The Monroe Doctrine was
articulated in President James Monroe's seventh annual message to Congress on
December 2, 1823. The European powers, according to Monroe, were obligated to
respect the Western Hemisphere as the United States' sphere of interest – https://www.ourdocuments.gov/doc.php?flash=true&doc=23
Martinho Júnior | Luanda
1- A 23 de Janeiro de 2010, no
ZIP-ZIP – 18 publicado naquele dia no Página Um Blogspot, com o título “OBABUSH
VISA NEUTRALIZAR A ALBA”, eu lançava um dos primeiros alertas sobre uma pressão
que se estenderia à ALBA, “Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa
América – Tratado de Comércio dos Povos” até aos dias de hoje.
Essa intervenção já não está
publicada na Internet, mas recordo-a, a partir dos meus arquivos:
Os Estados Unidos estão a
transferir para a América uma parte do seu potencial de intervenção
político-diplomático, operativo e militar, tendo como objectivo principal ao
que tudo vai indicando, a neutralização da ALBA procurando garantir dessa forma
a recuperação de sua própria influência.
A ascensão duma administração
democrata que pela primeira vez na história norte americana eleva um negro à
Presidência, faz parte da psicologia dessa “operação” que sustenta o arranque
dessa “estratégia alargada e multidisciplinar”, uma estratégia que ao mesmo
tempo que põe fim a uma década de falências apesar do unilateralismo que
caracterizou a administração republicana de George W. Bush, dá início a uma
década de procura incessante de revitalização do império que visa neutralizar
qualquer veleidade de multi lateralismo alternativo no seu “quintal das
traseiras”, por muito irracional que esse processo seja.
O quadro político na América
Latina indicia estar a evoluir neste momento ao sabor dos interesses e das
“ementas” das oligarquias coligadas ao império, em países tão decisivos como o
Panamá, ou o Chile e mesmo nos casos “menores” de El Salvador, do Paraguai e do
Uruguai as possibilidades alternativas fora da pressão neoliberal estão
severamente condicionadas.
Na região da costa do Pacífico o
domínio é evidente, avassalador e apenas são excepção países pequenos como a
Nicarágua e o Equador, este último, mesmo assim, sujeito a subversão intestina.
Chile, cujas condições
físico-geográficas são únicas (uma estreita faixa de terra com 6.435 km de
comprimento de linha de costa que se estende entre os Andes e o Pacífico) está
na via do neo pinochetismo com um líder da estirpe dum Sílvio Berlusconi
(Itália), ou dum Ricardo Martinelli (Panamá), um “bem-sucedido” homem de
negócios que vai procurar transmitir ao seu governo os êxitos da sua carreira
que no espírito e na letra corresponde aos interesses neo liberais, fiel
inclusive aos “originais Chicago Boys”.
A segunda década do século XXI
para o Chile inicia-se com Sebastián Pinera na esteira duma “mudança” ao jeito
da “utopia ObaBush” e tendo como “observador perspicaz” o olho da “esclarecida”
família Clinton.
Essa “santíssima trindade”
tornou-se mais visível em função da catástrofe-oportunidade do Haiti, tirando
partido dum choque para lá do esmagamento histórico, económico e sócio-político
duma nação com tão corajosas opções rebeldes originais.
O lado Atlântico da América está
sujeito a uma autêntica ofensiva, desde o derrube do governo de Zelaya nas
Honduras, ao cerco e pressão sobre a Venezuela e agora sobre Cuba (pela via da
presença militar no Haiti, “explorando a oportunidade do terramoto”), até à
expectativa em torno das eleições no Brasil.
A veleidade da emergência do
Brasil está “sob controlo” estratégico e um dos sintomas é o papel subalterno
da presença militar brasileira no Haiti em função da Missão da ONU naquele
estrategicamente tão imprescindível ninho de catástrofes.
O México continua a ser outra
preocupação nos horizontes próximos e a manobra em relação a esse colosso é uma
constante, tirando partido do governo instalado em eleições extremamente
contestadas.
O único país da ALBA que neste
momento parece estar em “estado de graça” é a Bolívia, encravada no interior da
América do Sul e numa altura em que o Presidente Evo Morales assume a posse ao
abrigo de evocações e filosofias ancestrais que emergem com toda a vitalidade
no coração do continente e das trevas, duzentos anos depois das independências
arrancadas à força da Espanha colonial!
