O
político de pacotilha é fértil em imaginação, principalmente se bajuladora a
favor de um bajulado, obtusamente maldoso, ao ponto de considerar ser alguém
capaz, de no seu juízo perfeito, de atentar contra a própria vida. “Estes dois
acidentes você forjou para prejudicar o camarada Presidente e o Governo do
MPLA, junto do teu governo americano. Você como agente da CIA tens muita
capacidade e treinamento para fazer isso”, disse um acólito bajulador do reino
da Segurança de Estado de sua majestade.
William
Tonet* - Folha 8
Na
realidade não sabia ser detentor de uma capacidade fora do normal, para simular
acidentes de viação, todos correndo o risco de perder a própria vida, quando
não tenho duplos, como nos filmes… ou até mesmo na vida…
O
do dia 07 de Março, na estrada nacional Luanda/Benguela, no marco
Kikombo/Canjala, pela violência do abalroamento do atrelado, conduzido por um
camionista chinês ao serviço e com guarda, na cabine, da Casa de Segurança da
Presidência da República, não gostaria de o recordar, tão pouco textualizar,
mas já que forçado, não vou acobardar-me como tem sido a prática das acções do
Palácio Presidencial.
O
camionista ao serviço do general Kopelipa invadiu a faixa contrária, em
direcção ao nosso Jeep, roçando-o na lateral, levando-o a sair da estrada, num
acto premeditado e doloso de tentativa de homicídio.
Verdade
ou mentira, o enredo sobre estes sinistros personagens da estrada, quantas
vezes alertados, foi pormenorizado por um diligente agente da Brigada Especial
de Trânsito da Kanjala. “Nós avisamos que eles conduzem mal, mas agora vêm com
militares do general Kopelipa e, muitas vezes, até nos ameaçam de perdermos o
emprego ou cadeia, pela chamada de atenção”, assegurou o polícia, em jeito de
solidariedade.
Até
antes desta preciosa informação só tínhamos a noção do camião atrelado ser
conduzido por um chinês, sem motivação de apontar o dedo à Presidência da
República. Logo, o delírio desta gentalha de baixo coturno, mesmo diante de
evidências, não lembra ao Diabo, tudo por terem conseguido, ao longo de 42 anos
de poder, transformar a maldade (contra os adversários políticos), numa
ferramenta com impunidade e cobertura institucional, onde a culpa morre sempre
solteira.
No
entanto, quando um membro da Segurança da Presidência da República nos ameaça,
duas semanas depois do acidente (graças a Deus, saímos ilesos), não deixa de
transmitir, primeiro, conhecimento sobre o assunto, segundo, a continuidade do
pacote das acções delituosas. “Senhor William deixa o camarada presidente em
paz, ele até já vai vos deixar o poder. Um dia todos vocês, a começar mesmo por
alguns do MPLA, ainda vão chorar para ele voltar, porque vocês vão se comer
todos”, vaticina, ao telefone, o algoz.
Felizmente,
para serventia, deste monstro, já não nos amedronta com estas acções, nem temos
medo da morte, pois ela só ocorrerá com vontade de Deus.
Por
outro lado, disse-lhe não dever, nem ter nada contra o seu patrão, o cidadão
José Eduardo dos Santos, filhos, família e fiéis, diferente do Presidente da
República, José Eduardo dos Santos, quando extravasa e viola competências,
enquanto agente público do Estado e eu jornalista. Aqui sim! Tenho (tal como a
maioria dos angolanos) soberanas e legítimas razões de, algumas vezes, o
denunciar e criticar, principalmente por “promulgar”, voluntária ou
involuntariamente, não só, um conjunto de actos atentatórios a minha segurança
física, idoneidade, honra, bom nome, reputação, exercício de profissão, etc.,
como a de muitos outros cidadãos angolanos, apenas por serem avessos a
bajulação e teimarem em pensar pela própria cabeça.
Quando
o agente secreto, equivocadamente diz: “Senhor William deixa o camarada
presidente em paz”, inverte os papéis, na pretensão de transformar o algoz em
santo.
