Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
As relações laborais mudam a uma
velocidade vertiginosa, sobretudo com a “uberização” do trabalho, com empresas
disfarçadas de empresas exclusivamente tecnológicas a operarem noutras áreas e
a passarem todos os encargos legais para o trabalhador, visto como
“micro-empresário” e não existindo o reconhecimento de vínculo laboral.
A proliferação destas empresas
que acarretam mudanças incomensuravelmente lesivas para os trabalhadores parece
difícil de parar. Embora outras formas de precariedade, particularmente
embutidas nas nossas sociedades, tenham vindo a conhecer algumas mudanças
positivas.
Por um lado, toda o caminho
legislativo com o objectivo de travar essa proliferação esbarra num contexto
económico desfavorável, de capitalismo selvagem, que se dá perfeitamente com
empresas desta natureza e que beneficia do enfraquecimento das relações
laborais que se verifica há pelo três décadas. Por conseguinte esperar que seja
pela via legislativa é optimismo, o que não invalida, porém, o reforço do papel
dos cidadãos que podem escolher aqueles partidos que não desistem de lutar
contra as referidas empresas. E é precisamente o papel dos cidadãos que tem de
ser reforçado. Não existindo uma margem de manobra significativa, ainda existem
resquícios de livre-arbítrio, o que pode originar escolhas que podem
enfraquecer essas empresas, o que poderá ainda resultar em mudanças a favor de
todos nós. Ou alguém considera saudável para qualquer sociedade a existência de
trabalhadores a viverem em contexto de acentuada precariedade? E quando nos
tocar a nós, qual será a nossa percepção? Talvez nesse momento deixemos de
escolher este género de empresa, mais não seja porque a escassez de dinheiro
dificilmente admitirá essas escolhas.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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