O apuramento da vitória de Rio,
para a presidência do PSD, surgiu cedo na noite de domingo. É ele o novo “patrão”
do PSD
O cadáver político que já era Passos Coelho há muito tempo pode,
finalmente, descansar em paz, talvez junto dos cadáveres dos portugueses
desesperados com a fome e a miséria promulgada por esse mesmo Passos durante
quatro longos anos no governo ao serviço da alta finança e da troika. Portugal
que se lixe era a palavra de ordem de Passos por magia de uma palavra
sistematicamente referida: crise. Só que a tal crise possibilitou que os ricos
ficassem muito mais ricos e os pobres muito mais pobres. Os que ficaram, porque
uns quantos portugueses suicidaram-se e outros morreram devido a abandono e
outras “deficiências” no sistema de saúde devido aos “cortes orçamentais”. Depois
veio António Costa e os entendimentos à esquerda. Constata-se algum alívio para
os mais carenciados, para os trabalhadores, para os que sobreviveram à miséria
imposta pelos políticos do PSD e do CDS feitos governo. Mas eis que agora,
ainda com Costa e a alegada esquerda apoiante do governo PS, Passos foi
arrumado em jazigo e surge um novo patrão do PSD, um homem às direitas, Rui
Rio. Uns exultam e outros temem que ele alguma vez seja eleito chefe de um
governo PSD. Não é caso para menos, temer Rio em primeiro-ministro. Esse temor
tem uma justificação muito plausível devido aos portugueses terem memória muito
curta e serem demasiadamente propensos e eleger ditadores mascarados de
democratas, ou simplesmente a apoiá-los. Ditadores, agora sob a capa da
democracia que nada tem que ver com a de conquistas de Abril. Enfim, Rui é adepto
da democraciazinha… Estaremos cá para ver e sentir na pele a boçalidade do rústico Rui Rio e a arrogância que o caracteriza. Rui Rio, um patrão às direitas. Carago!
Carlos Tadeu | PG
Rio é o novo líder de um PSD que
usa a bússola de Sá Carneiro
Com uma vitória clara, Rui Rio
assume a herança de Francisco Sá Carneiro como bússola para o futuro do partido
com a sua presidência. Sempre em busca do interesse nacional, garantiu, Num
curto de discurso de vitória, buscou a unidade do partido sem esquecer ninguém,
incluindo Santana Lopes e Passos Coelho, nos agradecimentos que fez. Santana
saiu derrotado, mas a prometer que vai andar por aí no combate político
Rui Rio, oposição firme mas
responsável
Foi com um discurso de unidade e
curto que Rui Rio se dirigiu aos seus apoiantes e ao país após ter vencido as
eleições diretas para a presidência do PSD. Com muitos agradecimentos, sem
esquecer o adversário Pedro Santana Lopes e o ainda líder Pedro Passos Coelho,
Rio assumiu a herança de Francisco Sá Carneiro para "um PSD que nunca será
uma agremiação de interesses individuais" e garantiu que não irá ser
demagógico e populista na firme oposição que promete fazer à frente de esquerda
que sustenta o atual governo.
Perante o entusiasmo dos
militantes presentes, o futuro presidente do PSD falou pouco depois das 23.00,
perante cerca de 150 apoiantes, efetuando os agradecimentos à equipa que o
ajudou ao seu lado estavam Nuno Morais Sarmento, o mandatário nacional, Paulo
Mota Pinto, presidente da Comissão de Honra, e Salvador Malheiro, diretor de
campanha, e que foi muito aplaudido. Além destes, agradeceu ainda a Francisco
Pinto Balsemão, primeiro subscritor da sua candidatura, e a David Justino,
responsável pela moção de estratégia.
Pedro Santana Lopes mereceu
elogios pela "generosidade e empenho com que se apresentou a estas
eleições", permitindo o "confronto de ideias" e a valorização da
vitória. E tal como Santana, Rio foi ao nascimento do partido, em maio de 1974,
para lembrar que Francisco Sá Carneiro tinha "um propósito
inequívoco", onde a maioria dos portugueses se revisse, com um partido
reformista, interclassista, que promovesse a justiça social e o crescimento,
desenvolvimento económico da nação. "Este é o ADN do PSD. Esta é a herança
que o fundador do partido nos legou", frisou. "O PSD não foi fundado
para ser um clube ou uma agremiação de interesses individuais."
O novo ciclo irá iniciar-se após
um período difícil e muito exigente, em que Pedro Passos Coelho enfrentou a
"mais grave crise econonómico-financeira dos 40 anos de democracia".
O anterior primeiro-ministro, disse Rio, "retirou Portugal da bancarrota
para onde os desmandos de outros atiraram o país". Agora, é preciso
"restituir a alma, a vontade e a esperança". O atual Governo pode
contar com uma "oposição firme e atenta, mas nunca demagógica e
populista". "Acima de tudo está o interesse nacional",
justificou. Com "lealdade e colaboração institucional ao Presidente da
República", o PSD irá trabalhar para um futuro melhor, com uma sociedade
mais justa.
Quando Rui Rio falou já a sala
onde sua candidatura se concentrou estava muito bem composta, com militantes de
vários concelhos nortenhos a irem chegando à medida que o resultado se
confirmava. As urnas estavam fechadas desde as 20.00, mas o ambiente no Hotel
Sheraton, no Porto, local escolhido para a noite eleitoral por Rui Rio, só
começou a aquecer quase uma hora depois. Faltam cinco minutos para as 21.00
quando o candidato chegou, aparentemente confiante e com boa disposição. Após
sair de uma viatura, onde seguiam também os amigos do PSD, Maló de Abreu e João
Paulo Mendes, aceitou responder a questões dos jornalistas.