Quer a Venezuela, quer o Equador,
quer mesmo Cuba, estão em situação de conjugadas pressões externas e internas,
em “ementas” próprias e “inteligentes”, algumas delas artifícios e manipulações
com raiz em Washington, ao mesmo tempo que o USSOUTHCOMMAND e a IVª frota
assumem as Caraíbas como um autêntico “mare nostrum”, agora com fulcro no
Haiti.
O Brasil tem no Haiti uma
antevisão do que poderá ser alguma vez uma ofensiva norte americana sobre a
“Amazónia Azul” e, “não vá o diabo tecê-las”, “faz segurança ao monstro”…
A proximidade das bases da
Colômbia em relação à “Amazónia Verde” é um outro contexto de pressão, também
dirigido para a Venezuela e o Equador.
“ObaBush” começa a estar em “plena
forma”, reorganizando as fileiras em função da desvalorização dum “terrorismo”
que pode ter os dias contados em relação à sua evocação Setembrina, pois
ideologicamente impõe-se a resposta à rebeldia duma ALBA que ousa usar armas
tão difíceis de enfrentar como a educação, a saúde e até, pasme-se, essa
predisposição guevarista de socorrer os “deserdados da Terra” em plena
catástrofe!
2- Oito anos depois, esse alerta
está confirmado nas suas linhas gerais, conforme (agora) a actividade da
administração republicana de Donald Trump dirigida contra a América Latina,
como se a estratégia do império passasse a assumir um único e contínuo
dispositivo (é para isso que existe o Pentágono), em relação ao qual o rótulo
rocambolesco “BushObaTrump” assenta como uma luva!
A Rede Voltaire, cada vez mais
motivada para a oportuna decifragem das pistas do império da hegemonia unipolar
confirmou-o, nos termos da tentativa de asfixia a uma das pedras basilares da
ALBA-TCP, “Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de
Comércio dos Povos”: a Venezuela Socialista Bolivariana que procura emergir do
último processo democrático torpedeado pelo império e seus vassalos.
Sintomaticamente caos, terrorismo
e desagregação que afectam Médio Oriente e o “AfPaq”, podem ser
disseminados também na América Latina pelo poder do império e seu cortejo de
vassalos!
3- As eleições na Venezuela desde
a Constituinte, marcaram claramente quanto o Partido Socialista Unido da
Venezuela, com os partidos e organizações suas aliadas, não só souberam
defender e defender os seus programas socialistas dos operativos de
desestabilização que impulsionaram múltiplas “transversalidades” (nos
campos sócio-político, económico, financeiro, psicológico e outros), como
também inviabilizaram os projectos das sucessivas oposições, qualquer que fosse
o jogo estabelecido pelo “diktat” do império da Doutrina Monroe e
tudo isso a partir de sua própria identidade com a maioria do povo bolivariano!
Na Venezuela está em curso um
processo dialético anti-imperialista, que efectivamente é para o Pentágono uma
afronta ao seu exercício para dentro da América Latina, particularmente no que
ao Comando Sul diz respeito!
Assim quer Stella Caloni, quer
Thierry Meyssan, oportunamente apontaram, com o suporte de documentos
produzidos pelo Pentágono, quão longe pretende ir a hegemonia unipolar contra a
Venezuela Socialista Bolivariana emergida desde a Constituinte, precisamente em
cima da eleição presidencial ocorrida a 20 de Maio último.
4- Em “O Golpe de
Mestre dos Estados Unidos contra a Venezuela (Documento do Comando Sul)”, a
Rede Voltaire salienta (http://www.voltairenet.org/article201130.html) :
“As negociações em torno da
península de Coreia e a retirada norte-americana do acordo sobre o programa
nuclear iraniano (JCPOA ou Acordo dos 5+1) não devem interpretar-se como um
reposicionamento das Forças Armadas dos Estados Unidos.
Sem importar que Administração
esteja no Poder em Washington, o Pentágono segue em frente com o seu plano de
domínio à escala mundial. Stella Calloni revela que o SouthCom (o tristemente
célebre Comando Sul) tem planificada uma operação militar contra a Venezuela,
antes da eleição presidencial de 20 de Maio.
