Participando
nas jornadas parlamentares da UNITA, antigo primeiro-ministro falou na
necessidade de “instituirmos no país uma verdadeira democracia”.
O
antigo primeiro-ministro Marcolino Moco considerou, em Luanda, que “não poderá
haver alternância, mas sim sucessão” em Angola, por estar instalado “um regime
monárquico” no país.
“A
ilusão da sucessão em Angola não passa de uma mera ilusão. É preciso
instituirmos no país uma verdadeira democracia e verdadeiros poderes
democráticos”, afirmou o actual docente universitário ao abordar o tema
“Angola: Sucessão ou Alternância” durante as VI jornadas parlamentares da
UNITA, que terminaram ontem.
A
posição de Marcolino Moco surge numa altura em que o MPLA indicou o
vice-presidente do partido, João Lourenço, para encabeçar a lista às próximas
eleições gerais, previstas para Agosto, mas sem que a saída da vida política de
José Eduardo dos Santos, chefe de Estado desde 1979, tenha sido oficializada.
“O
que temos em Angola é um regime monárquico, daí que não pode haver poder
autárquico no país. Numa monarquia não pode haver alternância mas sim sucessão,
aliás, o termo monarquia em Angola não foi inventado por mim, mas sim por um
amigo meu que hoje é juiz no Tribunal Constitucional”, afirmou Marcolino Moco,
que foi primeiro-ministro entre 1992 e 1996.
Para
Marcolino Moco, antigo secretário-geral e membro do comité central do MPLA,
foram dados “vários passos formais para a instauração do regime monárquico em
Angola”, que segundo o político “começaram em 1998”.
“Quando
o Presidente da República pediu ao Tribunal Supremo, nas vestes de Tribunal
Constitucional, que dissesse quem era o chefe do governo. Na altura muitos
juristas colocaram a questão da inutilidade deste questionamento, porque o
chefe do governo real era mesmo o próprio chefe do governo”, recordou.
Por
isso, enfatizou o advogado e primeiro secretário-executivo da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), entre 1996 e 2000, o Tribunal
Constitucional é hoje “um órgão de consolidação da própria monarquia”.
Marcolino
Moco, que tem sido crítico nas suas intervenções e comentários sobre o actual
governo, criticou igualmente na sua alocução a não-fiscalização dos actos do
executivo por parte dos deputados, à luz de um acórdão também do Tribunal
Constitucional.
“Mas
então se os deputados eleitos pelo povo não podem fiscalizar os actos do
Executivo, quem vai fiscalizar, são deputados para quê”, questionou, durante as
jornadas da parlamentares da UNITA.
Afirmando-se
“defensor da paz até as últimas consequências”, acrescentou que “há certos
tipos de paz que não podemos tolerar”, criticando igualmente o sistema de
Justiça do país.
“Aqui
só há Justiça do Estado se você roubar uma galinha. De resto, a Justiça no país
é presidencial”, apontou.
Lusa,
em Rede Angola
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