quarta-feira, 6 de junho de 2018

CARTA DE KIM A TRUMP


A Cimeira de Singapura mantém-se sem a assinatura de um acordo formal de paz?

Michel Chossudovsky

Apesar de a cimeira de 12 de Junho em Singapura estar outra vez na ordem do dia, será que resultará num acordo de paz bilateral?

É altamente improvável que Pyongyang se dobre às exigências dos EUA, as quais requerem um processo unilateral de "desnuclearização" da parte da RDPC. Enquanto isso, Donald Trump permanece comprometido com o seu programa de 1,3 milhão de milhões de dólares de armas nucleares, o qual displicentemente apregoou ser um meio de garantir a segurança nacional da América – a expensas dos contribuintes.

Trump tem reiterado que as sanções económicas dos EUA contra a Coreia do Norte prevalecerão; ele também declarou que um novo conjunto de sanções são encaradas actualmente mas que só serão implementadas se houver uma "ruptura" nas negociações.

A Coreia do Norte estará a exigir algo em retorno, o que é improvável que os EUA aceitem.

Além disso, a menos que o acordo de armistício de 1953 seja substituído por um tratado da paz, a guerra ainda está nos planos do Pentágono.

A Coreia do Norte perdeu 30% da sua população em consequência dos bombardeamentos estado-unidenses durante a Guerra da Coreia (1950-53). Do seu ponto de vista, os EUA constituem uma ameaça à sua Segurança Nacional. Resistência permanente às ameaças dos EUA durante mais de meio século: os norte-coreanos são estrategas astutos. Eles não cederão.

O que os EUA querem alcançar é um compromisso para um processo unilateral de desnuclearização.

A carta de Kim a Trump foi entregue em mãos por um conselheiro de inteligência de topo, Kim Yong-chol , às 13h00 (ET) de sexta-feira 1 de Junho na Casa Branca.

No momento em que se escreve, o conteúdo da Carta de Kim não foi tornado público. Informações entretanto revelam que a carta (a qual constitui uma resposta à carta anterior de Trump) sugere uma recusa da parte da RDPC de entrar nesta etapa num acordo formal com a administração Trump. Ao mesmo tempo, a RDPC pode estar a avançar certas pré-condições para a condução das negociações subsquentes. 

Sem ter lido a carta, Trump no entanto confirmou que se encontraria com Kim Jong-un em Singapura a 12 de Junho.

Apesar de Trump ter sido informado pelos seus conselheiros, inclusive o secretário de Estado Mike Pompeo, quanto às negociações em curso EUA-RDPC na DMZ (zona desmilitarizada), ele no entanto admitiu que poderia haver "uma grande surpresa" ao ler a carta.

Numa declaração no Relvado Sul da Casa Branca (imagem acima) na presença do enviado norte-coreano, Kim Yong-Chol, Trump disse:

Acho que superamos isso, superamos isso totalmente, e agora vamos negociar e vamos realmente começar um processo, ... Vamos reunir com o presidente em 12 de Junho e penso que provavelmente vai ser um grande êxito – em última análise um processo com êxito".

Enquanto Trump prepara visivelmente o seu "Reality Show" em Singapura, Pyongyang também está a montar a sua própria campanha de relações públicas.

O amigo íntimo de Trump, o bilionário Sheldon Adelson , é dono do Sands Bay hotel e Casino, o qual poderá abrigar alguns dos eventos sociais da Cimeira.

Reunião secreta Kim-Xi-Putin três dias antes da Cimeira de Singapura? 

Segundo informações (não confirmadas), o presidente Kim estará em Qingdao, Província Shandong (RPC), em 9 de Junho, para a 18ª cimeira anual da Organização de Cooperação de Shangai (SCO) encabeçada pelo presidente da China, Xi Jinping. A informação (ainda a ser confirmada) citada pelos media de Formosa aponta para a possível realização de uma "reunião secreta" entre Kim Jong-un, Vladimir Putin e Xi Jinping à margem da cimeira da SCO.

A mesma informação revela que Kim poderá fazer um discurso público no plenário da SCO. Se isto se verificasse, a dinâmica do encontro de Singapura seria afectada.

Deveria ser observado que a anulação do Acordo de Armistício de 1953 exigiria a participação dos seus três estados signatários, nomeadamente os EUA, a RDPC e a China. E nem a China nem a Coreia do Sul foram convidados à Cimeira.

Também convém notar que outra cimeira importante terá lugar em Singapura, a Asian Security Conference (1 de Junho), menos de duas semanas antes da Cimeira Kim-Trump em 12/Junho/2018.

O tom foi agressivo com o secretário da Defesa, Mad Dog Mattis, a ameaçar tanto a China como a Coreia do Norte. 

Wall Street 

As declarações políticas de Trump são muitas vezes reguladas para coincidirem com a actividade da [bolsa] NYSE na Wall Street. O conteúdo da carta de Kim, bem como declarações de Trump respeitantes à mesma, provavelmente afectarão os mercados de acções quando abrirem na manhã de segunda-feira. Aqueles com conhecimento prévio podem fazer apreciáveis ganhos especulativos. 

01/Junho/2018

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