sexta-feira, 7 de julho de 2017

OFICIAIS PUM-PUM. ROUBO DE TANCOS JÁ EXISTIA, MAS DÁ JEITO MISTURAR COM PEDRÓGÃO



Expresso Costa… Perdão. Expresso Curto por Ricardo Costa sobre placas de gelo. Friamente opina que o governo está a caminhar sobre brasas e isso não é verdade. As conclusões sobre a tragédia do incêndio não existem por enquanto, só depois veremos quem irá andar sobre as tais brasas anunciadas pelo enregelado Ricardo, que começa muito mal este Curto. Opiniões.

Também no caso de Tancos o Ricardo não pode dizer essa das brasas sem estar a ajudar o Passos e o atual mascarado de social democrata PSD, assim como o CDS – que vale o que vale com aquela líder de tricot mal amanhado.

Quanto a Tancos… Foram ladrões de dentro de casa que andaram a surripiar esse tal armamento. O que parece já é e ainda vai ser mais, pelo menos neste caso. E então ficaremos a saber que uns quantos energúmenos que integram as Forças Armadas são ladrões do pior que existe na humanidade: roubam armamento, indiferentes a puderem causar vítimas inocentes. Esperemos que sejam todos desmascarados e levados à justiça.

Sobre isso Vasco Gonçalves diz que “a história está mal contada”. Pois. Sem dúvida. Entretanto os tais oficiais que escreveram a carta “danada” já se aperceberam que fizeram “merda da grossa” (é assim que se diz na tropa, à caserneiro). Se queriam desviar as atenções inculpando os políticos…  Pois foi: “o cão cagou-lhes no caminho”. Incúria, bandalheira e o que de piorio pode acontecer numa unidade militar. É o que está a vir à tona. Oficiais pum-pum.

E então não queriam a exoneração dos comandantes? Queriam a demissão do ministro da defesa? Ah, pois. Os políticos são uns malandros e andam a brincar com o país e com os portugueses (alguns andam), dizem na carta. E uns quantos militares em Tancos - ou onde estiverem - parece que também andam a fazer o mesmo (alguns andam).

Por agora fiquemos por aqui. O assunto Tancos vai ter pano para mangas. O que é facto é que quem não cumpriu militarmente a função como devia é uma vergonha para a instituição e para o país. Temos de apurar os que se enquadram nesse incumprimento de guardar os paióis como deviam. A  videovigilância e o buraco na vedação que se lixem, são só areia para os olhos. Mas aí é que está o busílis.

Já agora, depois de Pedrógão dava jeito surgir o caso de Tancos. Tão oportuno… Mas o caso já existia há tempos. Agora surge por quê? Para a direita ressabiada montar a onda da oposição bacoca e exigir o inexigível politicamente e de facto ao governo? Está a dar jeito. Olhem, até o Ricardo da cafeína de hoje está baratinado. Coisas. Inté mais prá frente, no tempo e nas revelações que estão a surgir às pinguinhas. Também convém, não é? Pois.

Vá para o Curto, se continuar a ler.

MM | PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Ricardo Costa | Expresso

O governo que caminha sobre brasas

Quantas vezes ouvimos um General ir ao Parlamento dizer que se sentiu humilhado? E quantas vezes ouvimos isso na véspera de um ministro da Defesa ser ouvido no mesmo Parlamento? E alguma vez essas audições aconteceram quando o mesmíssimo Parlamento discute as cativações orçamentais que podem ter fragilizado as funções de soberania? E alguém consegue lembrar-se de quantos ministros já tiveram que ir de urgência ao Parlamento ou quantas respostas por escrito teve o governo que enviar em tão poucos dias aos deputados?

Podia fazer este Expresso Curto só com perguntas, mas o estilo seria forçado e cansativo, e, mais relevante, falharia o essencial: as respostas. Ora, respostas é o que o País precisa. Precisa o Parlamento, precisam os deputados, precisa o povo que os elegeu e precisa toda a população.

A sucessão de acontecimentos extraordinários ligou Pedrógão e Tancos para sempre. O governo bem pode tentar dizer que são coisas diferentes (e são), que não têm uma a ver com a outra (e não têm), que uma teve razões extraordinárias (e teve), que outra podia ter acontecido há mais tempo (e podia), que se devemseparar os dois casos (e até devia), mas a vida é mesmo assim e a vida política sempre foi e será assim. Quem não perceber isto, não percebe a política, muito menos a razão pela qual existe: servir o país.

E é assim que dois acontecimentos diferentes estão ligados, levam a perguntas cruzadas, respostas que se sobrepõem, estupefações que se acumulam, num ambiente tenso e pesado que atirou a agenda política do governo pelos ares e deixou alguns ministros menos presos às suas cadeiras.

