sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Angola. CUBA E A MEMÓRIA DO “GRANDE SALTO LIBERTÁRIO” EM ÁFRICA



DE ARGEL AO CABO, ANGOLA E CUBA CONSTITUIRAM, NA “TRINCHEIRA FIRME DA REVOLUÇÃO EM ÁFRICA”, A INEXPUGNÁVEL LINHA DA FRENTE PROGRESSISTA CONTRA A INTERNACIONAL FASCISTA NA ÁFRICA AUSTRAL

Martinho Júnior, Luanda  

1 – Derrotado, por via da Luta Armada de Libertação Nacional, na Argélia o colonialismo francês, derrotado o colonialismo português pela mesma via, na Guiné Bissau, em Angola e em Moçambique, derrotada a ingerência somali no Ogaden (Etiópia), era urgente derrotar o regime retrógrado do “apartheid”, realizando o grande salto libertário de Argel ao Cabo!...

Os progressistas africanos, os internacionalistas cubanos e os aliados socialistas, bem como os progressistas de todo o mundo, respondiam assim em África, de norte para sul, ao protagonismo do império colonial britânico, do Cabo ao Cairo, precisamente em sentido inverso!

Em toda essa saga, a diplomacia e a inteligência cubana, contingentes cubanos das Forças Armadas Revolucionárias e internacionalistas civis dos mais diversificados sectores (educação, saúde, transportes, construção…), deram um contributo inestimável aos seus irmãos progressistas africanos, saldando uma dívida histórica que ninguém como o povo cubano ousou alguma vez assumir.

É pois legítimo que as embaixadas cubanas em África, em especial em Argel, em Bissau, em Brazzaville, em Dar es Salam, em Luanda, em Maputo, em Windhoek e em Pretória, todos os anos delineiem programas que marquem a memória dos mais decisivos momentos desse “grande salto libertário”, de norte a sul de todo o continente africano, berço da humanidade!

2 – Em Luanda a Embaixada de Cuba está-nos a habituar justamente a essa memória histórica, patriótica, solidária e internacionalista, por redobradas razões:

Entre Brazzaville e Dar es Salam, com o MPLA e a FRELIMO foi estabelecida a primeira linha progressista, a linha de partida “informal” por que aglutinadora de guerrilhas (incluindo a guerrilha do Che em África), contra a internacional fascista na África Austral, que terminou com a derrota do colonialismo português!

Por fim, entre Luanda e Maputo constituiu-se a segunda linha, desta feita “oficializada”, que viria a derrotar o “apartheid”… uma Linha da Frente que colocava Angola, enquanto “trincheira firme da revolução em África” como o mais inexpugnável baluarte!

Foi em Angola que os progressistas africanos, os revolucionários cubanos, os aliados socialistas e outros progressistas dos mais diversos países do mundo, travaram algumas das maiores batalhas alguma vez ocorridas a sul do Equador…

Por isso os programas anuais da embaixada de Cuba em Luanda, calam fundo a todos os progressistas angolanos de várias gerações, entre os quais eu me encontro e por isso merecem uma atenção especial para todos os antigos e novos combatentes das duas margens do Atlântico Sul.

3 – É longo o programa previsto para este ano e só em Março, que em Angola é o “mês-Mulher” é este o programa:

Comemoração da memória dos combatentes caídos na batalha do Sumbe, onde da parte cubana só estiveram civis que responderam ao ataque, alguns dos quais caíram na ocorrência (alguns condutores que operavam os transportes em Angola e se encontravam naquela cidade capital do Cuanza Sul);

Comemoração da batalha de Cangamba, o lugar onde as FAR tiveram mais baixas num combate singular em Angola;

Comemoração da batalha do Cuito Cuanavale, decisiva para a afirmação da vitória progressista na África Austral;

Comemoração dos 40 anos da visita do Comandante Fidel de Castro a Angola, a convite do camarada Presidente António Agostinho Neto.

O mês de Março Mulher está carregado de simbolismo e de memória e, como se não bastasse a saga heróica comum Angola-Cuba, em Luanda vai-se também assinalar o aniversário da morte do Comandante Hugo Chavez, o grande impulsionador da integração no continente americano a sul do México.

4 – Na apresentação do programa estiveram presentes muitos angolanos, entre eles antigos combatentes que estiveram nas batalhas de Cangamba e Cuito Cuanavale (membros das respectivas associações), assim como representantes da Federação dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, da Associação Tchiweca de Documentação e da Acção Social Para Apoio e Reinserção, eu próprio, autor destas linhas.

A Presidente da Organização da Mulher Angolana, a antiga combatente da guerrilha Luzia Inglês, antecipou em representação de Angola, a simbiose da memória comum no mês de Março-Mulher!

Haverão romagens nessas comemorações, para uma vez mais lembrar os caídos, angolanos e cubanos irmanados na Luta Armada de então e num momento que a longa Luta contra o Subdesenvolvimento, em paz e com uma democracia multipartidárias garante de Reconstrução Nacional, Reconciliação e Reinserção Social, motiva os angolanos e os antigos combatentes das horas mais decisivas da África Austral.

À cadência de cada batalha ganha, assim tem sido a saga comum Angola-Cuba onde cabem hoje memórias que têm o condão de continuar a mobilizar as vontades comuns para que África leve por diante os imensos resgates que ainda há por realizar!

A Luta Continua!

Venceremos!

Fotos do dia: Apresentação do programa comemorativo para 2017 por parte da Embaixada de Cuba e a presença de antigos combatentes de Cangamba e Cuito Cuanavale.

ONU FORA DA GUINÉ-BISSAU - lê-se em Bambaram di Padida



Na nossa opinião a ONU deve fechar a sua sede no nosso país, Guiné-Bissau, porque está simplesmente a gastar rios de dinheiro sem resolver os problemas que ajudou a criar.

De referir que com a instabilidade muitos países coniventes das cíclicas crises que têm assolado o nosso país ganham muito. A título de exemplo, pesca ilegal levada a cabo pelos navios da União Europeia e China, abate de árvores, assinatura de contratos (bauxite angola, euroatlantic, exploração de areia pesada de varela, emissão de licenças de pesca sem controlo). Negociatas que não beneficiam o povo mas sim os corruptos envolvidos nessas negociatas.

– Em opinião no blogue Babaram di Padida, que prossegue com notícia relacionada da autoria da Agência Lusa.

CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU PROLONGA MISSÃO NA GUINÉ-BISSAU POR MAIS UM ANO

O Conselho de Segurança das Nações Unidas prorrogou a missão na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) por mais um ano, anunciou hoje o escritório guineense da ONU.

A tomada de decisão acabou por representar uma formalidade, dado que todos os meios e operações estão no terreno, sem alterações, pois a prorrogação já era assumida como um dado adquirido, tal como tem acontecido nos anos anteriores.

O mandato foi renovado numa reunião realizada na quinta-feira em Nova Iorque, sendo que o novo período de ação "terá início no dia 01 de março de 2017 e irá até 28 de fevereiro de 2018".

No final do encontro, o Conselho de Segurança manifestou-se preocupado com a crise política na Guiné-Bissau e instou as partes interessadas "a respeitarem e cumprirem rigorosamente o Acordo de Conacri e o roteiro da CEDEAO".

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) patrocinou um acordo entre dirigentes políticos de Bissau, assinado em outubro, na Guiné-Conacri, mas que teve diferentes interpretações e não chegou a ser aplicado.

O parlamento continua bloqueado e depois de o Presidente da República, José Mário Vaz, ter demitido o governo, em agosto de 2015, já deu posse a outros quatro executivos, mas ainda nenhuma conseguiu fazer aprovar um programa ou orçamento de Estado.

Os 15 membros do Conselho congratularam-se com o anúncio de "uma missão de alto nível que deverá chegar ao país sob a orientação da CEDEAO, como parte de um acompanhamento para a implementação do Acordo".

O Conselho de Segurança aponta como prioridades da UNIOGBIS: impulsionar o diálogo político inclusivo, a reconciliação nacional, a revisão da Constituição, a reforma do setor da segurança nacional e do Estado de direito, bem como o desenvolvimento de sistemas de justiça civis e militares compatíveis com as normas internacionais.

Foi ainda dado um voto de confiança à força policial e militar de estabilização, ECOMIB, composta por países do oeste africano, sendo solicitado à CEDEAO que mantenha esta força em funções para lá de 30 de junho - data prevista de desmobilização.

LFO // EL - Lusa

SE EM ANGOLA NÃO HÁ SEPARAÇÃO DE PODERES…



Rui Mangueira, ministro da Justiça (que não existe) e Direitos Humanos (que são constantemente violados) de Angola, disse hoje que a visita da sua homóloga portuguesa, Francisca Van Dúnem, foi cancelada por não haver condições para a sua realização, mas espera que possa realizar-se noutra data.

Orlando Castro*

Esta não explicação foi, apesar de tudo, mais eloquente do que a do embaixador itinerante do regime de José Eduardo dos Santos, Luvualu de Carvalho, que, depois de consultar as “ordens superiores”, disse: “Sobre estas questões particulares não tenho resposta para o imediato”!

Rui Mangueira falava aos jornalistas em Luanda à margem da aprovação, na generalidade, na Assembleia Nacional, da proposta de Lei do Código Penal angolano.

“Não há questões a avançar, foi feito um convite à senhora ministra da Justiça de Portugal para visitar Angola, no âmbito das relações de cooperação bilateral e específicas, no caso da justiça, e uma vez que não existem condições para a realização dessa visita, transferimos para uma outra altura e esperemos que essa visita se venha a realizar em breve”, referiu.

Perceberam? Não? Pois é. Sobre isto – arriscando-nos a ter de pagar direitos de autor – dizemos que “sobre estas questões particulares não temos resposta para o imediato”. Simples.

Embora questionado pelos jornalistas, o governante angolano escusou-se a acrescentar qualquer outra informação sobre o assunto, temendo dizer o que pensa mas sabendo bem dizer o que as “ordens superiores” o mandam dizer. Aliás, esperar que alguma vez Rui Mangueira diga o que de facto pensa é como esperar que um dia uma mangueira venha a dar loengos.

A visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dúnem, a Angola, que deveria ter começado na quarta-feira foi adiada “sine die”, anunciou em comunicado o Ministério da Justiça português, na terça-feira. Também neste caso, o Governo de António Costa bem poderia explicar que “sobre estas questões particulares não tem resposta para o imediato”.

No comunicado, anuncia-se que “a visita da Ministra da Justiça foi adiada, a pedido das autoridades angolanas, aguardando-se o seu reagendamento”. Para quando? Para quando sua majestade o rei José Eduardo dos Santos quiser, prevendo-se que tudo dependa do arquivamento de processos judiciais contra as figuras divinas, e por isso acima de qualquer lei nacional e internacional, do regime que domina Angola desde 1975.

A visita de Francisca Van Dúnem a Angola deveria durar três dias (22 a 24 de Fevereiro) e previa hoje uma intervenção da governante portuguesa num fórum sobre serviços de Justiça, que está a decorrer em Luanda.

A confirmação, sob “mandato do Presidente José Eduardo dos Santos” (nas palavras do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva), desta visita foi feita a 10 de Fevereiro, também em Luanda, pelo chefe da Diplomacia portuguesa.

Caso se realizasse, a visita acontecia uma semana depois de o Ministério Público português ter acusado, entre outros, o vice-Presidente de Angola (e ex-presidente da Sonangol) Manuel Vicente, no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais.

Até ao momento, nenhum elemento da cúpula do Governo angolano em Luanda ou do MPLA, comentou esta acusação. Nem precisa. É fácil de perceber que o MPLA apenas quer que se aplique em Portugal o que é regra inquestionável em Angola: O poder político manda em todos os outros poderes.

Francisca Van Dúnem, escolhida em Novembro de 2015 por António Costa para ministra da Justiça, foi procuradora-geral distrital de Lisboa durante oito anos e fez toda a carreira profissional como magistrada no Ministério Público.

Nasceu em Luanda a 5 de Novembro de 1955, no seio de famílias conhecidas de Angola – Vieira Dias, pelo lado materno e Van Dúnem pelo paterno.

Francisca Van Dúnem chegou a Portugal com 18 anos, para estudar direito, mas a revolução do 25 de Abril de 1974 apanhou-a no segundo ano do curso, tendo regressado temporariamente a Angola.

A ministra portuguesa é irmã de José Van Dúnem, do sector ortodoxo e de obediência soviética do MPLA, e cunhada da militante comunista Sita Valles, ambos mortos na sequência dos massacres de 27 de Maio de 1977 em Angola, em que milhares de angolanos do MPLA foram assassinados por ordem do… MPLA.

