Mário
Motta, Lisboa
O Sporting continua em crise,
lamentável. Parece um filme de terror, se quiserem consideremos que é uma
novela de terror. Bruno de Carvalho faria bem em se demitir se não fosse como é,
um guerreiro. Mas ele sabe o que sabe e ainda não disse: aqui há marosca. Há
marosca e para alguns, se não para todos dos mais preponderantes na novela, o
negócio são milhões e estão-se nas tintas para o clube centenário.
São esses que falam, falam,
envenenam ainda mais a toda a hora e em todas as palavras que pronunciam. Até
quando dizem que estão a querer pacificar estão a envenenar e a pôr mais
cianeto no caldeirão da crise. Quanto aos jogadores… Ofereçam-lhes dinheiro extra
(milhões) que tudo se compõe. Salvo raras e honrosas excepções os jogadores o
que querem é somar milhões naquele futebol disso mesmo, dos milhões. A baixa
consideração que Bruno de Carvalho possa merecer é extensiva a muitos dos
protagonistas daquela novela de terror. Quem está a perder tudo é o Sporting,
por ter facultado a entrada nos seus órgãos e influências primordiais bandos de
gentes portadoras de maus caráteres, de golpistas que aqui e ali debicam
interesses pessoais, de promoção e de negociatas.
Rui Patrício abandonou o
Sporting, Podence idem, esses são certos. Patrício, um Sportinguista do peito
abandona o Sporting? Um sportinguista do peito nunca faria isso. A não ser que
o mais importante sejam os milhões, a carreira e etc. Em qualquer plantel dos
grandes clubes existem muitíssimos como Patrício. Aquelas vedetas fazem parte
de uma classe estranha de seres humanos. Temos de admitir. Só aduladores de
tontarias têm consideração por gentes daquela espécie. Porém, cada um é como
quer e se sente confortável. Toca a todos. Certo é que o futebol dos milhões é
doentio e revela-se um circo de feras que elimina o que ou quem se lhe opuser na
marcha.
O engraçado daqueles desportos
dos milhões, particularmente o futebol (ópio do povo) são os golos e as artes
de domínio do esférico. Mas daí a aceitarmos a alienação que lhe é adjacente, a
violência e as imoralidades dos milhões que ali abundam e passam de mão em mão
torna-se criminoso e superiormente imoral. Montra escancarada de para onde
caminhamos enquanto homens e mulheres, enquanto povos-adeptos, povos-eleitores
ou dominados por ditadores, em sociedades com sintomatologias de doenças
agravadas e que se resumem a clubites, partidarites, adulações do cifrão sob a
forma de fortunas, ganâncias, avarezas. É este futebol doentio que irá estourar
com ele próprio por via de uma implosão espetacular, para dar o lugar merecido
ao desporto saudável e amigo das sociedades, dos povos, do saudável.
A crise no Sporting tem por par,
na segunda circular de Lisboa, a crise no Benfica. A do FC Porto também
aparecerá. E por aí adiante. A corrupção, as vigarices, as gulas pelos milhões
e a crise nas estruturas das bordas e ganâncias de tantos milhões (federação,
arbitragem, a própria FIFA, UEFA, etc.) é o conteúdo explosivo dessa tal implosão
que já está à vista há muito e cada vez mais. O dia B do bum! acontecerá, para
estilhaçar e aniquilar a podridão das mentes deste futebol do “desporto rei”,
assim como o próprio “rei”. E então surgirá a república no futebol, a
democracia, a transparência. Só então o desporto no seu todo poderá ser
vivificado e merecedor de fazer parte de sociedades e povos saudáveis. É o que
se deseja. Era o que devia ser. É o que deve ser o futebol, todo o desporto.
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