Esta tarde, quando baterem as 16h, Azeredo Lopes vai explicar aos deputados e ao país (a audição deve ser aberta à comunciação social, o que não é habitual em matérias de Defesa) um dos mais espetaculares falhanços da máquina do Estado, aquilo que o Chefe de Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte resumiu numa palavra: humilhação.

O general assumiu as responsabilidades do Exército, das falhas graves que ocorreram, de tudo o que devia ter acontecido e não aconteceu. Retirou a política da equação e fez bem, mas há equações de onde a política não sai, mesmo que os militares a tirem de cena. São as equações da soberania do Estado, do dever de prevenção, proteção e socorro, aquilo que começou a arder à nossa frente em Pedrógão e que várias semanas depois ainda está em brasa, depois de Tancos, de mais dúvidas, perguntas e respostas.

É sobre estas brasas que Azeredo Lopes caminhará hoje, escada acima, sala adentro, pergunta atrás de pergunta, para responder à mais simples das inquietações, que já se ouvia numa praça em Atenas ou num senado em Roma: mas como é que isto nos aconteceu? Venham as respostas que nós cá estaremos para as ouvir.

OUTRAS NOTÍCIAS

O verbo cativar vive os seus dias de glória nacional. O termo é a nova pedra do sapato do governo, porque este é um caso onde os dicionários não nos chegam. Vejamos um pequeno exemplo:

Cativar (latim captivo, -are, fazer cativo), verbo transitivo;

1. Tornar cativo, reduzir a cativeiro.
2. Subjugar.
3. Seduzir.
4. Encantar.
5. Hipotecar.

verbo pronominal
6. Ficar cativo

Pois bem, quando hoje, por exemplo, abrimos o Negócios e vemos que Pedro Marques foi o ministro que mais cativou em 2016, percebemos que as cativações são uma poderosa arma orçamental e um escaldante tema político, coisa que os dicionários ainda não assimilaram.

O jornal lembra que o Ministério do Equipamento foi o que teve mais cativações de despesa em 2016, no dia em que os deputados voltam a discutir o tema no Parlamento. O tema é difícil para o executivo porque as cativações representam um forte travão no investimento e despesa pública, num momento em que o Estado colapsou espetacularmente à nossa frente.

O tema está visivelmente a incomodar o PCP e o Bloco de Esquerda, fundamentais à aprovação do último Orçamento de Estado, que sempre quiseram mais despesa pública, mas que forçaram a sua aplicação em áreas sociais. Agora são as áreas de soberania do Estado que falham em várias frentes.

O Banco de Portugal veio ontem avisar que a discricionariedade das cativações continua em 2017. O banco central diz que o elevado nível de cativações dificulta a monitorização das contas. As Finanças têm defendido que necessitam de flexibilidade para atingir as metas e recusam estar a descaracterizar o plano orçamental, mas o BdP diz que isso afeta a transparência. O verbo vai andar por aí todo o dia.

O grande tema do dia e do fim de semana na política interncaional é a Cimeira do G 20, que começa em Hamburgo. Ontem, a cidade alemã já viveu um dia agitado, mas de madrugada irrompeu a violência. Registaram-se confrontos entre a polícia e manifestantes que protestam contra a realização da Cimeira. Há registo de 76 polícias feridos.

As autoridades alemãs usaram gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar os manifestantes que lançaram garrafas e pedras contra a polícia. Foram deslocados para Hamburgo 20 mil polícias, num clima de grande tensão.

A Cimeira não é a que Angela Merkel desejava e vai expor no mesmo palco as tensões que se vivem entre as principais nações mundiais. Donald Trump é a figura principal, quer pelas posições políticas quer pelas medidas contra o comércio mundial.

Não será por acaso que hoje mesmo, soube-se que Bruxelas pode retaliar com um imposto sobre o Bourbon – o excelente whisky do Kentucky – como retaliação a qualquer travão à importação de aço por parte dos EUA.

Também não foi seguramente por acaso que a UE e o Japãoanunciaram ontem um acordo comercial de larga escala, que acaba com a esmagadora maioria das barreiras aduaneiras entre os países da União Europeia e a quarta maior economia do mundo. Bruxelas acelerou o processo para mostra a Trump e também a Theresa May que segue em frente depois do Brexit e da nova política americana.

Outro assunto que não vai escapar é a Coreia da Norte, que vai dominar uma boa parte dos bastidores políticos da Cimeira, que se prolonga até domingo em Hamburgo e que vai por frente a frente Trump e Putin, que andam um pouco desavindos.