*Folha 8

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POLÍCIA IMPEDE MANIFESTAÇÃO DE PROTESTO DE ATIVISTAS EM LUANDA



A polícia impediu hoje, em Luanda, o protesto de ativistas que pretendiam pedir a demissão do ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, por conduzir o registo eleitoral e concorrer em simultâneo a vice-Presidente da República.

Conforme a Lusa constatou no local, cerca das 15:00 (menos uma hora em Lisboa), o grupo com alguns jovens foi impedido pela polícia de entrar no largo 1.º de Maio, centro de Luanda, local em que pretendiam realizar o protesto, conforme anunciado anteriormente.

Antes da tentativa de protesto o largo já encontrava vedado por agentes policiais e na envolvente permanecem vários elementos da Polícia Nacional, inclusive com equipas cinotécnicas, por alegadamente a manifestação não estar autorizada.

As próximas eleições em Angola estão previstas para agosto e o registo eleitoral, que envolve prova de vida dos eleitores que votaram em 2012 e o registo de novos eleitores, que no total já passou a marca dos oito milhões, decorre até final de março, num processo tutelado politicamente pelo ministro Bornito de Sousa, que é também o número dois da lista candidata pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde a independência, em 11 de novembro de 1975.

"Exigimos a demissão imediata do senhor Bornito de Sousa (...) Tendo em conta o nosso compromisso com a transparência do processo eleitoral, como uma das formas é evitar a fraude eleitoral, sairemos às ruas em protesto", lê-se na carta que os ativistas organizadores do protesto enviaram ao Governo Provincial de Luanda, informando da manifestação.

Na organização deste protesto estavam Hitler Samussuku e Arante Kivuvu, que integraram o grupo de 17 jovens condenados em 2016, pelo tribunal de Luanda, a penas de prisão e mais tarde amnistiados.

A Lusa tentou contactar telefonicamente com ambos, mas até ao momento sem sucesso.

Um outro elemento da organização deste protesto, que anunciavam ainda para hoje uma "marcha pacífica" até ao Ministério da Administração do Território, disse que foram detidos junto ao largo 1.º de Maio dois ativistas, mas a Lusa não conseguiu confirmar a informação junto da polícia.

A lista do partido no poder em Angola desde 1975 é liderada pelo general João Lourenço, atual vice-presidente do MPLA e ministro da Defesa Nacional, que dessa forma concorre a Presidente da República. Simultaneamente, Bornito de Sousa foi anunciado como número dois da lista candidata do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) às eleições gerais, concorrendo assim ao cargo de vice-Presidente.

Também o Movimento Revolucionário de Benguela agendou esta tarde uma manifestação "pacífica" idêntica, na cidade capital daquela província.

"Comprometidos com a transparência do processo eleitoral, sairemos às ruas com o propósito de exigir a demissão imediata do senhor Bornito de Sousa do cargo de ministro da Administração do Território", lê-se na carta informando o Governo Provincial de Benguela da realização do protesto, o qual não terá sido autorizado por aquele órgão.

Os partidos da oposição em Angola também já protestaram contra a condução do processo de registo eleitoral por parte do Governo, afirmando que a competência do mesmo seria da Comissão Nacional Eleitoral, mas o Tribunal Constitucional deu razão no final de 2016 aos argumentos do executivo.

A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).

O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votados é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições de 2012.

PVJ // EL - Lusa

Luaty Beirão entre ativistas que se queixam de agressões da polícia em manifestação

Ativistas angolanos, incluindo o 'rapper' Luaty Beirão, queixam-se de agressões da polícia, em Luanda, quando tentavam manifestar-se contra o ministro da Administração do Território, por conduzir o registo eleitoral e concorrer em simultâneo a vice-Presidente da República.

"Levei porretes, fui mordido por um rottweiler da polícia e não consigo mexer a mão esquerda. Não sei se tenho algum problema no tendão", contou à Lusa Luaty Beirão, após a manifestação ter sido impedida pela intervenção da polícia.

O ativista luso-angolano integrava um grupo de 10 jovens que foram barrados pela polícia angolana quando se aproximavam do largo 1.º de Maio, em Luanda, para a manifestação agendada para hoje, pelas 15:00 (menos uma hora em Lisboa), pedindo a demissão do ministro Bornito de Sousa.

"Vários miúdos com escoriações, levaram com agressões indiscriminadas da polícia, na cabeça, a pontapé, com porretes e cães", apontou ainda Luaty Beirão, após ter sido assistido e ainda queixoso.

Além do 'rapper', a tentativa de manifestação pacífica naquele local central da capital envolveu vários outros ativistas do grupo de 17 que em março de 2016 foram condenados pelo Tribunal de Luanda a penas de cadeia até oito anos e meio, entretanto abrangidos pela lei da Amnistia, aprovada pelo parlamento, casos de Hitler Samussuku e Arante Kivuvu.

Antes da tentativa de protesto, o largo já se encontrava vedado por agentes policiais, como a Lusa constatou, e na envolvente permaneciam vários elementos da Polícia Nacional, inclusive com equipas cinotécnicas, por alegadamente a manifestação não estar autorizada.

As próximas eleições em Angola estão previstas para agosto e o registo eleitoral, que envolve prova de vida dos eleitores que votaram em 2012 e o registo de novos eleitores, que no total já passou a marca dos oito milhões, decorre até final de março, num processo liderado politicamente pelo ministro Bornito de Sousa, que é também o número dois da lista candidata pelo MPLA.

"Exigimos a demissão imediata do senhor Bornito de Sousa (...) Tendo em conta o nosso compromisso com a transparência do processo eleitoral, como uma das formas é evitar a fraude eleitoral, sairemos às ruas em protesto", lê-se na carta que os ativistas organizadores do protesto enviaram ao Governo Provincial de Luanda, informando da manifestação.

A lista do partido no poder em Angola desde 1975 é liderada pelo general João Lourenço, atual vice-presidente do MPLA e ministro da Defesa Nacional, que dessa forma concorre a Presidente da República. Simultaneamente, Bornito de Sousa foi anunciado como número dois da lista candidata do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) às eleições gerais, concorrendo assim ao cargo de vice-Presidente.

