Autoridades americanas afirmam
que empresas europeias com negócios no Irã poderão ser alvo de punições. Teerã
estabelece prazo de 60 dias para que Europa forneça garantias de modo a
salvaguardar interesses iranianos.
O governo dos Estados Unidos
elevou a pressão sobre a União Europeia (UE) após Washington
decidir abandonar o acordo nuclear com o Irã. Autoridades americanas
sugerem que empresas europeias que realizarem operações com o país poderão
ser alvo de sanções.
O assessor de Segurança Nacional
dos EUA, John Bolton, alertou neste domingo (13/05) que é possível que
sejam aplicadas sanções contra empresas europeias que realizem negócios no Irã,
após a saída de seu país do acordo nuclear. Ele disse que os signatários
europeus deveriam seguir o exemplo americano.
"Acredito que os europeus
verão que está dentro de seus interesses finalmente se somar a isso",
afirmou Bolton em entrevista à CNN. Sobre as possíveis sanções às empresas
europeias, Bolton disse que isso vai depender da "conduta dos outros
governos".
Ele disse que a Europa ainda está
assimilando a decisão anunciada pelo presidente na última terça-feira.
"Acho que eles estão realmente surpresos que saímos [do acordo], realmente
surpresos com a reimposição de sanções rígidas. Mas vão se acostumar com a
ideia, veremos o que acontece então", observou.
O secretário de Estado americano,
Mike Pompeo, afirmou que a decisão de Washington de se retirar do acordo
– assinado em 2015 juntamente com a China, França, Reino Unido, Alemanha e
Rússia – "não teve como objetivo pressionar os europeus".
Em entrevista á emissora
americana Fox News neste domingo, o secretário disse que a intenção do governo
americano junto aos parceiros europeus é chegar a um novo acordo que
"de fato funcione, que proteja o mundo do mau comportamento do Irã, não
apenas em relação a seu programa nuclear, mas também a seus mísseis e a seu
comportamento maléfico".
O Departamento do Tesouro dos EUA
deu prazo de entre 90 e 180 dias para que as empresas estrangeiras com
operações no Irã encerrem suas atividades em setores-chave, como o de energia,
de modo a evitar sanções econômicas.
Os países da UE signatários do
pacto nuclear criticaram a saída de Washington do acordo e refirmaram suas
intenções de manter vivo o tratado arduamente negociado com Teerã.
Um comunicado do gabinete da
primeira-ministra britânica, Theresa May, afirma que o Reino Unido e o Irã
expressaram seu compromisso em se manterem no pacto. O ministro francês do
Exterior, Jean-Yves Le Drian, disse que seu país permanecerá como umas das "partes
interessadas".
A Alemanha afirmou que tentará
convencer Washington a repensar sua decisão durante os 90 dias do prazo para
que as as empresas europeias encerrem seus negócios com Teerã. O ministro
alemão do Exterior, Heiko Maas, porém, reconheceu que será difícil
protegê-las de futuras sanções americanas.
Ministro iraniano na Rússia
O ministro iraniano do Exterior,
Javad Zarif, viajou a Moscou em busca de garantias do governo da Rússia e dos
demais signatários de que ainda apoiam o acordo de 2015.
"O objetivo final dessas
negociações é assegurar que os interesses da nação iraniana sejam
defendidos", disse Zarif ao lado de seu colega russo, Serguei Lavrov,
nesta segunda-feira.
O ministro russo, por sua vez,
disse que seu país e a Europa têm o dever de "defender em conjunto seus
interesses legais" em relação ao pacto.
Analistas sugerem que a Rússia
poderia se beneficiar da decisão americana de deixar o acordo, por estar menos
exposta do que a Europa às consequências de futuras sanções americanas ao Irã.
Irã dá ultimato para europeus
Segundo informação divulgada no
portal Icana, do Parlamento iraniano, os países europeus têm até 60 dias de
prazo para salvaguardarem interesses iranianos. A medida é atribuída ao
vice-ministro do Exterior, Abbas Araghchi, citado pela Comissão de Assuntos
Estrangeiros do Parlamento.
"Os europeus têm entre 45 e
60 dias para fornecer as garantias necessárias para salvaguardar
interesses iranianos e compensar os danos causados pela saída dos EUA [do
acordo nuclear]", afirma o portal.
RC/afp/rtr/efe | Deutsche Welle
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