Número dois do executivo defende
que a renovação da fórmula governativa passa pelo “reforço da influência” dos
socialistas, mas recomenda que não se peça maioria absoluta.
Augusto Santos Silva garante que
o PS quer continuar a fórmula legislativa actual na próxima legislatura, com o
apoio do BE e do PCP, mesmo que a moção de António Costa ao congresso,
apresentada na semana passada, nada diga sobre a política de alianças para 2019
nem se refira em nenhum momento aos partidos que apoiam o Governo.
"Queremos continuar a
governar, merecemos a renovação da confiança da parte do eleitorado e queremos
renovar a fórmula da governação", afirmou o ministro dos Negócios
Estrangeiros à TSF nesta segunda-feira de manhã, em entrevista a propósito do
Dia da Língua Portuguesa.
Para o dirigente socialista, o
acordo à esquerda foi revolucionário “porque acabou com um dos tabus mais
persistentes da democracia portuguesa” segundo o qual apenas o PS, o PSD e o
CDS faziam parte do chamado arco da governação.
“Do nosso ponto de vista, esta
fórmula foi boa, a solução política é estável, houve ganhos para todos,
sobretudo, para as portuguesas e os portugueses, e portanto queremos renovar
essa fórmula”, disse Augusto Santos Silva, justificando o facto de considerar
que o mandato deve ser renovado.
No entanto, defende que essa
renovação deve passar por um reforço da votação do PS e sustenta que as
eleições é que vão decidir o futuro governo. “Entendemos que a renovação da
confiança depositada no PS e a renovação da actual fórmula política passa
naturalmente pelo reforço da influência social e política do Partido
Socialista”, disse.
Questionado sobre se o PS deve
pedir maioria absoluta nas próximas eleições, Augusto Santos Silva respondeu:
"O PS definirá o que quer dizer. Na minha opinião, não precisa nem é
desejável".
As declarações deste dirigente
socialista e número dois do Governo são feitas dias depois da apresentação da
moção de António Costa ao congresso do PS, na qual não há qualquer referência à
política de alianças para as próximas eleições legislativas, no Outono de 2019.
No domingo à noite, no seu espaço de comentário político na SIC, Marques Mendes
apontou essa omissão: “[O PS] vai fazer tudo para ter uma maioria absoluta, mas
se não tiver também não abre o jogo: não diz se faz um bloco central ou uma
nova geringonça, e não o diz porque não quer perder um voto nem à esquerda, nem
ao centro, nem à direita”, afirma.
O antigo líder do PSD sublinhou
ainda o facto de a moção não ter uma palavra em relação ao BE e ao PCP, quando
na moção anterior, há dois anos – já em plena governação – havia “mais de 20
referências” aos dois partidos. “É António Costa a ser igual a si próprio:
muito pragmático nas atitudes, mas agnóstico nos sentimentos e valores”,
criticou.
Leonete Botelho | Público |
Imagem: Sebastião Almeida
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