José Filomeno dos Santos está
impedido de sair de Angola
O filho do ex-Presidente angolano
José Filomeno dos Santos foi constituído arguido e está impedido de sair do
país, disse o sub-procurador-geral da República de Angola, Luís Benza Zanga.
Em causa está uma investigação a
uma alegada transferência irregular de 500 milhões de dólares para um banco
britânico, que já levou à constituição como arguido de Valter Filipe,
ex-governador do Banco Nacional de Angola.
A informação foi prestada esta
segunda-feira aos jornalistas pelo sub-procurador-geral durante um encontro com
deputados angolanos.
José Filomeno dos Santos foi
presidente do conselho de administração do Fundo Soberano de Angola até janeiro
passando, por nomeação do pai e ex-chefe de Estado, José Eduardo dos Santos,
tendo sido então exonerado pelo atual Presidente da República, João Lourenço.
Neste processo foram constituídos
arguidos, além de José Filomeno dos Santos e Valter Filipe, outros três
cidadãos angolanos, conforme explicou o sub-procurador-geral, Luís Benza Zanga.
A Lusa noticiou a 20 de março que
uma agência britânica de combate ao crime vai devolver 500 milhões de dólares
(406 milhões de euros) ao Banco Nacional de Angola, cuja transferência está a
ser investigada no Reino Unido.
A Agência Nacional de Crime (NCA)
britânica confirmou à agência Lusa que a Unidade Internacional de Corrupção
está a investigar uma possível fraude de 500 milhões de dólares contra o Banco
Nacional de Angola.
"Em dezembro de 2017 e
janeiro de 2018, a NCA utilizou as novas disposições da Lei de Finanças
Criminais de 2017 para impedir a transferência de ativos. A autorização
necessária para que os fundos sejam devolvidos às autoridades angolanas foi
obtida agora", indicou.
Um porta-voz da Agência adiantou que a investigação "está em curso" e saudou a "cooperação até à data com as autoridades angolanas para chegar a uma conclusão satisfatória para este assunto".
Embora as autoridades britânicas
não tenham confirmado o nome das pessoas envolvidas, deverá tratar-se do
ex-governador do Banco Nacional de Angola Valter Filipe, que foi interrogado e
indiciado pelo crime de peculato e branqueamento de capitais pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana na semana passada.
Valter Filipe é acusado de estar
envolvido na transferência ilícita de 500 milhões de dólares para uma conta no
exterior do país.
O procurador-geral adjunto e
coordenador da Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), João Luís
de Freitas Coelho, confirmou a existência de outras pessoas no processo,
"que também têm alguma responsabilidade na saída ilegal deste
dinheiro" de Angola, mas que não identificou.
Valter Filipe foi ouvido um dia
depois de ter regressado a Angola, proveniente da África do Sul, e a suposta
transferência de 500 milhões de dólares foi realizada em setembro de 2017, um
mês antes da sua demissão do cargo a seu pedido, para uma conta do banco Credit
Suisse de Londres.
Lusa | Expresso | Foto: Getty
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