Estamos a constatar que alguns
países africanos, bem fora desta zona de predomínio jihadista, começam a sentir
os efeitos de uma perigosa e radical escalada social e militar do jihadismo.
Neste meu primeiro contacto com
os leitores e na sequência de um honroso convite para colaborar com o África 21
Digital e, simultaneamente, com o Portugal Digital, era minha intenção abordar
vários temas avulso, apresentando-se os mesmos como uma indicação futura do que
iria surgir aos vossos olhos.
Um dos tópicos iniciais, entre
outros e porque estamos em Março, mês da Mulher, seria falar das mulheres, em
geral, e das africanas e angolanas, em particular. Abordaria, ainda que de
passagem, um flagelo que ainda persiste, apesar de já estar consagrada a sua
ilegalidade pelos governos de vários países (Guiné-Bissau, por exemplo, é um
deles): a excisão genital feminina; e um tema muito querido a uma pesquisadora
angolana, Rosa Mayunga, sobre as Terapias Materno-Infantis da Medicina
Tradicional de Angola “Mwalakaji” ou “Kivwadi”.
Infelizmente, começarei terei por
começar a apresentar as minhas condolências às famílias das compatriotas
angolanas que pereceram num acidente de viação, no sábado, a província do
Huambo quando, independentemente da sua condição partidária, a OMA (Organização
das Mulheres Angolanas) se preparava para celebrar o Dia da Mulher Angolana,
ocorrido no dia 2 de Março. De qualquer forma, as angolanas celebram este dia
como o início do mês da Mulher.
Pelo trágico acontecimento de
sábado, os assuntos anteriores serão tratados noutros textos.
Outros temas que irei e poderei
abordar e analisar ao longo dos meses serão matérias relacionadas,
essencialmente, com o continente africano, em geral, e com os países de
efectiva expressão linguística portuguesa, em particular (e penso que, com esta
palavra – efectiva – já deixo em aberto que um dos países poderá ser incluído
no geral e não no particular: Guiné-Equatorial).
Alguns dos temas estarão
relacionados com a Defesa e Segurança africanas, com as políticas gerais e
sociais e diplomacias do Continente, e com matérias que emerjam e sejam
susceptíveis de serem abordadas e analisadas.
Um dos temas será a questão do
jihadismo radical – será que pode haver jihadismo sem que este seja, já por si,
radical? – no Continente.
Ora, sabe-se, ou é comummente
aceite que as actividades, no caso do nosso Continente, têm estado restritas a
uma área entre o Atlântico e o Índico, a nível longitudinal, num território
compreendido, essencialmente, entre o Mediterrâneo e o Sahel – ainda que
Nigéria e Camarões já estejam a sul desta área territorial.
Todavia, estamos a constatar que
alguns países africanos, bem fora desta zona de predomínio jihadista, começam a
sentir os efeitos de uma perigosa e radical escalada social e militar do
jihadismo.
Recentemente, verificou-se esse
impacto no norte de Moçambique – que, segundo consta, poderão estar
relacionados com milícias radicais provenientes da Somália e do Uganda – e,
mais recentemente – no passado sábado, dia 3 de Março –, a partir deste último
país, um ataque à zona leste da República Democrática do Congo.
Ora, sendo a RDC um país
limítrofe de Angola, que somos base de várias mesquitas não enquadráveis e
escrutináveis quanto à presença de eventuais radicais que possa existir no seu
seio, que já fomos acusados por alguns países e dirigentes islamitas de anti-islamismo
por o Governo Eduardo dos Santos ter mandado destruir algumas mesquitas
ilegais, este recente ataque em território congolês, bem como outro a forças de
capacetes-azuis estacionados na RDC, são para serem escrutinados e devidamente
analisados.
Esperemos que me possam
acompanhar e que possa ajudar os leitores a compreenderem algumas questões do
nosso Continente.
*Investigador do Centro de
Estudos Internacionais do ISCTE-IUL(CEI- IUL) e Pós-Doutorando da Faculdade de
Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto
- em África 21
*Eugénio Costa Almeida – Pululu - Página de um lusofónico
angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e
Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais - nele
poderão aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a
actividade académica, social e associativa.
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