MPLA aprovou a realização de um
congresso extraordinário na primeira quinzena de setembro deste ano e a
candidatura de João Lourenço ao cargo de presidente do partido, ocupado desde
1979 por José Eduardo dos Santos.
A informação consta de uma nota
enviada à agência Lusa pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA),
no poder desde 1975, a propósito da reunião desta sexta-feira do bureau
político, orientada por José Eduardo dos Santos.
"O bureau político aprovou a
proposta de resolução e o cronograma de preparação e realização do 6.º
Congresso Extraordinário do partido, a ter lugar na primeira quinzena de
setembro próximo e, consequentemente, aprovou a candidatura do camarada João
Lourenço, atual vice-presidente, ao cargo de presidente do MPLA", lê-se na
nota.
O bureau político do MPLA é o
organismo permanente de direção do partido, que delibera no intervalo das
reuniões do Comité Central, e realizou hoje, em Luanda, a sua 3.ª reunião
ordinária, que segundo o partido foi orientada por José Eduardo dos Santos, na
presença de João Lourenço, vice-presidente - chefe de Estado - e Paulo Kassoma,
secretário-geral.
A 16 de março último, no discurso
de abertura da 5.ª sessão ordinária do Comité Central do MPLA, realizado em
Luanda, José Eduardo dos Santos, de 75 anos, propôs a realização de um
congresso extraordinário para dezembro deste ano ou abril de 2019.
Preparação das eleições
autárquicas
Durante a intervenção, José
Eduardo dos Santos, que foi chefe de Estado em Angola durante 38 anos e não
concorreu às eleições gerais de agosto passado, recordou que se comprometeu a
envolver-se pessoalmente no grupo de trabalho que ao longo de 2018 vai
"preparar a estratégia" do MPLA para as primeiras eleições
autárquicas em Angola.
"Assim, recomendo, por ser
mais prudente, que a realização do congresso extraordinário do partido, que vai
resolver a liderança do MPLA, seja em dezembro de 2018 ou abril de 2019",
disse, sem adiantar mais pormenores sobre este processo.
Contudo, a proposta não terá
merecido o consenso dos militantes, tendo o comunicado final da mesma reunião
informado a realização, este ano, de duas reuniões de reflexão sobre a proposta
apresentada, a primeira, em abril - realizada hoje -, pelo bureau político e a
segunda, em maio, pelo Comité Central.
No dia seguinte, o porta-voz do
MPLA, Norberto Garcia, chegou a negar que a proposta apresentada pelo líder do
partido no poder em Angola, para a realização de um congresso extraordinário
sobre a transição da liderança do partido, tivesse sido recusada.
Segundo o secretário para a
Informação do bureau político do MPLA, não houve rejeição da proposta do líder,
mas sim "um melhoramento" da mesma: "Estamos a evoluir
positivamente, estamos a trabalhar com bastante harmonia e coesão, é evidente
que há situações que, em sede das quais, poderá haver uma abordagem mais
crítica, menos crítica, o que é normal, estamos em democracia e é isso que nós
queremos, um partido cada vez mais democrático, cada vez mais aberto".
Bicefalia no MPLA
Nos últimos tempos têm crescido
os comentários na sociedade angolana sobre a existência de uma suposta
bicefalia entre o chefe de Estado angolano e vice-presidente do MPLA, João
Lourenço, e o líder do partido, José Eduardo dos Santos, em que se incluem críticas
internas sobre a situação.
José Eduardo dos Santos, líder do
MPLA desde 1979, anunciou em 2016 que este ano deveria deixar a vida política
ativa.
Agência Lusa, ar | Deutsche Welle
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