Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
Tal como esperado, o Presidente
da República vetou a famigerada lei do financiamento dos partidos políticos.
Assim, Marcelo Rebelo de Sousa devolve ao Parlamento aquilo que havia sido
cozinhado na penumbra. De resto, o Presidente justifica a sua decisão com o
facto de estar em causa a "ausência de fundamentação publicamente
escrutinável quanto à mudança introduzida".
O Parlamento, designadamente os
partidos que estão por detrás destas mudanças têm agora a oportunidade de
emendar a mão, melhorando substancialmente a lei - o que existe agora acabou
por morrer. Na verdade, e mesmo que as hipotéticas alterações fossem genericamente
positivas - para além do espectro político-partidário -, o secretismo e agora a
ausência de explicações e a fuga para a frente de quem à revelia dos
cidadãos tomou decisões resultam numa ideia indelével: a de que os partidos
políticos envolvidos procuraram legislar longe do escrutínio dos cidadãos e em
benefício próprio.
Partidos como o PSD, à espera de
um líder que seja qual for é contra estas alterações à lei, e Bloco de
Esquerda, pouco claro neste particular, dificilmente se manterão próximos da
lei que é agora devolvida.
O CDS aparece agora como o
partido impoluto, longe de submarinos e figuras proeminentes como Jacinto Leito
Capelo Rego - famoso por ser tão generoso com o partido - e que agora, se
existisse, estaria a dar uma forte gargalhada.
A lei morreu. Seja como for, os
custos de se cozinhar repastos (mesmo que não o fosse, é o que parece) para
proveito próprio e às escondidas dos cidadãos tem custos: a imagem dos
partidos, a sua credibilidade e, por inerência, a própria democracia,
*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão
Sem comentários:
Enviar um comentário