Ana Alexandra Gonçalves* | opinião
A frase em epígrafe foi proferida
por Pedro Sánchez que anunciou uma subida no salário mínimo de 22%, a maior
desde 1977. O que esta frase significa é, no essencial, o reconhecimento que o
desenvolvimento dos países não pode ser feito à custa da disseminação da
pobreza; o que esta frase tem implícito é o risco que as sociedades correm se
deixarem essa pobreza grassar. Sánchez percebeu isto; Macron ainda não, embora,
por força das manifestações dos coletes amarelos, tenha vindo a anunciar o
aumento do salário mínimo em cem euros.
A pobreza hoje não se fica
naquelas franjas mais fragilizadas da população, hoje essa pobreza toca e
ameaça atingir o que é considerado a classe média. Os salários baixos,
estagnados e sem perspectivas de aumentar, o desemprego e a precariedade,
aliados ao constante enfraquecimento do Estado Social, está a acordar essa
classe média, com consequências que os franceses vão começando a compreender
melhor. Quem aproveita ou até certo ponto promove esse despertar é outra
questão que merece também ela profunda reflexão.
Macron não percebeu nem percebe,
talvez consequência da sua formação precisamente na banca, que de facto
"um país rico não pode ter trabalhadores pobres", não só essa pobreza
representa a antítese do desenvolvimento como potencia revoltas. De resto,
Macron pertence aos que apesar de terem criado uma crise viram-se a salvo
da mesma, enquanto o ónus dessa mesma crise passou para os Estados e para as
suas populações. Pensar que as pessoas esquecem isso é pura ingenuidade.
*Ana Alexandra Gonçalves |
Triunfo da Razão
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