Angola
está na lista dos 50 países com as taxas mais alarmantes no Índice Global da
Fome 2016. Estudo diz que é preciso acelerar o combate à fome, caso contrário a
meta de Fome Zero até 2030 não será atingida.
Angola
é o País Africano de Língua Oficial Portuguesa onde a população mais sofre por
causa da fome. A informação foi divulgada nesta terça-feira (11.10.), em
Berlim, na apresentação do relatório 2016 do Índice Global da Fome. O
relatório inclui Moçambique e Guiné-Bissau, que também registam altos índices
de fome.
Para
atingir a meta de Fome Zero até o ano de 2030 em todo o mundo, estipulada pelos
Objetivos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas, o relatório aponta
que é preciso criar estratégias de ação para acelar o combate à fome nas
regiões mais afetadas por este mal, nomeadamente África Austral e sul da Ásia.
Redução
da Fome
Em
termos gerais, o relatório apontou uma redução de 29% da fome no mundo desde o
ano 2000. De acordo com a presidente da ONG alemã Welthungerhilfe, Bärbel
Dieckmann, esta redução tem a ver com o trabalho realizado pelos Governos e
seus parceiros nos últimos anos.
"Há
Governos que assumem as responsabilidades dos problemas que os seu povo
enfrenta. E há países que investem em educação, e trabalham juntos com outros
parceiros para, de fato, fazer alguma diferença”.
Apesar
da redução de 29%, pelo menos 795 milhões de pessoas ainda sofrem com a falta
de alimentos no planeta. Segundo a presidente da Welthungerhilfe, é preciso
investir, principalmente, na agricultura.
"A
nosso reivindicação principal é o investimento em agricultura, pois assim as
pessoas conseguem produzir o suficiente para elas e suas famílias”, destaca
Dieckmann.
África
Austral
Em
termos absolutos, a África Austral apresentou grandes melhorias entre os anos
2000 e 2016, com uma redução de 14,3% no Índice Global da Fome. No entanto, as
taxas ainda são baixas para atingir o objetivo de Fome Zero até 2030.
Segundo
o relatório, citando a África Austral e o sul da Ásia, "se essas regiões
tivessem que reduzir o nível da fome entre 2016 e 2030 com a mesma velocidade
que vêm experienciando desde o ano 2000, elas ainda teriam os piores e mais
baixos índices, muito aquém da meta de reduzir para zero a fome até 2030”.
Os
PALOP
Entre
os 50 países com as taxas mais preocupantes no Índice Global da Fome 2016 estão
Moçambique, Guiné-Bissau e Angola. Contudo, o caso angolano é o mais alarmante,
visto que o país está na décima terceira posição do índice, atrás de países
como República Centro-Africana e Etiópia. Moçambique aparece na décima quinta
posição, enquanto Guiné-Bissau na vigésima sétima. No total, o índice apresenta
dados de 118 países.
O
estudo ressalta que "conflitos violentos, má governação, e impactos
relacionados com as mudanças climáticas na agricultura” são fatores que
favorecem a escassez de alimentos na maioria daqueles países.
Em
recente entrevista à DW África, o padre angolano Pio Jacinto Wacussanga
falou da situação que o sul de Angola vive nos últimos meses por causa da seca.
"A
vulnerabilidade ligada à fome nunca foi debelada. Desde 2012 que não chove
suficiente para as pessoas cultivarem e fazerem reservas. Porque o ciclo da
chamada segurança alimentar mínima é contado a partir do momento que a reserva
alimentar aguenta as pessoas atér a próxima colheita. E então, isto não
existe”, disse o padre.
Combate
à seca em Angola
Para
combater de maneira emergencial a falta de comida no país, em especial na
região mais afetada pelas alterações climáticas, o Governo angolano adotou uma série
de medidas, entre elas a importação de alimentos.
O
porta-voz do Ministério de Assistência e Reinserção Social de Angola, Celso
Malavoloneke, diz que, para além destas ações emergenciais, o Governo pretende
colocar em prática ações que tenham efeitos mais permanentes.
"Vamos
estudar a situação de emergência, especificamente, área por área, para definir
ações pontuais, mas a nossa prioridade deverá ser concentrar em repor os
mecanismos comunitários, que protejam as comunidades do efeitos, sobretudo, da
seca”, assegurou o porta-voz em recente entrevista à DW África.
Thiago
Melo – Deutsche Welle
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