Como já iam sendo conhecidos
resultados, e até quem já apontasse que deveria ser o vencedor dada a tendência
dos votos já contabilizados, Rui Rio mantinha a prudência. "Não tenho
dados", respondeu, sempre sorridente.
Minutos depois, o nervosismo que
poderia existir começava a dar lugar a sinais de alegria e euforia. Começavam a
ser conhecidos os resultados e os seus apoiantes, como o diretor de campanha
Salvador Malheiro, já trocavam abraços e sorrisos em manifestações de triunfo.
Por esta hora, já se sabia que Rio ganhara no Porto(nos 18 concelhos Rio só
perdeu Lousada e Trofa, tendo vencido na Maia onde o presidente da distrital,
Bragança Fernandes, e a concelhia local apoiavam Santana Lopes), Aveiro, Braga
e na maioria dos outros. Perdia Lisboa, Coimbra e Açores, nada que invertesse a
tendência nacional. Apesar destes sinais, o ambiente permaneceu calmo, com o
candidato recolhido numa sala acompanhado por elementos da sua equipa. Mais
tarde, a partir das 22.00, quando a vitória estava confirmada, a sala começou a
compor-se com apoiantes a chegarem ao Sheraton e viram-se as primeiras
bandeiras laranjas do PSD, já o hino de campanha era entoado, até ao discurso
de vitória de Rio.
Santana, vinho e buffet no meio
da derrota
Muito mais cedo do que é seu
hábito, segundo testemunho de quem o acompanhou noutras eleições, Pedro Santana
Lopes assumiu a derrota. Nessa altura, pouco depois das 22:00, conforme o
próprio revelou, a vantagem de Rui Rio já era de "cerca de 10%".
Falou "calmo, sereno e descontraído", tal como tinha prometido à sua
família que o acompanhou, a as mulher, Dina Vieira, o seu filho Gonçalo e o seu
irmão João.
Mas, pelo menos, desde as 21
horas que cheirava já a derrota no hotel onde se reuniu staff, os apoiantes e
jornalistas. Os resultados que iam chegando das concelhias de todo o país não
deixavam margem para esperança. Só a vitória em Lisboa, onde votaram perto de
2300 militantes, desenhou um sorriso nos rostos dos sociais-democratas
presentes.
Militantes anónimos, não
mediaticamente conhecidos pelo menos, deambulavam pelos corredores e junto ao
bar do hotel, agarrados e a teclar os telemóveis. A um canto estava Tiago Sá
Carneiro, do staff da campanha e um experiente militante destas andanças.
"Neste momento ainda é cedo, estamos a receber resultados e a centralizar
tudo no João Montenegro (diretor da campanha que, tal como Tiago, acompanhou Passos
Coelho em 2015)", afirmava ao DN pouco depois das 21 horas. Ali perto
estava Miguel Salema Garção, da Comissão Nacional da candidatura de Santana,
atual diretor de comunicação dos CTT. Desta vez deixou as palavras para o
filho, Manuel, de 17 anos, militante da JSD, "quase do PSD", como
frisou. O "jotinha", a essa hora ainda sem haver resultados
definitivos, não hesitou em declarar que "se Rui Rio vencer vai ser o meu
presidente". Mas com uma certeza: "Com o Santana tenho a certeza que
seria um não absoluto a um Bloco Central!", acrescentando que o futuro
líder "deve tornar o PSD mais PPD, mais popular, o que nos último tempos
não de tem notado".
Entre as poucas caras conhecidas
estava Jorge Barreto Xavier, ex-secretário de Estado da Cultura que deixou cair
alguns "conselhos" a Rio: "Terá que aprender que todos contam,
mesmo aqueles que têm uma opinião diferente a sua. Querer ter sempre razão é um
enorme erro. Tem que haver justiça e prudência e nem sempre a justiça é razão.
Na democracia é essencial saber ouvir", sublinhou.
Perto das 22 horas veio o aviso
de que Santana Lopes iria fazer a sua intervenção, que viria a acontecer.
Minutos antes tinha telefonado a Rui Rio a felicitá-lo pela vitória.
"Temos de continuar a
sonhar. Vou continua a combater politicamente!, prometeu, quase no final do seu
discurso. O "menino guerreiro" prometeu que vai "andar por
ai", mas não disse se perto u longe de Rio. "O PPD-PSD escolheu.
Espero que Portugal fique bem servido com a escolha. Os militantes do partido
saberão com toda certeza qual é a melhor solução para a liderança do
partido", afirmou Santana Lopes, assumindo "todas as
responsabilidades". "Não fiquem tristes", pediu, "disse à
minha família que estava calmo, sereno e descontraído. E isto porque tenho a
consciência tranquila. Fizemos mais importante em política, que é lutar por
aquilo em que acreditamos", afirmou com firmeza. Neste momento, primeiro
um pequeno grupo, depois toda a sala se levantou em aplausos e a gritar
"PSD, PSD". Em ambiente de festa morna, todos se foram juntando numa
bem abastecida sala ao lado, preparada para a imprensa, onde não faltavam
acepipes, pratos frios, fruta e vinho. "Aproveitem agora que isto vai
mudar", ironizava alguém. A norte, contava, "nem uma garrafa de água
havia para os jornalistas". O DN confirmou.
David Mandim e Valentina
Marcelino | Diário de Notícias | Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens
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