terça-feira, 15 de maio de 2018

GAZA | Exército assassino mata 60 enquanto o diabo aliado esfrega o olho


“Dispararam contra um duplo amputado, que ameaça representa um amputado?”: ONU lamenta comportamento das tropas israelitas

Dia da inauguração da embaixada norte americana em Jerusalém ficou marcado por dezenas de mortos: israelitas abateram 60 palestinianos em Gaza

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos lamentou esta terça-feira que qualquer manifestante palestiniano em Gaza "possa ser morto" pelas forças israelitas, represente ou não uma ameaça iminente.

"Parece que qualquer um pode ser morto ou ferido, mulheres, crianças, repórteres, pessoal de socorro, se se aproximam (...) da barreira (de segurança). Dispararam contra um duplo amputado, que ameaça representa um amputado?", questionou um porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville, em declarações aos jornalistas em Genebra.

Colville sublinhou que "a utilização da força letal deve ser o último recurso, não o primeiro, e deve responder a uma ameaça para a vida. Tentar saltar uma vedação ou danificá-la ou lançar 'cocktails Molotov' não é claramente uma ameaça de morte".

"Não é aceitável dizer: trata-se do Hamas, por isso não há problema", adiantou, rejeitando a justificação apresentada por Israel, que acusa o movimento radical Hamas, que controla Gaza, de estar na origem da manifestação e afirma que não faz mais do que defender o seu território.

Pelo menos 60 palestinianos foram mortos por tropas israelitas na segunda-feira em confrontos junto à barreira de segurança que separa a faixa de Gaza do território de Israel. Mais de mil palestinianos foram feridos a tiro.

Com aquelas mortes aumenta para mais de 100 o número de palestinianos mortos na faixa de Gaza desde o início, a 30 de março, de um movimento de contestação designado "marcha de retorno", que reivindica o regresso dos refugiados palestinianos às terras de onde foram expulsos ou fugiram após a criação do Estado de Israel, em 1948.

Segunda-feira, dia da inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém, foi também o dia do conflito israelo-palestiniano mais sangrento desde a guerra do verão de 2014 no enclave palestiniano.

O alto comissário dos Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, declarou por seu turno que "os responsáveis por violações flagrantes dos direitos humanos devem ser responsabilizados".

No passado dia 27, Zeid Ra'ad Al Hussein instou Israel a abster-se de usar força excessiva contra os manifestantes palestinianos em Gaza, considerando "difícil ver como uns pneus queimados ou 'cocktails Molotov' lançados de uma distância significativa contra forças de segurança altamente protegidas e em posições de defesa podem ser considerados uma ameaça".

Lusa | em Expresso | Foto: AFP CONTRIBUTOR/GETTY IMAGES

Sem comentários:

Mais lidas da semana