Os partidos da oposição em Angola também já protestaram contra a condução do processo de registo eleitoral por parte do Governo, afirmando que a competência do mesmo seria da Comissão Nacional Eleitoral, mas o Tribunal Constitucional deu razão no final de 2016 aos argumentos do Executivo.

A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).

O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votados é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições de 2012.

PVJ // EL - Lusa

Angola. AI diz que o descontentamento social foi silenciado pelo governo



Amnistia Internacional acusa o governo de usar julgamentos com “motivações políticas” ou acusações de difamação e leis de segurança nacional para suprimir os direitos humanos.

O descontentamento social e os protestos decorrentes do agravamento da crise económica no país, provocada pela quebra nas receitas do petróleo, foram silenciados pelo governo e com violação de direitos, acusou a Amnistia Internacional (AI).

A informação consta do relatório anual de 2016 daquela organização, divulgado hoje e que recorda que o agravamento da crise “desencadeou aumentos de preços para alimentação, saúde, combustível, recreação e cultura”.

“Isto levou a manifestações contínuas de descontentamento e restrições aos direitos à liberdade de expressão, associação e reunião pacífica. O governo usou o sistema de Justiça e outras instituições do Estado para silenciar a dissidência”, lê-se no relatório da AI.

A organização acrescenta que o direito à moradia e o direito à saúde também “foram violados” em 2016, recordando que o Comité de Direitos Económicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas chegou a expressar “preocupação com medidas de austeridade regressiva” decididas pelo governo.

“Incluindo a alocação insuficiente de recursos para o setor de saúde”, refere a Amnistia.

Angola registou em 2016 epidemias de febre-amarela e de malária, com milhares de pessoas afectadas e alertas para falta de medicamentos e material básico nos hospitais do país.

O relatório da AI aponta ainda que prisões arbitrárias, julgamentos com “motivações políticas” ou acusações de difamação e leis de segurança nacional “continuaram a ser utilizadas para suprimir defensores dos direitos humanos, dissidentes e outras vozes críticas” do governo.

Ainda assim, a Amnistia destaca que a libertação de “prisioneiros de consciência” – casos em Luanda, com o grupo dos 17 activistas condenados e depois libertados, e em Cabinda, com o activista Marcos Mavungo – foram “passos positivos”, mas sublinha que os ganhos “continuam frágeis sem uma reforma legislativa estrutural” e o “total compromisso” com os padrões internacionais de defesa dos direitos humanos.

O caso de Rufino António, de 14 anos, morto a tiro em Viana, arredores de Luanda, por militares, durante um protesto contra a demolição da casa dos pais, é também recordado pela organização. Ocorrido em Agosto último, é apontando como um exemplo da violação do direito à habitação, face aos vários casos de despejos forçados e ocupação de terras no país.

“Os suspeitos do homicídio ainda não tinham sido levados à Justiça no final do ano [2016]”, critica a AI, sobre o caso deste adolescente.

A aprovação, em Novembro, no parlamento, de um novo pacote legislativo para regular a comunicação social é ainda visto pela organização como uma ameaça à liberdade de expressão.

Lusa, em rede Angola

Angola. PROVAS DE VIDA NÃO RECONHECIDAS?!



ALGUMAS DAS QUESTÕES QUE OUSO COLOCAR ENQUANTO “SOLDADO DO MPLA”!

Martinho Júnior, Luanda  

O estado angolano está a levar a cabo e muito bem, campanhas de rigor em relação a quem beneficia de assistência social, de pensões de reforma e de abonos de toda a ordem, em função das políticas respeitantes à reconstrução nacional, reconciliação e reinserção social.

Ainda há pouco tempo a Caixa da Segurança Social das FAA assim procedeu, o Instituto Nacional de Segurança Social assim está a proceder e consta que a Caixa de Protecção Social do Interior também terá dado início à sua parte nesse tipo de tarefas inerentes à boa governação.

As provas-de-vida multiplicam-se por todo o país, um esforço de elogiar e apoiar por parte de todos os angolanos, até por que, financeiramente esse é um compromisso do próprio estado angolano perante seus cidadãos e perante a sociedade angolana, tirando exclusivo partido de fundos próprios, inteiramente nacionais!

Creio que não haverá cidadão algum de boa-fé, nem antigo combatente, nem veterano da pátria, que não deva reconhecer e apoiar esse esforço, pois o estado angolano deve ser salvaguardado enquanto “res publica”, enquanto factor muito activo, completamente identificado com as mais legítimas aspirações e interesses de todo o povo angolano, defendido de todo o tipo de vulnerabilidades contra a lei, contra o que lhe é inerente e, ao-fim-e-ao-cabo, contra o que pode manchar, ainda que minimamente, o carácter que advém de sua matriz histórica e antropológica!

A Acção Social Para Apoio e Reinserção, ASPAR, onde além do mais sou Secretário-Geral, reconhece enquanto Instituição de Utilidade Pública esse esforço meritoso que visa também premiar de forma substantiva a dignidade, o trabalho, o curriculum dos combatentes e a vida de tantos que lutaram e lutam em benefício de todo o povo angolano!

Em 2012 a Caixa de Protecção Social do MININT entendeu começar a pagar reformas de pessoas que fazem parte da comunidade de associados da ASPAR, que perfizessem a idade garante para tal, o que foi feito durante vários meses até Dezembro desse ano.

Nesse âmbito receberam pensões alguns antigos oficiais-operativos não patenteados pelas FAPLA, ou pelo MININT, ou reconhecidos apenas enquanto sargentos, ou praças e trabalhadores civis das antigas instituições que entretanto foram sendo extintas e que não foram contempladas no âmbito de acordos como o de Bicesse.

Entre os contemplados com essas pensões em 2012 está a senhora Teresa Joaquina Lourenço, antiga auxiliar de limpeza, de origem e vocação camponesa, que além de se apresentar como membro da ASPAR, é membro da OMA, Organização da Mulher Angolana, da União dos Camponeses do Rio Seco (Cabiri) e da AASTI, (Associação de Amizade a pessoas de Terceira Idade).

A Senhora Teresa Joaquina Lourenço deveria estar a preparar-se para fazer prova-de-vida na Caixa de Protecção Social do MININT, todavia, tal como ocorreu com outros pensionistas associados da ASPAR que preenchiam os quesitos acima sumariamente enunciados, deixaram de receber suas pensões de há quase cinco anos a esta parte e, muitos desses reformados, acabaram por cair no desamparo, se entretanto não desapareceram na voragem do tempo e dos padecimentos.

