Carles Puigdemont viu Pablo
Llarena reativar o seu mandado europeu de detenção. Oposição apelou ao líder do
Parlament para que suspenda a sessão de investidura de hoje
O juiz do Supremo Pablo Llarena
decidiu ontem colocar em prisão preventiva os cinco independentistas que tinham
sido convocados à sua presença. Entre eles está o candidato à presidente da
Generalitat, Jordi Turull, que pediu ao líder do Parlament que mantenha a sua
segunda sessão de investidura, marcada para hoje.
Num comunicado emitido pouco
depois de ser conhecida a sua ordem de prisão, Turull apelou a "defender
pacificamente a democracia e a dignidade da Catalunha", assegurando que a
sua prisão se deve "a ter sido leal ao mandato dos que me escolheram como
representante do povo da Catalunha, ao presidente, ao governo e ao
Parlament".
Turull está acusado de rebelião e
peculato, tal como os ex-conselheiros Raül Romeva, Josep Rull e Dolors Bassa. A
ex-presidente do Parlament está apenas acusada de rebelião. Marta Rovira não se
apresentou em tribunal. O crime de rebelião tem uma pena que pode ir até aos 25
anos de prisão, peculato um máximo de 8 anos.
Llarena justificou a sua decisão
com o perigo de reincidirem no crime ou de fuga. Este segundo é mais flagrante,
segundo o juiz, devido ao facto de a secretária-geral da ERC ter saído do país
e não ter comparecido ontem perante o Supremo. Todos eles já tinham estado em
prisão preventiva, mas acabaram por ser libertados sob fiança - Turull, Rull,
Romeva e Bassa entre 2 de novembro e 4 de dezembro, Forcadell na noite de 9 de
novembro.
A notícia foi recebida em
Barcelona com protestos, primeiro com centenas de pessoas a cortar o trânsito
na avenida Diagonal e, mais tarde, em direção à delegação do governo espanhol
na capital catalã, onde chegou a haver cargas policiais contra os manifestantes
e fotografias do rei Felipe VI queimadas. A Guardia Urbana falava em dez mil
pessoas ma Praça da Catalunha.
A prisão de Turull dá-se um dia
depois do seu debate de investidura, que não resultou na sua eleição devido à
abstenção dos quatro deputados da CUP. Aliás, a iminência da prisão do deputado
do Junts per Catalunya foi o que levou na quarta-feira, ao início da noite, o
presidente do Parlament a contactar todos os partidos por telefone de forma a
marcar a sessão de investidura para quinta.
Para hoje de manhã, no Parlament,
está marcada a segunda sessão de investidura de Turull. No auto de detenção de
ontem, Pablo Llarena recusa-se a autorizar a presença de Turull na sessão de
hoje, bem como os outros deputados ontem presos - Romeva e Rull (Forcadell e
Bassa renunciaram ao cargo após o debate de quinta-feira).
Mesmo assim, o ex-conselheiro,
através do seu advogado, pediu ao presidente do Parlament, Roger Torrent, para
que mantenha o plenário de hoje, apelando ao votos de todos, incluindo a CUP. A
oposição, por seu turno, já apelou à desconvocação da sessão. Nesta segunda votação
é necessária apenas uma maioria simples, mas se os quatro deputados
independentistas radicais não mudarem de ideias, Turull, que já delegou o seu
voto, continua sem os apoios necessários para ser eleito.
Carles Puigdemont e os quatro
ex-conselheiros que se encontram no estrangeiro (três na Bélgica e uma na
Escócia) viram o juiz Pablo Llarena reativar os mandados de detenção europeia
contra si.
Os cinco chegaram a ser presentes
a juiz na Bélgica, mas Llarena acabou por suspender os mandados, por considerar
que existia o risco de serem extraditados por crimes menores. Puigdemont,
Antoni Comín estão acusados de rebelião e peculato, enquanto que Clara Ponsatí,
Meritxell Serret, Lluis Puig são acusados de peculato e desobediência.
Ana Meireles | Diário de Notícias
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