Renúncia de Amber Rudd ocorre em
meio à controvérsia com imigrantes caribenhos erroneamente classificados como
ilegais. O endurecimento da lei foi promulgado pela agora primeira-ministra
Theresa May, quando era ministra.
A ministra do Interior do Reino
Unido, Amber Rudd, renunciou ao cargo após vários dias de polêmica em torno de
imigrantes caribenhos de longa data que foram erroneamente classificados
de ilegais. O caso gerou uma repercussão negativa para o governo da
primeira-ministra Theresa May.
O gabinete da primeira-ministra
divulgou, neste domingo (29/04), que May aceitou a renúncia de Rudd. Poucas
horas antes, a ministra tinha comunicado que permanecerei frente à pasta do
Interior.
Nos últimos dias, o governo
britânico tem encontrado dificuldades para explicar por que alguns descendentes
da chamada "geração Windrush", levada ao Reino Unido entre 1948 e
1973 para ajudar na reconstrução depois da devastação da Segunda Guerra, foram
rotulados como imigrantes ilegais, apesar de residirem há décadas no país.
O governo se viu ainda mais
acuado quando o diário The Guardian informou que recentemente alguns
dos migrantes caribenhos tiveram seus atendimentos médicos recusados ou
receberam ameaças de deportação por não conseguir apresentar documentos que
comprovam seus direitos de residência no Reino Unido.
"Isso era inevitável. A
única surpresa é que demorou tanto", disse a porta-voz para assuntos de
Interior do Partido Trabalhista, Diane Abbott, após a renúncia de Rudd. "A
arquiteta dessa crise, Theresa May, deve agora dar um passo à frente para dar
uma explicação completa e honesta de como essa situação indesculpável ocorreu
em seu governo."
Repetidos pedidos de renúncia
Tanto Rudd, que enfrentou
repetidos pedidos de renúncia do Partido Trabalhista, quanto May pediram
diversas vezes desculpas à "geração Windrush" nos últimos dias.
"Decepcionamos vocês, e lamento profundamente", disse May, na
quinta-feira, numa carta ao The Voice, um jornal afro-caribenho de
circulação no Reino Unido. "Mas desculpas não bastam. Devemos
corrigir com urgência esse erro histórico."
Uma carta enviada por Rudd a May
em janeiro de 2017, revelada pelo Guardian, indica que a até então
ministra do Interior traçou como objetivo "aumentar a quantidade de
deportações em mais de 10% durante os próximos anos".
Na última quarta-feira, na
comissão de Interior da Câmara dos Comuns, Rudd afirmou que seu ministério não
tem metas para a deportação de imigrantes. Posteriormente, a ministra admitiu
que foram estabelecidos objetivos quantitativos "de uso interno", mas
disse que não aprovou essas medidas e que "nunca apoiaria uma política que
colocasse cotas sobre pessoas".
Após receber a notícia da
renúncia, o vice-presidente do Partido Trabalhista, Tom Watson, disse que Rudd
"está pagando o pato pela pessoa originalmente responsável pelo escândalo,
Theresa May".
Um endurecimento da lei
promulgada por May quando estava à frente do Ministério do Interior fez com que
essas pessoas tivessem que provar com documentos originais todos os anos que
viveram no Reino Unido, um trâmite burocrático que alguns deles não conseguiram
cumprir.
Por conta dessa situação, alguns
perderam seus empregos, acesso à saúde, receberam ameaças de deportação e não
puderam retornar ao Reino Unido após visitarem seus países de origem.
A renúncia de Rudd é um golpe
para May no momento em que a primeira-ministra está no último ano
das negociações da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), programada
para março de 2019. Rudd contava entre os principais ministros pró-UE
no gabinete de May. Ela havia sido nomeada ministra do Interior em julho
de 2016.
PV/efe/ap/rtr/afp | Deutsche
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