A Senhora Teresa Joaquina Lourenço perdeu recentemente dois filhos e vive actualmente com dois netos que estão desempregados, no Neves Bendinha, em Luanda e está numa situação crítica, como muitos outros casos similares, até para garantir seu próprio sustento, pois já conta com 77 anos…

Conheço alguns casos que a situação é ainda mais grave que a dela, pois ela quando vai à sede da ASPAR “capricha” na sua compostura e apresentação e alguns já nem nisso “estão lá” por razões de pobreza!...

Com o mesmo rigor com que se leva por diante as provas-de-vida onde quer que isso seja necessário de acordo com as responsabilidades do estado angolano, que a ASPAR apoia e elogia incondicionalmente enquanto Instituição de Utilidade Pública, constata-se que em relação à comunidade associada da própria ASPAR além do mais há casos como este, que afectam pessoas em terceira idade, uma idade em que todos devem ser tratados com humanidade, solidariedade, carinho e responsabilidade patriótica no quadro das actuais políticas de paz decorrentes em Angola!

Que provas-de-vida poderão então realizar as pessoas membros da ASPAR que foram abrangidas pelas pensões da Caixa de Protecção Social do MININT em 2012 e as viram suspensas de há cinco anos a esta parte?

Quantos entretanto já morreram inclusive por causa de sua marginalização?

O que está efectivamente a ser decidido em relação a outros que desde 2012 e nas mesmas condições, deveriam já ter sido abrangidos pela reforma?

Quantas Direcções da referida Caixa vão precisar de passar por essa instituição, sem que compromissos antes de mais humanitários, sejam decididos e postos em prática?

As vidas desses “mais velhos”, quantas vezes testadas nas horas mais difíceis e decisivas de Angola ao serviço do estado angolano, são “fantasmas” que não sendo reconhecidos, até nem as provas-de-vida conseguem realizar por causa de sua situação de reforma ainda por definir?

Porquê, quando alguns deram prova individualmente de “tratar tão egoistamente dos seus umbigos”como nunca antes foram tratados, colocando em causa os atributos do estado angolano e de muitas instituições, entre elas as instituições de crédito nacionais, comunidades colectivas como esta, apesar de associadas numa Instituição de Utilidade Pública, merecem este tipo de tratamento?

Porquê marginalizar dessa maneira, com que convicções, com que critérios, com que métodos e com que objectivos?

Essas são questões pertinentes que coloco com base num dia-a-dia enquanto SOLDADO DO MPLA! 

Fotos: Teresa Joaquina Lourenço na visita que fez dia 22 de Fevereiro de 2017, à sede da ASPAR, ao Zango III, Luanda.

Portugal. 10 MIL MILHÕES



Ana Alexandra Gonçalves*

Entre 2011 e 2014 o país conheceu uma formidável fuga de capitais com destino a offshores: 10 mil milhões comunicados pelas instituições financeiras, mas que contaram com um conveniente fechar de olhos das Finanças. Importa lembrar que todos os anos os bancos prestam informações sobre transferências de dinheiro ao fisco, mas por alguma razão que importa agora deslindar, essas transferências contaram com o desprezo das Finanças, ao contrário do que dita a lei.

As "omissões" foram detectadas pelo Ministério das Finanças entre finais de 2015 e princípio de 2016. O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, pretende que se apure o que se passou.

Recorde-se também que estes foram os anos de austeridade imposta por Passos Coelho que trocou, temporariamente, essa sua estranha obsessão pelas famigeradas SMS trocadas entre o actual ministro das Finanças e o ex- Administrador da Caixa Geral de Depósitos. Passos Coelho e os seus ministros das Finanças, enquanto pediam sacrifícios aos trabalhadores, aos desempregados e aos pensionistas, deixaram que perto de 10 mil milhões de euros desaparecessem sem exigir quaisquer satisfações. Ou alguém acreditará que essa foi uma decisão dos serviços de Finanças, à revelia do ministério?

Ao invés de andar preocupado e até obcecado com SMS e afins, Passos Coelho faria muito melhor figura se viesse explicar o que raio se passou entre 2011 e 2014.


Portugal. FÁTIMA, O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO DOS GANANCIOSOS - O NEGÓCIO





“E Jesus, irado, pôs de pantanas o templo por via dos vendilhões que ali prosperavam e professavam a ganância”, assim se pode dizer sobre os “vendilhões do templo” em Jerusalém, descritos na biblía.

Afinal Jesus não era assim tão “santo” como alguns querem fazer crer. Irava-se e tornava-se agressivo. Afinal é natural e ele era um homem, não um banana. Foi em Jerusalém.

Em Portugal, em Fátima e arredores, no ano de 2017 (e anteriores), em Maio é tempo dos vendilhões do templo, dos ganancioosos. Atualmente não há Jesus para lhes virar o negócio de pantanas, e isso é pena, é mau. E a igreja católica-apostólica-romana em Portugal faz ouvidos de mercador, é cega, surda e muda.

O negócio de Fátima vem já a seguir. Fátima, “a senhora apareceu por ali” e o milagre da multiplicação dos gananciosos prospera.

Ele há coisas que cada vez mais nos faz desacreditar na versão pastorícia sobre Fátima, muito mais ainda que no aldrabão Passos Coelho, por exemplo (aqui em baixo).

Um negócio chorudo para a igreja (já sabemos) e cada vez mais para os multiplicadíssimos gananciosos que à igreja se alapam com vista à prosperidade diabólica dos seus próprios negócios. Fátima, uma patranha que dá lucros? Ou será mais uma versão atual dos vendilhões do templo?

Com boa vontade, aqui exposta: Era bom que a igreja portuguesa esclarecesse e agisse. Que deixasse de ser banana.

MM / PG

Uma noite em saco-cama para dois adultos custa quase mil euros em Fátima

Os poucos alojamentos que restam em Fátima para a visita do papa Francisco, a 12 e 13 de maio, apresentam preços exorbitantes e há mesmo quem tenha arrendado uma noite em saco-cama por quase mil euros.

Uma casa de hóspedes que funciona num edifício de cinco pisos, com 40 quartos e apartamentos, no centro da cidade, propunha, numa página de reservas na internet, uma noite para dois adultos em "quarto duplo económico" (aparentemente apenas para os dias da visita do papa), com estada em saco-cama, por 992 euros, já sem vagas disponíveis.

