teve geo estratégias económicas dominantes e elitistas
em África desde os tempos de Cecil John Rhodes (“British South Africa
Company”, a gestação da União Sul Africana, o incremento de implantação de
explorações mineiras, caminhos de ferro e portos…), bem por dentro do
continente e bem por dentro do seu miolo produtivo, tirando proveito da água
interior e das riquezas humanas, ambientais e minerais dessas paragens desde
então abertas aos poderes coloniais mais poderosos, por via de Livingstone ou
de Stanley…
Os
clãs Rockefeller e Rothschield têm muito a ver com isso, pois desde a revolução
industrial sorveram os principais interesses em toda a imensa região da África
Austral e Central, de certo modo tal qual o fizeram durante o período de
expansão para oeste nos Estados Unidos!
Por
isso ganhando os Democratas as eleições, vão haver reflexos no miolo do
continente africano (tal como antes no exercício de Bill Clinton), não só
por que agora pela manipulada contradição o terrorismo necessita de acessos à
água interior para sobreviver e ao mesmo tempo expandir-se (tirando partido dos
cursos hidrográficos do Níger e do Nilo, assim como do Lago Chade, salvo na
Somália por causa da proximidade com a península Arábica), mas também por que
as multinacionais que exploram minérios o fazem na esmagadora maioria dos casos
bem dentro do espaço continental no sul e no centro do continente (Zimbabwe,
Zâmbia e República Democrática do Congo), em processos sobretudo implantados
durante o colonialismo e o “apartheid”.
Para
fazer face à disseminação do terrorismo que vai permitir a utilização do
músculo militar em operações de “baixa intensidade”, o USAFRICOM e os
vassalos da NATO (potências tradicionais em África, como a França) contarão com
as vantagens da influência já criada no interior, como por exemplo na África do
Oeste, no Sahel e em países dos Grandes Lagos como o Uganda e o Ruanda, neste
caso tendo os Kivus como alvo, aproveitando as disputas no acesso humano à
nevrálgica bacia hidrográfica do Congo.
Na
RDC vastas regiões correspondem economicamente muito mais aos estímulos
provenientes de Entebe, ou de Kigali, do que de Kinshasa, apesar de Kisangani
ser um polo importante aparentemente “híbrido” no leste do Congo,
coroando o trajeto inicial sul-norte do poderoso rio.
Essa
atração poderá dar seguimento às políticas de terapia neoliberal que se vão
seguindo ao choque que aconteceu sobretudo no Ruanda (com o holocausto) e nos
Kivus, influenciando numa paz formatada aos interesses da aristocracia
financeira mundial, tendo em conta o que Hillary Clinton representa.
Algo
similar irá acontecer a Angola, mas de forma aparentemente mais “suave”,
segundo os padrões criados pelos impactos da terapia neoliberal: é o cartel dos
diamantes que impulsiona o plano comum de aproveitamento do Cubango (Okawango)
e do curso intermédio do Zambeze, (entre Botswana, Namíbia, Zimbabwe, Zâmbia e
Angola) pelo que os Parques de Paz Nacionais e Transfronteiriços estão a
assistir já a investimentos que correspondem aos interesses elitistas dos Democratas
norte-americanos que utilizam a África do Sul como “base impulsionadora e
de retaguarda” próxima, (que também é dominante no Índico Sul, no
Atlântico Sul e num nicho de iniciativas na Antártida)…
De
facto esgotando-se os recursos minerais na África do Sul (cada vez o ouro, a
platina e os diamantes estão a ser explorados a maior profundidade, o que
aumenta os custos), o cartel e as multinacionais procuram os países mais a
norte a fim de operarem com mais incentivos financeiros, o que transformou o
Botswana na plataforma mais promissora para os novos kimberlites e outras minas
a céu aberto, garantindo a expansão na direção do Cuando Cubango.
O
sul de Angola com este tipo de enquadramentos, sob o ponto de vista económico e
financeiro, corresponderá muito mais a Windhoek, a Gaberone e a Pretória, em
muitos sectores de atividade, do que a Luanda, mas tudo isso num quadro
eminente de terapia neoliberal, explorando as potencialidades e as
possibilidades da SADC!
2
– Se Hillary Clinton for eleita, o sudeste de Angola assistirá na menos má das
hipóteses a um incremento de investimentos elitistas seguindo a trilha da
terapia neoliberal, tendo em conta as tradicionais ligações dos Clinton
(cobrindo os clãs Rockefeler e Rothschield) aos interesses do cartel do ouro,
dos diamantes e da platina, especialmente na África do Sul, mas sempre com
particular atenção a uma geo estratégia sensível às questões físico-geográficas
e humanas relativas à agua interior do continente.