Vamos,
apenas, a alguns factos:
a)
a Presidência da República tem uma dívida, desde 1991/93, por fornecimento de
combustível, bens alimentares, medicamentosos, fretes aéreos e serviços,
reconhecida (José Leitão ex-director de gabinete e Fernando Miala, ex-Casa
Militar, ambos do Palácio Presidencial, ainda vivos, podem provar), que vem
sendo ludibriada, de estar na divida pública, no Ministério das Finanças, desde
os ministros Augusto Tomás, José Pedro de Morais e Armando Manuel, todos com
domínio do dossier, cada um ao seu tempo, alegando faltar orientação final do
presidente José Eduardo dos Santos, que, no entanto, com bilhetinhos ou
telefonemas ordena a entrega de milhões de dólares, diferente de pagamentos, a
pessoas que nunca forneceram serviços ao Estado, salvo a bajulice, ao partido
no poder e seu líder, tornando-se, por via desse esquema, em milionários da
delapidação do erário público;
b)
mais de 102 processos judiciais encomendados, movidos pela corte presidencial,
por denúncias provadas, sobre o cometimento de vários ilícitos;
c)
seis prisões arbitrárias, nas fedorentas masmorras do regime, sem o cometimento
de crime algum, salvo o de liberdade de expressão e imprensa;
d)
dois assaltos às instalações do jornal, por parte de agentes da ex-DNIC, actual
SIC (Serviços de Investigação Criminal) e roubo de computadores, visando a
paralisação do Folha 8;
e)
proibição dos agentes públicos e privados, incluindo ONG’s nacionais e internacionais
de publicitarem no F8;
f)
orientação partidocrata aos bastonário da Ordem de Advogados, Hermenegildo
Cachimbombo e Procurador Geral Adjunto da República, Adão Adriano, para
cassação da carteira profissional de advogado, bem como o não reconhecimento
definitivo de estudos, violando os estatutos da Universidade Agostinho Neto, da
OAA, da PGR, as leis e a Constituição, por manifesta má fé e motivação
política, visando, não só o desemprego, como a humilhação de quem tem medo.
Diante
deste cenário não fica difícil perceber quem, abusando do poder, prejudica e
destrói, até academicamente, todos quantos não o bajulem, precisando o país de
quadros com verdadeira formação mental e não com diplomas duvidosos.
Aliás,
não havendo sequer um projecto ou micro projecto de petróleo iluminante, capaz
de acender candeeiros nas sanzalas da Angola profunda, não electrificadas,
nunca questionei a formação académica de José Eduardo dos Santos, em engenharia
de Petróleos, em Baku. Tão pouco a dos seus filhos, caricatamente, actuando em
áreas diferentes da formação, que dizem ter, por a ascendência, em contraste
com o n.º 2 do art.º23.º da Constituição, escancarar os cofres do erário
público, que os “doutorou em malandragem” como milionários e bilionários,
sacrificando o suor, as lágrimas e o sangue de cerca de 20 milhões de
angolanos, que vivem abaixo do limiar da pobreza.
Toda
esta arrogância e malícia contra milhares de cidadãos, ao longo de 38 anos de
um poder autocrático, nunca nominalmente eleito, não blindará, amanhã, a
riqueza ilicitamente acumulada pelos seus descendentes e ascendentes.
Neste
quadro e na incapacidade de chegar a um consenso com as forças políticas da
oposição e da sociedade civil, para um “Pacto de Regime”, Dos Santos não pode
augurar um futuro tranquilo, face aos índices de corrupção do “in circle
familiar e partidocrático”, responsável pela falência da banca comercial e do
sistema económico e financeiro do país.
Esta
é uma pequena prova, do passivo que deixa, numa parte da sociedade civil, mas
também existem outros, no interior do próprio MPLA, desde logo, rememorando-se
as acusações levianas contra Alexandre Rodrigues Kito (seu antigo amigo de
peito), de tentativa de golpe de Estado, nunca provada, tal como a abjecta
contra Marcolino Moco de tentar adulterar a interpretação da Lei 23/92, ex-Lei
Constitucional, quanto aos poderes do primeiro-ministro, por mero ciúme
político. Exonerado, Moco foi atacado publicamente, nas artérias da capital,
pelo Movimento Nacional Espontâneo (associação partidária de apoio a Eduardo
dos Santos, que a converteu em associação de utilidade pública, em detrimento
da AJPD ou Associação Mãos Livres) com vaias do tipo: “bailundo, vai-te
embora”, “sulano de merda”, entre outros epítetos…
Particularmente,
por muitas voltas que dê, nunca conseguirei esquecer, tudo que JES vem fazendo,
em prejuízo da minha vida familiar e profissional, por não dançar a sua música.
Até poderei perdoar, o que ele e a “tribo bajuladora/assassina” vêem fazendo,
mas não me peçam para não testemunhar, se for hasteada, lá mais para a frente,
a bandeira da Justiça. De uma justiça imparcial, justa e democrática, em
contraste com a ditatorial que campeia.
*William Tonet é diretor do Folha 8
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