O mesmo empreendimento turístico anuncia, para a noite de 12 para 13 de maio e ainda com lugares disponíveis, um quarto para duas pessoas com casa de banho partilhada por 1.192 euros (com casa de banho privativa o mesmo quarto custa mais 300 euros por noite), e outras opções, de alojamento triplo até um apartamento para 10 pessoas, com preços que variam entre os 2.300 e os 6.000 euros.

Uma cama em dormitório de seis pessoas, com casa de banho partilhada, fica pelos 500 euros por noite, subindo para 600 euros com casa de banho privativa.

Mas se o visitante optar pelo fim de semana anterior à visita papal, os mesmos preços caem vertiginosamente: as camas em dormitórios variam entre os 40 e 60 euros, o apartamento de 10 hóspedes passa a custar 500 e o quarto duplo 120 euros.

Já outra unidade de apartamentos turísticos, que no quarto de 45 metros quadrados disponibiliza frigorífico e micro-ondas, pede 2.000 euros pela mesma noite para dois adultos, preço que no fim de semana anterior não ultrapassa 60 euros.

Apesar do reitor do Santuário, Carlos Cabecinhas, ter apelado, no início do mês, a que não haja especulação de preços na visita do papa Francisco, pelo menos duas modernas unidades hoteleiras propõem preços que chegam a ser 40 vezes superiores às tarifas praticadas fora do 13 de maio e, aparentemente, são as únicas que ainda possuem vagas na cidade.

Os dois hotéis de quatro estrelas anunciam quartos duplos por 2.150 e 2.500 euros, um deles também na sua própria página de internet, tendo registado em conjunto mais de três dezenas de reservas nos últimos dois dias.

A maioria das reservas para a peregrinação de maio é não reembolsável, o que quer dizer que, a mais de dois meses da visita papal, se for cancelada terá de ser paga na totalidade.

O aumento de preços faz-se sentir não só em Fátima mas também na região circundante, num raio de cerca de 60 quilómetros (km): em Leiria, a 30 km do santuário de Fátima, um quarto duplo num hotel de quatro estrelas é proposto por 1.200 euros na noite de 12 para 13 de maio. No fim de semana anterior, o mesmo quarto custa 60 euros.

Na mesma cidade, em dois 'hostel' do centro histórico, há quartos duplos disponíveis a preços que vão dos 500 euros e 600 euros (com casa de banho partilhada) até 650 euros com wc privativo (mas fora do quarto). Uma cama em dormitório misto ascende a 200 euros.

Uma semana antes, as mesmas acomodações variam entre os 35 a 39 euros diários, enquanto a cama não ultrapassa os 12 euros.

Já em Santarém, a 58 km de Fátima, os preços também aumentam, mas em menor proporção: dois hotéis pedem 350 euros por uma noite em quarto duplo, acomodação que uma semana antes não ultrapassa os 75 euros.

Com a vista papal, crescem os negócios entre particulares e, em páginas na internet, não faltam propostas de arrendamento de quartos em moradias, em Fátima e em localidades próximas como Minde ou Caxarias, mas também no Entroncamento ou na praia de Vieira de Leiria, a preços entre os 300 a 1.000 euros diários e algumas com direito a transporte em viatura própria do proprietário até ao Santuário.

Num dos anúncios, um homem diz ter reservado e pago três quartos num hotel de três estrelas de Alcobaça, a 40 km de Fátima, por 205 euros cada (quase cinco vezes a tarifa normal) "dado a visita do papa a Portugal".

"Infelizmente, não poderei estar presente e nesse sentido cedo os três quartos duplos pelo preço a que fiz a reserva", um total de 615 euros, anuncia.

Lusa, em Notícias ao Minuto

POEIRA PARA OS OLHOS





Expresso Curto. Curto, como o mês de Fevereiro, como a credibilidade dos políticos, dos deputados, dos governos e dos primeiros-ministros, dos presidentes da República, como dos jornalistas e de tantos outros que têm responsabilidades maiores na transformação de Cabaret da Coxa em que este país, a UE e o mundo se está a transformar. Até parece que estamos perante o planeta dos sTrumps. E porquê a abordagem? Devido ao tema do dia (que devia não ser), os SMS sobre a CGD ou António Domingos versus Centeno – ministro das finanças.

Os SMS são a novela dos náufragos, o CDS e o PSD de Passos. Os SMS são a tábua de salvação que aqueles náufragos vislumbram. Eles estão vãos de justificar a alternativa por que optaram quando foram governo, vãos de capacidades para justificar porque optaram por roubar tudo e mais alguma coisa aos portugueses enquanto acontecia o “milagre” de os ricos ficarem mais ricos na vigência da sua governação. Quando afinal existiam outras opções de governar, como está a ser provado pelo atual governo de Costa. A vedeta, o cérebro (abençoado) é Centeno – o tal ministro que mentiu sobre as isenções de apresentarem o que têm e não têm ao Tribunal Constitucional. Centeno, ingénuo, foi na onda. Ingénuo porque está na cara que o é. Dá para ver, para perceber. O homem não é um político mas sim alguém que já provou que o anterior governo PSD/CDS esteve por quatro anos no governo com o fito de roubar os portugueses, de entregar aos ricos o que roubou aos pobres, aos remediados e aos assim-assim. A ex-ministra das finanças dessa tal governança, Maria Luísa Albuquerque não passa de uma blague que provou ter artes de Xerife de Nottingham, sucessora de um tal Vítor Gaspar do mesmo jaez – representantes amainatados dos muito mais ricos de Portugal, dessa UE, do mundo. Tanto assim era, foi, que passaram a ser troféus exibidos pela Alemanha, por Shaubler, ministro das finanças hitleriano no governo de Merkel.

Estes engulhos estão nas goelas do CDS/PSD de Passos e daqueles que eles serviram. Nada mais têm para obstar às provas de que roubaram os que roubaram porque sim. Para entregar aos muitos mais ricos ainda mais e para vergarem os que produzem, os que realmente trabalham. Que são explorados e oprimidos sob a lenga-lenga de que vivemos em democracia. Mas qual democracia? Qual justiças? E sem justiças – sociais, criminais e outras – não existe democracia. A não ser ser democracia seja só existirem eleições e serem eleitos grandes aldrabões (comprovadamente) como Passos Coelho ou tartufos como Paulo Portas.

