domingo, 29 de abril de 2018

A brasileirização da vida pública e social portuguesa, a justiça e Sócrates


António Jorge * | Luanda

A Árvore e a Floresta!

Estou absolutamente de acordo com o jurista Miguel Guedes e com toda a construção na desmontagem e análise da sua opinião aqui expressa.

Este é um sinal preocupante para nós portugueses, por provar ser o inicio assumido publicamente do judiciário sobre a política, como no Brasil acontece descaradamente.

Sócrates ainda por cima pôs-se a jeito, nem sequer discuto ser ou não verdade o que sobre ele impende e é acusado.

Quando foi primeiro-ministro, teve a coragem de afrontar o poder judicial, tenho uma vaga ideia, nomeadamente sobre o calendário de férias dos juízes.

Agora tem a resposta do aparelho judicial - vingativa.

Claro que não ponho a mão por ele, nem é isso que está em causa,... mas antes o circo montado pela justiça.

Quanto a ser verdade ou mentira o que impende nas acusações sobre Sócrates, fico à espera de saber o veredicto da justiça... e aceito da sua verdade deste se me convencer, obviamente, porque não existe clareza nos métodos utilizados pela justiça. 

Aliás, cumpre-me até dizer o seguinte... Ainda eu andava nas lides sindicais passados anos da revolução do 25 de Abril, e dizia-se entre nós os mais progressistas e atentos à realidade portuguesa... Que a justiça continuava como dantes... Mexeu-se em tudo, no aparelho de Estado, menos na justiça, que continuou como no passado do Estado Novo de Salazar e Caetano.

Foi esta justiça que libertou os pides e os bombistas da extrema direita.

Porém e ao contrário de que não vê o jornalista Miguel Guedes, talvez por ser um dos muitos comentadores televisivos, vejo eu,... Não assobio nem olho para o lado. 

A vida cultural e social portuguesa está desde há anos a esta parte a ser infestada do pior e mais nojento que nos vem do Brasil, e como se sabe, no Brasil a política espetáculo com fins perversos é uma realidade que todos nós muito poucos percebemos e notamos que está a invadir perigosamente Portugal também.

Muita gente se questiona e repara que também nós gente da revolução de Abril, não tem atitude e vive a pensar e a chafurdar no supérfluo, e não sabe de onde vem essa apatia social e falta de indignação, e que está directamente relacionado com o peso da direita mesmo no Portugal de Abril. 

A SIC, de Balsemão, como sabemos, está ligada profundamente à GLOBO e aos seus tentáculos e conceitos alienantes e de anti-cultura, pela promoção da mediocridade e a formação de néscios.

Para agravar a nossa realidade e situação, a GLOBO, que está activamente por detrás do golpe fascista no Brasil, na destituição de Dilma Rousseff e da prisão sobre falsos pretextos inventados para prenderem Lula da Silva, emite em língua portuguesa do Brasil em canal aberto nos programas de TV, que vemos em Portugal, e a RECORD, que é da IURD, a tal igreja da adopção de crianças desaparecidas, com a conivência dos tribunais,... dos além dos canais portugueses medíocres e de lixo tipo Brasil, como a CMTV e outros ainda.

As televisões além de controladas pelo poder político financeiro, tem a marca obscurantista das igrejas e das seitas do Brasil, como apêndice à formação da ignorância e crendice.

Até quando Portugal?

É aqui que devemos situar até onde chegou a justiça em Portugal - Está montado o circo para um dia condenar-mos o 25 de abril e copiar o que de pior tem o Brasil e a sua influência da baixa cultura das suas elites predadoras e de criminosos sociais políticos e culturais.

* António Jorge - editor e livreiro em Angola, Luanda

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