sábado, 24 de março de 2018

CATALUNHA | Turull fica preso mas quer ser presidente, mesmo contra o juiz


Carles Puigdemont viu Pablo Llarena reativar o seu mandado europeu de detenção. Oposição apelou ao líder do Parlament para que suspenda a sessão de investidura de hoje

O juiz do Supremo Pablo Llarena decidiu ontem colocar em prisão preventiva os cinco independentistas que tinham sido convocados à sua presença. Entre eles está o candidato à presidente da Generalitat, Jordi Turull, que pediu ao líder do Parlament que mantenha a sua segunda sessão de investidura, marcada para hoje.

Num comunicado emitido pouco depois de ser conhecida a sua ordem de prisão, Turull apelou a "defender pacificamente a democracia e a dignidade da Catalunha", assegurando que a sua prisão se deve "a ter sido leal ao mandato dos que me escolheram como representante do povo da Catalunha, ao presidente, ao governo e ao Parlament".

Turull está acusado de rebelião e peculato, tal como os ex-conselheiros Raül Romeva, Josep Rull e Dolors Bassa. A ex-presidente do Parlament está apenas acusada de rebelião. Marta Rovira não se apresentou em tribunal. O crime de rebelião tem uma pena que pode ir até aos 25 anos de prisão, peculato um máximo de 8 anos.

Llarena justificou a sua decisão com o perigo de reincidirem no crime ou de fuga. Este segundo é mais flagrante, segundo o juiz, devido ao facto de a secretária-geral da ERC ter saído do país e não ter comparecido ontem perante o Supremo. Todos eles já tinham estado em prisão preventiva, mas acabaram por ser libertados sob fiança - Turull, Rull, Romeva e Bassa entre 2 de novembro e 4 de dezembro, Forcadell na noite de 9 de novembro.

A notícia foi recebida em Barcelona com protestos, primeiro com centenas de pessoas a cortar o trânsito na avenida Diagonal e, mais tarde, em direção à delegação do governo espanhol na capital catalã, onde chegou a haver cargas policiais contra os manifestantes e fotografias do rei Felipe VI queimadas. A Guardia Urbana falava em dez mil pessoas ma Praça da Catalunha.

A prisão de Turull dá-se um dia depois do seu debate de investidura, que não resultou na sua eleição devido à abstenção dos quatro deputados da CUP. Aliás, a iminência da prisão do deputado do Junts per Catalunya foi o que levou na quarta-feira, ao início da noite, o presidente do Parlament a contactar todos os partidos por telefone de forma a marcar a sessão de investidura para quinta.

Para hoje de manhã, no Parlament, está marcada a segunda sessão de investidura de Turull. No auto de detenção de ontem, Pablo Llarena recusa-se a autorizar a presença de Turull na sessão de hoje, bem como os outros deputados ontem presos - Romeva e Rull (Forcadell e Bassa renunciaram ao cargo após o debate de quinta-feira).

Mesmo assim, o ex-conselheiro, através do seu advogado, pediu ao presidente do Parlament, Roger Torrent, para que mantenha o plenário de hoje, apelando ao votos de todos, incluindo a CUP. A oposição, por seu turno, já apelou à desconvocação da sessão. Nesta segunda votação é necessária apenas uma maioria simples, mas se os quatro deputados independentistas radicais não mudarem de ideias, Turull, que já delegou o seu voto, continua sem os apoios necessários para ser eleito.

Carles Puigdemont e os quatro ex-conselheiros que se encontram no estrangeiro (três na Bélgica e uma na Escócia) viram o juiz Pablo Llarena reativar os mandados de detenção europeia contra si.

Os cinco chegaram a ser presentes a juiz na Bélgica, mas Llarena acabou por suspender os mandados, por considerar que existia o risco de serem extraditados por crimes menores. Puigdemont, Antoni Comín estão acusados de rebelião e peculato, enquanto que Clara Ponsatí, Meritxell Serret, Lluis Puig são acusados de peculato e desobediência.

Ana Meireles | Diário de Notícias

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