Se
isso pode garantir a atração de interesses para uma Angola sedenta de
desenvolvimento sustentável, é também isso que continua a eclipsar a urgente
necessidade de implementar um plano geoestratégico de muito longo prazo,
gizado a partir do conhecimento e controlo pelo estado angolano da Região
Central das Grandes Nascentes, de modo a antecipar e prevenir a avidez de
alguns “privados” dentro e fora do país, que a todo o custo indiciam
querer apossar-se das áreas onde estão as nascentes dos principais rios
angolanos que lhes podem propiciar imenso lucro e até poder de intervenção
discreta e a prazo dilatado!
Há
mais áreas, bem no centro geográfico de Angola, onde se poderão instalar novas
Reservas e Parques Nacionais, em torno e integrando essas nascentes, algo que o
estado angolano deveria estar já a preparar por aquelas mesmas razões geo
estratégicas, culturais e ambientais que acima apontei, mas também por que a
inteligência nacional investigativa sobre o próprio território precisa urgentemente
de ser incrementada, tirando partido da panóplia de polos universitários já
instalados!
3
– A continuidade do poder adstrito às influências dos Democratas na África
Austral e Central, que com sua inteligência elitista reforça os dispositivos no
terreno da hegemonia unipolar, pode levar a evoluções do carácter do poder
nacional em toda a metade africana a sul do Sahara, ainda que a terapia do
capitalismo neoliberal possa não vir a passar por processos mais radicalizados,
típicos das “Revoluções Coloridas”, ou das “Primaveras Árabes”.
Na
África do Sul o ANC, que tem sido aliás filtrado pelo “lobby” dos
minerais desde logo com Nelson Mandela, comprovadamente não está a satisfazer
na sua plenitude esses interesses, também por causa da relativa integração nos
BRICS, pelo que tal como no Brasil poderão haver alterações mais dramáticas no
carácter do poder num processo que irá influenciar por seu turno as duas
regiões e cada um dos seus componentes nacionais (é só constatar os últimos
resultados que identificam o ANC em perda).
Em
Luanda sentir-se-á uma maior ambiguidade sócio-política norte-americana na
medida que, com a manutenção dos Democratas no poder nos Estados Unidos, novos
investimentos em áreas como da prospeção e exploração do petróleo, indústria
mineira, instituições ligadas ao ambiente, ao turismo e à diversificação
económica (inclusive explorando a água interior de Angola) resultarão mais “abertas”,
correspondendo aos interesses e conveniências da aristocracia financeira
mundial que tutela a hegemonia unipolar, em concorrência com os interesses das
emergências multipolares.
Esse
esforço angariado pelos Democratas na direção de Angola, pode também continuar
a atrair investimentos de países arábicos aliados dos Estados Unidos, na
sequência de alguns já existentes, até por que incentivos e conexões arábicas
não faltam à família Clinton…
Influenciará
também por tabela nas próximas eleições angolanas, uma vez que os Democratas
conseguem instrumentalizar e manipular com mais ênfase as suas conexões
sócio-políticas, económicas e financeiras, por e para dentro da sociedade
angolana, procurando criar mais possibilidades à alternância que favorece o
jogo dos seus interesses e inibindo qualquer tipo de alternativas!
Perante
uma incrementada e diversificada panóplia de desafios da hegemonia unipolar que
em Angola se tem vindo a assistir, a inteligência angolana necessita de ser
reforçada no sentido patriótico das questões geo estratégicas, sob pena do país
ir ainda mais a reboque dos impactos da terapia neoliberal em prejuízo de sua
própria afirmação e identidade!
5
fotos que falam por si: Hillary
Clinton enrolada pelos grandes falcões?!
A
consultar:
-
Projecto de Hillary – http://www.odiario.info/projeto-de-hillary-a-rainha-da/
-
How the Rockefellers created Clinton – http://www.fourwinds10.net/siterun_data/government/new_world_order/news.php?q=1201230200
- We
Searched Hillary’s Emails & Her Relationship With Rothschild/Rockefeller is
Now on Full Display –http://thefreethoughtproject.com/searched-hillarys-emails-indicted-win-presidency/
- Rwanda,
the Clinton Dynasty and the Case of Dr. Léopold Munyakazi – http://www.globalresearch.ca/rwanda-the-clinton-dynasty-and-the-case-of-dr-leopold-munyakazi/5538635
- What
did the Clinton administration know about Rwanda? – https://www.washingtonpost.com/blogs/monkey-cage/wp/2015/04/06/what-did-the-clinton-administration-know-about-rwanda/
- Is
Kagame Africa's Lincoln or a tyrant exploiting Rwanda's tragic history? – https://www.theguardian.com/world/2013/may/19/kagame-africa-rwanda
- The
US was behind the Rwandan Genocide: Installing a US Protectorate in Central Africa
–http://www.globalresearch.ca/the-us-was-behind-the-rwandan-genocide-installing-a-us-protectorate-in-central-africa/18540
- La
ASESINA Hillary Clinton: Más sanguinaria y FASCISTA que Donald Trump – https://www.youtube.com/watch?v=v-RWLc9eZzI
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