Esquecendo que este é o Expresso Curto, a seguir, a converseta vai longa. Mais que o habitual. Rematando, que se faz tarde e o golo está eminente:

Em Portugal, pelo menos, todos sabemos que a ingenuidade do ministro das finanças, Centeno, lhe permitiu admitir que seria possível isentar António Domingos e séquito na CGD da apresentação ao Tribunal Constitucional sobre as suas posses. Assim como todos sabemos que compulsivamente Passos levou anos inteiros a mentir, desde a campanha eleitoral até à data que seja anunciada ter ocorrido a última mentira. Por exemplo: que a sua intenção é o doentio ressabiamento, é vender a privados a CGD, é estar-se para as tintas sobre o país e os portugueses e servir os que ele tem em mente e já serviu enquanto primeiro-ministro (a saber)…

Centeno e Costa, o governo, os partidos da dita esquerda, meteram-se numa camisa de onze varas ao não deitarem cá para fora a verdade, a ingenuidade do ministro das finanças, Centeno. Deram lenha para se chamuscarem, deram a tal tábua de salvação aos naufragos, à chamada oposição PSD/CDS.

O que fazer? Lembrar que os cães ladram e a caravana passa. Governar e melhorar os índices que interessam ao país, como está a acontecer, ganhar novamente em eleições para a mesma “aliança parlamentar” (ao menos isso). Importa não deixar o PS sozinho, com maioria absoluta porque senão vamos ter mais do mesmo e veremos o PS tornar-se num CDS/PSD com um festival de corruptos como já anteriormente aconteceu. Importa Portugal e os portugueses que já viram o quanto aldrabões, vigaristas, são os que antes e agora predominam nas fileiras de Passos Coelho. Aqueles que alinham na farsa do “incómodo” de Centeno ter mentido ao país sobre os SMS mas nunca se sentiram “incomodados” por terem por líder partidário e PM um mentiroso compulsivo, um descarado, um doentio ressabiado cujo crédito é zero menos.

Senhores do PSD, não nos atirem mais poeira para os olhos. Atirem com Passos pela janela do rés-do-chão (para não se magoar). Sejam portugueses em vez de representarem os interesses da pátria do cifrão. Assunção Cristas, do CDS, logo baixará a crista e se reduzirá à condição de muleta carcomida do costume. Espadanando de vez em quando só para os seus verem. Os tachos. Ai os tachos!

Parem de nos deitar areia para os olhos.

Bom dia, tenham o melhor fim-de-semana possível. Henrique Monteiro a seguir. Sobre poeira. Soma e segue.

MM / PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Henrique Monteiro, Expresso

É preciso deixar assentar a poeira

A NASA revelou, através do seu Twitter oficial, que uma grande parte da Península Ibérica está a ser afetada por uma mancha de poeira arrastada pelo vento desde o deserto do Saara, no norte de África. O sotavento algarvio, o interior do Baixo Alentejo e o arquipélago da Madeira vão ser as zonas mais afetadas até hoje, segundo informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Isto significa que é prudente deixar assentar a poeira, antes de começarmos a analisar certos fenómenos toldados pela incursão norte africana que podem excitar em demasia os atores políticos. A fuga dos 10 mil milhões, por exemplo significa o quê? Será dinheiro legal? Terá pago os impostos? Não há liberdade de circulação de capitais? Foi o computador que falhou? São meros movimentos interbancários? É chicana política? O Fisco não tem 12 anos para poder cobrar eventuais fugas? O que estamos na realidade a discutir? Descuidos? Ilegalidades? Branqueamento de capitais?

Jorge Coelho já sabe que o atual secretário de Estado, Rocha Andrade, está 'limpinho'. Disse-o ontem à noite no programa 'Quadratura do Círculo'. Acusações entre os líderes do PSD e do PS sobem de tom, mas ainda não se percebeu que dinheiro é aquele. De empresas? De pessoas com dinheiro, como disse Pacheco Pereira? Tanto Rocha Andrade como o seu antecessor Paulo Núncio serão ouvidos no Parlamento na quarta feira de cinzas, logo após a terça de Carnaval. A poeira pode já ter assentado.

Ao PSD deu-lhe, aliás, uma vontade indomável de ouvir todos os responsáveis pelo fisco desde 2011, como forma de dar a entender que nada tem a temer com a investigação aos 10 mil milhões que terão dito adeus ao país sem cumprir as necessárias formalidades. Ao PS e restante esquerda dá jeito haver um caso que envolve o Governo anterior. É só poeira, ou só fumaça, como disse o almirante Pinheiro de Azevedo em 1975? Sabe-se lá.

Tudo isto é confuso, até que a poeira se dissipe..

E já agora que os aviões aterrem no Montijo com preços 30 por cento mais baratos do que na Portela, como se explicava no Expresso Diário de ontem à tarde.

OUTRAS NOTÍCIAS

O Presidente da República parece ter passado uma rasteira (ou terá sido apenas uma coincidência?) à líder do CDS, Assunção Cristas que lhe pediu uma audiência para se queixar do que se passa no Parlamento. Marcelo decidiu que almoçaria antes desse encontro com o… Presidente da Assembleia, Eduardo Ferro Rodrigues.

Passadas as congratulações pelo bom desempenho da Economia portuguesa chegou agora um certo desapontamento. O PIB em Espanha cresceu 3,2%, cerca de 2,5 vezes o crescimento português. Afinal, os crescimentos não são de esquerda nem de direita. Lá foi com o velho Mariano Rajoy, resistente a duas eleições, sem maioria absoluta, boa parte do tempo sem Governo.

E ainda faltava vir uma ministra sueca descompor o Governo português por este isentar de impostos os pensionistas de outros países. Magdalena Andersson não tem nada contra o gosto por sardinhas, mar e Sol, mas acha um abuso que um país da UE isente cidadãos da União. É isso. Portugal é o paraíso fiscal dos reformados…

Na Europa, Portugal não aceita uma declaração sobre o futuro da UE, que os principais países querem aprovar em Roma a 25 de março, se mesma não incluir uma declaração sobre o Euro. O ´Público´traz bastantes pormenores sobre o assunto.

