Ferreira
Fernandes*, opinião
Começo
por notícias confirmadas por fontes governamentais. No conflito sobre o
cemitério de resíduos nucleares da central de Almaraz, Espanha quis empurrar
Portugal para ser ele a fazer o estudo sobre os riscos dos dois lados da
fronteira. Até agora, aqui, só jornalismo convencional, com dados confirmados.
A seguir vou fazer jornalismo de pós-verdade. Mas não daquele que inventa. Vou
fazê-lo daquele que se antecipa ao que vai acontecer se as relações entre os
países vizinhos continuarem a ir para onde Trump anuncia. Eis, pois, palavras
de Mariano Rajoy, presidente do governo de Espanha, durante uma conferência de
imprensa: "Vou construir um cemitério nuclear na fronteira portuguesa.
Eles ainda não sabem, mas quem vai pagar esse cemitério vão ser os portugueses. Sera
hermoso! Muy hermoso! Todo aquele lixo radioativo sobre o Tejo, a desaguar
em Lisboa... Eu não tenho nada contra os portugueses. A minha cozinheira até é
portuguesa. Mas foram eles que escolheram fazer ali a capital, na foz do rio
que passa em Almaraz. Estavam a pedi-las. Já deviam saber o que é o urânio 238,
tivessem deixado a capital em Guimarães ou Coimbra e já não eram inquietados.
Vieram por ali abaixo, aproveitando-se da fraqueza do Reino de Leão mas agora
comigo no poder vão ter de amochar..." - palavras de Don Mariano, amanhã.
Esta crónica tem este título alternativo: "Aprenda a sentir-se mexicano
numa crónica curta." Talvez seja útil em breve.
*Diário
de Notícias
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