A Assembleia Municipal de Peniche
aprovou, na sexta-feira à noite, uma moção em que saúda o programa de conteúdos
anunciado como primeiro passo para a instalação do Museu Nacional da Resistência
e Liberdade na Fortaleza da cidade.
Aprovada com os votos a favor da
CDU, PS e Grupo de Cidadãos Eleitores por Peniche e com PSD a votar contra e a
abster-se, a moção "saúda as medidas e conteúdos anunciados que permitem o
arranque da fase de concretização do projeto de recuperação, requalificação e
valorização da Fortaleza de Peniche e a decisão de aí criar o Museu Nacional da
Resistência e Liberdade".
Para os deputados, é importante
que o projeto garanta espaços museológicos dedicados à história da Fortaleza de
Peniche e das suas gentes e o acesso livre da população local.
A moção recorda que o projeto vem
ao encontro dos anseios de democratas e antifascistas que, desde o 25 de Abril
de 1974, defendem um museu na Fortaleza de Peniche que a "reafirme como
testemunho vivo para as atuais e futuras gerações" do que foi a
resistência à ditadura e a luta pela liberdade e pela democracia.
"Foram precisos 44 anos para
que o poder político reconhecesse a importância de instalar na Fortaleza de
Peniche o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade", sublinha.
O projeto torna Peniche num dos
oito concelhos do país a ter um museu nacional, "uma oportunidade para
dinamizar e afirmar ainda mais, no plano nacional e internacional, o
concelho", defendem os eleitos locais.
O Museu Nacional da Resistência e
Liberdade, da Fortaleza de Peniche, vai ter 11 núcleos, segundo o guião
entregue na sexta-feira em Lisboa pela respetiva Comissão de Instalação dos
Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) ao ministro da Cultura, Luís
Castro Mendes, que prometeu a inauguração para abril de 2019.
O primeiro dos 11 núcleos será
dedicado ao Parlatório, que evocará as condições em que decorriam as visitas
aos presos políticos, bem como a solidariedade da população de Peniche para com
os presos - e as suas famílias --, e com as fugas.
O segundo e o terceiro núcleos
serão memoriais da história da Fortaleza e de todos os que se sacrificaram pela
conquista da liberdade e democracia, ao passo que o quarto e o quinto núcleos
recordarão como foi o regime fascista e o sistema policial e repressivo,
durante a ditadura do Estado Novo.
O núcleo 6 é dedicado ao
colonialismo e à guerra colonial, o núcleo 7 conta a história da resistência
antifascista e anticolonialista, e o núcleo 8 recorda as fugas de presos
políticos do sistema repressivo policial.
Os três últimos núcleos evocam o
25 de Abril, a libertação dos presos políticos do Forte de Peniche e a cadeia
do Forte de Peniche, havendo ainda outros espaços com conteúdos específicos,
como a "Cela A. Cunhal", que será individualizada com uma placa
exterior com a ficha prisional e referências ao trabalho intelectual e
artístico aí desenvolvido.
A fortaleza, classificada como
Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo de onde se
conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro
Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao
regime ditatorial.
Após o 25 de Abril de 1974, os
últimos presos políticos foram daí libertados dois dias depois.
Lusa | em Notícias ao Minuto |
Foto: Pixabay
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