Mudando de página, um dia depois de a Volvo ter anunciado que a partir de 2019 só fará carros híbridos ou elétricos, eis que a França anuncia a proibição de venda de carros a gasolina ou gasóleoa partir de 2040. É certo que ainda falta algum tempo, mas a medida de Eammanuel Macron é muito ousada, sobretudo num país que tem uma importante industria automóvel.

Vários países já apresentaram planos de médio prazo, mas sem objetivos tão claros. A Noruega é um exceção, porque é o país com mais carros elétricos e já definiu que a partir de 2025 só aceita vendas de carros elétricos ou híbridos plug-in.

A Microsoft está a preparar cortar milhares de postos de trabalho. Segundo as primeiras informações, o número de pessoas dispensadas pode chegar às três mil e 75% das saídas vão acontecer fora dos Estados Unidos.

De Espanha surge uma interessante notícia para quem se interessa pelas vidas de grandes escritores, as suas amizades e zangas.Mario Vargas Llosa rompeu o silêncio sobre o colombiano Gabriel García Márquez e falou sobre o seu grande amigo, uma amizade interrompida de forma abrupta em 1976.

Agora, o Nobel peruano aceitou participar numa conferência na Universidade Complutense onde abordou os anos em que os dois colossos da literatura foram muito próximos, até se afastarem para sempre. O El País tem o vídeo da conferência.

Por cá, já arrancou o Festival NOS Alive. O canadiano The Weeknd fechou a primeira noite no palco principal. Por causa deste Expresso Curto tive que regressar a casa no fim dos The XX, que deram um magnífico concerto num festival completamente cheio.

Os Foo Fighters são o prato forte de hoje e amanhã a noite será dos Depeche Mode. Nomes fortes e palcos alternativos não faltam num festival que esgotou os bilhetes há dois meses e que traz muitos estrangeiros à capital.

Cansado de uma época intensa de futebol, seguida de uma época ainda mais intensa de ataques, mails, ameaças e afins? Eis que… chegou a nova época. O Sporting joga hoje às 20h com o Belenenses e acreditar n’A Bola, já vamos ver o “primeiro esboço do leão”.

O Record garante que os reforços animam Jorge Jesus e o Jogo afirma que Iker Casillas preferiu ficar a jogar no Porto, apesar de ter sido apontado a grandes clubes europeus, como o PSG, Liverpool ou Nápoles.

FRASES

“Nesta fase, não atribuímos grande importância àquilo que a liderança do PSD diz, porque também não sabemos por quanto tempo essa liderança sobrevive”. Carlos César, líder da bancada parlamentar do PS

"O presumível buraco na rede de proteção [de Tancos] não passa disso mesmo, um simples buraco, e não convence ninguém de que não foi posto apenas para disfarçar". Vasco Lourenço, citado no DN

“Para mim, jogar bonito é ganhar”. Sérgio Conceição, treinador do FC Porto

O QUE EU ANDO A LER

Primeiro uma recomendação para uma leitura curta: um artigo de Naomi Klein, publicado no The Guardian e disponível online. How power profits from disaster é um longo e interessante texto sobre um tema que a autora conhece muito bem e já explorado em artigos e livros anteriores.

Klein explica detalhadamente os contratos e negócios que surgem na sequência de grandes catástrofes públicas, aproveitando cortes governamentais e ocupando “os espaços vazios” gerados pelos desastres e pelo desinteresse ou colapso do Estado.

Naomi Klein tem vários livros publicados em Portugal - Tudo Pode Mudar, capitalismo vs. clima (2016), No Logo (2002) e o célebre A Doutrina do Choque (2009) – e este artigo confirma as suas qualidades de jornalista e ativista, com uma voz inconfundível na discussão sobre a globalização.

Agora, uma leitura um pouco mais longa, com uma contracapa que garante o seguinte: “lê-se numa tarde, recorda-se para sempre”. A frase é muito exagerada, mas a verdade é que The Shortest History of Europe é um livro relativamente pequeno e de leitura tão interessante quanto rápida.

John Hirst parte das suas aulas para construir uma história muito curta da Europa, com uma capacidade de síntese extraordinária, cruzando os principais movimentos nacionais, culturais, religiosos e militares que forjaram a identidade do Velho Continente.


Não é um livro consensual, longe disso, mas vale uma leitura de verão (The shortest history of Europe vende-se na Amazon UK por 8 libras).

Já sabe que pode seguir tudo o que se vai passando no Expresso Online. Ao fim do dia tem tudo arrumado, editado e explicado no Expresso Diário. O Expresso chega amanhã às bancas com mais uma edição para ler ao longo do fim de semana.

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