AbrilAbril,
editorial, em 02.09.2018
Decorridos
40 anos desde a primeira edição, na FIL, a Festa do Avante! mantém-se como
acontecimento único no País.
Está
prestes a começar a Festa do Avante! 2016 mas desengane-se quem pense que
esta é só mais uma edição. A par dos 40 anos que se assinalam, a «terra
dos sonhos», como a apelidou Jerónimo de Sousa no último fim-de-semana,
está maior e mais capaz de acolher a versatilidade de propostas que o programa
oferece.
Projectada
pela primeira vez em 1976 à luz do que os comunistas franceses faziam acontecer
na «Fête de l'Humanité», a primeira edição da Festa do Avante! inovou no
plano nacional pela apresentação de espectáculos musicais ao vivo.
Acabado
de sair da ditadura com que Salazar amarrou o país durante
41 anos, Portugal não estava habituado a festivais,
nem preparado, particularmente em termos técnicos e de equipamento, a
um evento cultural daquela dimensão. A reconhecida capacidade de
organização dos comunistas deu cartas desde as primeiras edições, onde as
tentativas de impedimento de realização da Festa do Avante! mais se fizeram
sentir.
Logo
na primeira edição, realizada no espaço da antiga FIL, na Junqueira,
depois de uma tempestade que em vésperas da abertura inundou o
recinto, faltavam dois dias para a estreia quando uma bomba destruiu a energia
eléctrica de toda Festa. O PCP deu mais uma vez provas da sua resiliência e a
Festa foi um êxito em termos de participação.
«Desalojada» da
FIL, a Festa do Avante! foi instalar-se, primeiro, no Jamor e, em 1980, no
Alto da Ajuda, onde ficou até que Krus Abecassis, eleito presidente
da Câmara Municipal de Lisboa pelo CDS, ameaçou com a construção da
Faculdade de Arquitectura e impediu a realização da Festa do Avante!.
O
ano de 1987 acabaria por ser, ao longo dos 40 de história, o único ano sem
Festa do Avante!. Do Alto da Ajuda, a Festa passou para Loures e, em
1989, surgiu a notícia da aquisição da Quinta da Atalaia, no Seixal. A
sabedoria do povo permite-lhe afirmar que «há males que vêm
por bem» e o percurso da Festa do Avante! é disso exemplo.
A
emoção que viveram todos os que ergueram e visitaram a Festa
pela primeira vez na Atalaia será semelhante à daqueles que
durante os últimos meses transformaram a Quinta do Cabo,
contígua à da Quinta da Atalaia e nova entrada principal. Acontecimento
ímpar no panorama político-partidário português, a Festa do Avante! ergue-se na
alegria do trabalho militante inspirado na construção de um mundo novo.
Seguem-se
três dias de encontros e reencontros ao som da «Carvalhesa» (o hino da Festa
que faz vibrar milhares de jovens), e com um programa pleno
de cinema, teatro, arte, exposições, política, ciência, desporto, um espaço
criança inclusivo, música, folclore, gastronomia e muito, muito mais.
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