“Dispararam contra um duplo
amputado, que ameaça representa um amputado?”: ONU lamenta comportamento das
tropas israelitas
Dia da inauguração da embaixada
norte americana em Jerusalém ficou marcado por dezenas de mortos: israelitas
abateram 60 palestinianos em Gaza
Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos lamentou esta terça-feira que qualquer
manifestante palestiniano em Gaza "possa ser morto" pelas forças
israelitas, represente ou não uma ameaça iminente.
"Parece que qualquer um pode
ser morto ou ferido, mulheres, crianças, repórteres, pessoal de socorro, se se
aproximam (...) da barreira (de segurança). Dispararam contra um duplo
amputado, que ameaça representa um amputado?", questionou um porta-voz do
Alto Comissariado, Rupert Colville, em declarações aos jornalistas em Genebra.
Colville sublinhou que "a
utilização da força letal deve ser o último recurso, não o primeiro, e deve
responder a uma ameaça para a vida. Tentar saltar uma vedação ou danificá-la ou
lançar 'cocktails Molotov' não é claramente uma ameaça de morte".
"Não é aceitável dizer:
trata-se do Hamas, por isso não há problema", adiantou, rejeitando a
justificação apresentada por Israel, que acusa o movimento radical Hamas, que
controla Gaza, de estar na origem da manifestação e afirma que não faz mais do
que defender o seu território.
Pelo menos 60 palestinianos foram mortos por tropas israelitas na segunda-feira em confrontos junto à barreira de segurança que separa a faixa de Gaza do território de Israel. Mais de mil palestinianos foram feridos a tiro.
Com aquelas mortes aumenta para
mais de 100 o número de palestinianos mortos na faixa de Gaza desde o início, a
30 de março, de um movimento de contestação designado "marcha de
retorno", que reivindica o regresso dos refugiados palestinianos às terras
de onde foram expulsos ou fugiram após a criação do Estado de Israel, em 1948.
Segunda-feira, dia da inauguração
da embaixada norte-americana em Jerusalém, foi também o dia do conflito
israelo-palestiniano mais sangrento desde a guerra do verão de 2014 no enclave
palestiniano.
O alto comissário dos Direitos
Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, declarou por seu turno que "os
responsáveis por violações flagrantes dos direitos humanos devem ser
responsabilizados".
No passado dia 27, Zeid Ra'ad Al
Hussein instou Israel a abster-se de usar força excessiva contra os
manifestantes palestinianos em Gaza, considerando "difícil ver como uns
pneus queimados ou 'cocktails Molotov' lançados de uma distância significativa
contra forças de segurança altamente protegidas e em posições de defesa podem
ser considerados uma ameaça".
Lusa | em Expresso | Foto: AFP
CONTRIBUTOR/GETTY IMAGES
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