Entretanto há o caso da CGD. Que, como sabe, é o caso da CGD que nós pagamos. Que, como também sabe, é o caso da CGD que envolve comunicações (SMS) privadas (para uns podem ser divulgadas, para outros não) que – como finalmente sabe – o PCP, o Bloco e o PS não querem que se discuta, mas o PSD e o CDS querem, exigem e batem o pé. De tal modo que Cristas faz queixas ao PR e o líder parlamentar do PSD diz (e com ar dramático) que “Estamos a voltar aos tempos da claustrofobia democrática”.

Sem estar relacionado, Cavaco Silva aproveitou para dar uma entrevista à RTP onde negou estar a ajustar contas com aquele senhor que foi primeiro-ministro do XVIII Governo Constitucional (não façam contas, é mesmo José Sócrates) e que ele nunca tratou pelo nome. “A vida correu-me bem” disse o ex-Presidente, “não tenho contas a ajustar com ninguém”. Hoje, nas páginas do ´Público´, o socialista Jorge Lacão responde a Cavaco e contra-ataca dizendo que viu o "Presidente preocupado com o interesse dos acionistas do BPN".

A propósito das acusações de falta de lealdade que Cavaco dirige ao primeiro-ministro do XVIII Governo - esse - o juiz Rui Rangel foi acusado pelo Supremo de lealdade a mais em relação a Sócrates. Diz mesmo que ele foi parcial.

Aqui no 2.59 vê uma excelente peça de jornalismo de dados sobre como os cancros vão ser cada vez mais e matar cada vez menos. Vera Arreigoso explica tudo.

O aeroporto de Mosul foi capturado ao Daesh pelas forças armadas do Iraque, que assim parecem cada vez mais próximas de controlar aquela cidade do Norte do país. Neste vídeo da BBC, com cenas violentas, pode ver-se o modo como os combates decorrem na cidade.

O irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-nam, foi morto por um gás chamado VX, um elemento altamente tóxico e banido detetado no seu corpo, dizem as autoridades da Malásia, onde decorreu o assassínio.

Pode parecer estranho, mas a manchete da página da Internet do The New York Times foi durante horas sobre a reversão de uma medida de Obama acerca das casas de banho que os transgenders podiam usar nas escolas.

Eis aqui um texto e vídeo que pode ter a sua utilidade: um guia infalível para discutir com apoiantes de Trump. Não é quem em Portugal haja muitos, mas vão começando a aparecer. E sempre é melhor estar preparado. As dicas são de um veterano em debates políticos. A maioria dos exemplos desmonta as ideias preconcebidas sobre os muçulmanos.

Ontem à noite, os candidatos a presidente do Sporting fizeram um debate televisivo na SportingTV. Quem ganhou ao fim de quase duas horas e meia? Não faço ideia, mas se lerem o relato de Pedro Candeias podem ficar com uma opinião.

Finalmente, não esquecer que, além do futebol (o Benfica recebe já hoje o Chaves, o Sporting joga amanhã no Estoril e o Porto no domingo vai ao Boavista), a madrugada da próxima segunda-feira é preenchida pelos Oscares. Aqui pode ver uma síntese do que se vai passar, os candidatos, os preferidos

FRASES

“O futebol é a imagem da vida e da sociedade (…) Quando estão em campo, vocês precisam uns dos outros e cada um aplica a sua habilidade em benefício de um ideal comum, que é jogar bem e ganhar”, Papa Francisco, ao receber a equipa do Villarreal (Espanha) que defrontou ontem o Roma.

“O caso dos pássaros… É só pegar em duas shotguns e o problema dos pássaros resolve-se… A sério já lá levantam e pousam aviões”, Michael O’Leary, presidente da Ryanair em entrevista ao ‘Público’, referindo-se a um dos eventuais problemas do aeroporto do Montijo.

“Os seres humanos não querem apenas conforto, segurança, poucas horas de trabalho, higiene, controlo de natalidade e, no geral, senso comum; também querem, pelo menos intermitentemente, luta, auto-sacrifício, para não referir tambores, bandeiras e manifestações de lealdade ao chefe”George Orwell, numa crítica, em 1940, ao livro Mein Kampf, de Hitler, recordado na edição de ontem do Financial Times por Philip Stephens

“Numa economia capitalista o mercado premeia coisas raras e valiosas: O uso das redes sociais não é decididamente raro ou valioso” Carl Newport, professor de Ciência Informática na Universidade de Georgetown num artigo do The New York Times intitulado “Deixe as redes sociais. A sua carreira pode depender disso”. Como escreveu Manuel Alegre, “Há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não”.

“Só uma plataforma, o Facebook, criou mais de 4,5 milhões de empregos na atividade das redes sociais” Patrick Gillooly, diretor de comunicações digitais no site Monster, respondendo, também no NYT, ao desafio de Newport. Também há quem diga sim

O QUE EU ANDO A LER

Um rapaz estuda para ser padre, na nortenha Póvoa do Varzim e acaba no ‘Paraíso da Terra’, a velha e já terminada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS. Foi o caso de José Milhazes figura, e sobretudo voz inconfundível do nosso jornalismo, que convertido a uma religião terrena acreditou que ia para a terra prometida.

Não foi bem assim e ele bem o sentiu. Agora, passados 30 anos dessa viagem que o levou da Póvoa a Moscovo, pôs tudo em livro. “As minhas aventuras no país dos Sovietes”, com o subtítulo “A União Soviética tal como eu a vivi” (edição da Oficina do Livro, 352 páginas) é um corajoso testemunho pessoal, útil sobretudo para aqueles que pensam que o mal estava nos homens e não nas ideias totalitárias próprias da ideologia marxista-leninista que ali fez lei. Milhazes que foi estudar História da Rússia e, como ele próprio diz, assistir “à construção do comunismo” ficou com o curso completo, sem em vez de construção considerarmos destruição daquele totalitarismo, agora substituído por um mais moderado, mas ainda assim violento, comandado por um antigo mandante dos serviços secretos da URSS, Vladimir Putin. Vale a pena.

E pronto. Hoje ao fim da tarde tem o Expresso Diário e amanhã o Expresso semanal, ambos carregados de notícias. Segunda-feira, véspera de Carnaval, voltará o Curto com mais informação. Ao longo de todos os dias e de todas as horas, em expresso.pt, tudo o que acontece.

Tenha um bom fim-de-semana, sobretudo se ele se prolongar até à tolerância de ponto de terça.

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