Francisco
Louçã acredita que há uma agenda no anúncio do relançamento do debate sobre
Rendimento Social de Inserção (RSI) por parte do CDS-PP. No seu espaço de
comentário da SIC Notícias, o antigo líder do Bloco de Esquerda indica que CDS
pretende voltar a “atacar os ciganos”.
O CDS-PP
anunciou na segunda-feira que iria pedir uma discussão no plenário do
Parlamento sobre o decreto do Governo que determina novas regras para o
Rendimento Social de Inserção (RSI), que deverá acontecer em setembro, na
última semana de campanha eleitoral para as autárquicas.
No
seu espaço de comentário da SIC Notícias, Francisco Louçã refere que esta
decisão é “obviamente uma forma de atacar várias comunidades de pobres, entre
elas a comunidade de ciganos”.
“Já
no governo PSD/CDS imensas pessoas, 160 mil, foram retiradas do RSI com
pretextos deste tipo, que ‘não merecem’”, afirmou, sublinhando que em causa não
está o número de pessoas que recebe este subsídio. “São pouco mais de 200 mil
pessoas”, acrescentou, “são pessoas que recebem cerca de cento e poucos euros”,
uma ajuda mínima concedida mediante algumas regras para casos de pobreza
extrema.
“A
Direita sempre achou que pelo facto de parte das comunidades ciganas serem
muito pobres e recorrerem a estes 100 euros por mês, isso podia ser um foco de
atenção e de ataque. O relançamento do CDS no debate do RSI só tem um nome:
ciganos, atacar os ciganos”, afirmou.
O
comentador descreveu esta tomada de posição como algo “surpreende” depois do caso de Loures, com o candidato André Ventura, caso que
descreve como uma jogada da campanha. “Debate de Loures surge porque um
candidato - com aquele jogo de cintura de um comentador futebolístico a pensar
que pode insultar todas as pessoas - resolveu lançar-se na cena pública
chamando a atenção para si próprio com este excesso de racismo”, determinou.
No
entanto, a polémica espoletada pelo candidato do PSD à câmara de Loures
“revelou uma espécie de tabu no debate político português que é a perceção de
alguns setores de Direita de que atacar as comunidades mais isoladas é útil em
termos eleitorais”.
Anabela
Sousa Dantas | Notícias ao Minuto
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