Baseando-se num documento interno
do Pentágono, Stella Calloni põe a nu a implicação da Argentina, Colômbia,
Brasil, Guiana e Panamá nesse projecto de derrube de um Poder democrático,
nascido do voto popular. É um plano de destruição de toda uma sociedade.
As Forças Armadas dos Estados
Unidos estão de volta contra os povos na América Latina”.
De facto o documento (http://www.voltairenet.org/article201100.html)
define-se pelo conjunto da argumentação doutrinária e ideológica da motivação
hegemónica, uma fórmula de repescagem da Doutrina Monroe, para depois passar a
definir as linhas de acção que, entre outras coisas, integram o papel dos
vassalos contra a Venezuela, na espectativa de que, com o fim do PSUV e do
processo em curso na Venezuela Socialista Bolivariana, as organizações
progressistas como a ALBA-TCP deixem de existir e influenciar as medidas contra
o império que tem vindo resolutamente a assumir!
5- Na sequência do documento, é o
próprio Thierry Meyssan que aprofunda o alerta (“Cuidado! Peligro
inminente en la cuenca del Caribe” – http://www.voltairenet.org/article201239.html):
“Las increíbles reacciones que ha
suscitado el artículo de Stella Calloni que publicamos en
la Red Voltaire sobre el plan del Comando Sur
contra Venezuela muestran que existe una fractura en el seno de la
izquierda latinoamericana.
Y esto es un mal augurio
para la resistencia en caso de que el Pentágono pase a la acción.
Sin embargo, es un hecho que los ejércitos de Estados Unidos
se preparan para destruir los Estados y sociedades de los países de
la Cuenca del Caribe.
Es el mismo plan que han venido
aplicando durante los 17 últimos años en el Gran Medio Oriente”.
6- A evolução global vai
ganhando indícios cada vez mais evidentes que a administração de turno nos
Estados Unidos, que enveredou por um conjunto de opções protecionistas, está a
ter dificuldades nos relacionamentos internacionais intempestivos que vêm sendo
cultivados desde a IIª Guerra Mundial, incluindo com perdas nas suas
capacidades geoestratégicas, pese embora o poderio de suas Forças Armadas que
integram dispositivos com mais de 800 bases“ultramarinas”.
No enorme continente
euroasiático, a partir das contramedidas da Federação Russa no Cáucaso e agora
na Síria, assim como as integradoras iniciativas da Organização de Xangai e da
Rota da Seda (capazes de aproximações em relação à Turquia, ao Irão, ao
Paquistão e à Índia), que as perdas geoestratégicas só não são mais graves
graças a uma coligação que na região mais catastrófica tem duas pedras
angulares: o sionismo e o radicalismo wahabita-sunita, promovido pelas
monarquias arábicas.
Com a catástrofe disseminada, as
opções de civilização escapam mais evasivamente ao poderio do império, algo que
também está a acontecer no sudeste asiático e extremo oriente, pelo que os
dispositivos do Comando Sul do Pentágono, assumem uma espécie de último reduto
nas configurações geoestratégicas do império da hegemonia unipolar, ditando
regras até à própria Casa Branca.
Essa evidência, que por seu turno
é capaz de acarretar uma aparente divisão da “esquerda” latino-americana,
na verdade clarifica o campo dos estados progressistas, pelo que a Venezuela
Socialista Bolivariana, cujas riquezas naturais nunca deixaram de ser alvo de
cobiça, torna-se um alvo de primeira grandeza, até por que é identificada como
um dos impulsionadores de organizações continentais progressistas como a
ALBA-TCP!
Resolutamente, todos os que se
assumem identificados com a Venezuela Socialista Bolivariana, são chamados
antes de mais a ter consciência da evolução global e continental na América,
por que os próximos anos serão decisivos para a paz e a luta contra o
subdesenvolvimento na América Latina, preocupação que nunca fez parte do ADN do
império e dos seus vassalos, entre os quais uma expressiva parte das
oligarquias latino-americanas.
TODOS SOMOS VENEZUELA!
Martinho Júnior - Luanda, 27 de
Maio de 2018
A consultar: http://www.voltairenet.org/mot782.html?lang=es
Ilustrações:
Cartoon sobre a Doutrina Monroe
(1);
Os falcões de turno (2 e 3);
O documento do Comando Sul do
Pentágono sobre a Venezuela;
Estados Unidos tirem as mãos da
Venezuela
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