Chefe de Estado guineense
empossou os 26 membros do novo Governo que resultou de um consenso político
alcançado entre os dois principais partidos, o PAIGC e o PRS, depois de
intensas negociações promovidas pela CEDEAO.
Na cerimónia de tomada de posse
do novo Executivo da Guiné-Bissau, o Presidente guineense, José Mário Vaz,
disse que se fez história no país com o fim da legislatura, a 23 de abril, sem
interrupções, sem mortes, sem violência, sem golpe de Estado e sem lágrimas
daqueles que outrora sofreram e viveram sobressaltados, com noites longas e
incertezas do dia seguinte.
Perante os membros do novo
Governo, representantes da comunidade internacional e dos orgãos da
soberania, para além de vários políticos guineenses, José Mário Vaz afirmou que
com o consenso alcançado, os atores políticos guineenses deram um sinal claro
de que ainda queriam salvar esta legislatura e renovar a confiança e a
esperança que os guineenses depositaram neles.
"Com o primeiro-ministro de
consenso e Governo de inclusão, demonstramos ao mundo que somos capazes de
respeitar os esforços de ajuda de vários intervenientes e aconselhamentos de
amigos da Guiné-Bissau. Mais uma vez mulheres e homens guineenses demonstraram
a sua maturidade colocando o interesse do país acima de qualquer ambição
pessoal e honraram os seus compromissos e acordos assumidos. Por isso,
considero hoje um dia especial para a Guiné-Bissau e para os guineenses, os
irmãos voltaram a dar as mãos e deixaram de lado as diferenças do
passado".
Eleições justas e transparentes
José Mário Vaz, manifestou-se
convicto que a nova equipa governamental, liderada pelo primeiro-ministro,
Aristides Gomes, saberá gerir e conduzir a bom porto os destinos do país, com
transparência e zelo pela coisa pública. E que terá como principal missão a
criação de condições para a realização das eleições legislativas, justas e
transparentes marcadas para 18 de novembro do corrente ano.
"Dispõem de apenas 7 meses
até a data das próximas eleições legislativas. Mas, apesar do escasso tempo
disponível, ainda temos tempo para trabalharmos juntos com a missão e desafios
imediatos e um calendário temporal que não pára de contar, pois os dias passam
rapidamente. Mais do que tudo, este Governo tem de ser realista e concentrar
toda a sua energia e recursos no trabalho afim de melhorar as condições de vida
dos guineenses, ou seja: Criar condições para a realização das eleições
legislativas justas e transparentes, garantir energia elétrica para todos,
educação e saúde para todos, trabalhar para o sucesso da campanha da castanha
de cajú do corrente ano, arroz – comida na mesa para todas as famílias
guineenses", destacou o Presidente.
Membro do Governo é missão
patriótica
Para José Mário Vaz ser ministro
ou secretário de Estado não é um privilégio, mas uma missão patriótica.
"A governação é a prestação
de serviço público. Ser nomeado membro do Governo deve deixar ser considerado
um privilégio, ou um lugar de conforto e visibilidade, para ser encarado como
uma missão patriótica de servir o nosso povo e dar mais do que receber",
afirmou.
O chefe de Estado salientou ainda
que a "confiança" depositada no Governo deve ser encarada como
"uma missão de trabalho e de resultados concretos".
Por seu turno, o
primeiro-ministro, Aristides Gomes, criticou o que considerou ser "o
clientelismo político existente no país" e prometeu uma maior regulação do
Estado, salientando que a crise política deixou todos mais pobres.
"Apesar de as armas não
terem substituído o diálogo entre homens e mulheres, desta vez, por ocasião de
mais uma crise política as consequências negativas não deixaram de se fazer
sentir. Estamos mais pobres e as formas de estruturação das instituições
estatais obedecem, cada vez menos, à racionalidade própria de um Estado",
afirmou Aristides Gomes, durante o discurso proferido na cerimónia de tomada de
posse do novo Governo.
Para o chefe do Executivo
guineense, o processo de estruturação das instituições está a adquirir
"dimensões sombrias".
"A prática política torna-se
cada vez mais uma luta do quotidiano para o acesso de indivíduos a postos que
dão acesso imediato a bens materiais para fins de satisfação pessoal ou de
grupos", salientou.
Acordo de Conacri
O primeiro-ministro garantiu que
vai cumprir de forma escrupulosa o Acordo de Conacri e realizar as eleições
legislativas a 18 de novembro.
"Vamos elaborar um programa
de estabilização e consolidação das conquistas nas diferentes áreas da vida do
nosso país, particularmente nos domínios da educação, saúde, incitação à
economia através da produção e fornecimento de energia e água para que o país
possa fazer face ao período eleitoral que se avizinha", disse Aristides
Gomes.
O chefe do executivo quer também
reforçar a regulação do Estado, incluindo clarificar os pontos mais polémicos
da Constituição, da lei dos partidos políticos e da lei eleitoral e manter uma
gestão disciplinada das finanças públicas com o apoio do Fundo Monetário
Internacional.
Aristides Gomes garantiu também
que vai continuar a colaborar com o Banco Mundial e o Tribunal de Contas no
atual processo de auditorias às empresas públicas.
Braima Darame (Bissau) | Deutsche
Welle
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