1- Todo o trajecto de Savimbi foi
feito em subversão: foi assim em relação à sua passagem pela FNLA, foi assim em
relação ao MPLA e ao Movimento de Libertação em África, foi assim em relação ao
estado angolano…
No momento de lutar contra o
colonialismo aliou-se a ele, no momento de lutar contra o “apartheid”,
aliou-se a ele, no momento de assumir a paz, aliando-se a Mobutu, Savimbi
protagonizou o choque neoliberal!...
Esse trajecto é próprio de alguém
fundamentalista e radical, conforme se pode constatar por via do apoio que
mereceu da Conservative Caucus dos Estados Unidos, uma das alas de ultradireita
do Partido Republicano, inaugurando a“filiação” desde a administração de
Ronald Reagan, quando os Estados Unidos estavam ainda longe de reconhecer Angola
independente!
É evidente que na triangulação
entre superestrutura ideológica, carácter da guerra psicológica e acções no
teatro das operações, as evidências sobre o seu fundamentalismo de conduta
foram-se acumulando até à exaustão… e de repente isolou-se, sem mais vislumbre
de recuperação, com o golpe traduzido na e pela Operação Restauro!
2- Savimbi foi sempre um
instrumento útil e sangrento à mercê de interesses e de poderes externos: de
Salazar e Marcelo, de Mao Tse Tung, do “apartheid” e dos Botha, de
Kissinger (que o haveria de descobrir via Kenneth Kaunda), da administração
Reagan (que o qualificou entre outros como “freedom fighter” e o
municiou com os “Stingers”), de Mobutu agenciado pela CIA, do cartel dos
diamantes antes do Processo Kimberley, do “lobby dos minerais”, filtro do
cartel e do Parido Democrata dos Estados Unidos… uma longa lista de percursos
de vassalagem que se foram sucedendo conduzindo ao nada, tanto pior, à completa
destruição de Angola, quaisquer que fossem as suas justificações!
Esse é um percurso que por si é
testemunho que as premissas desencadeadas no âmbito do Exercício ALCORA,
tiveram linhas de acção ao longo de décadas depois do 25 de Abril de 1974 e
particularmente após o 25 de Novembro de 1975 em Portugal!
Nesse aspecto, foram garantidos
não só os termos dos relacionamentos vassalos e/ou ambíguos dos governos
portugueses na direcção da África Austral, mas também a atracção dos interesses
subjacentes, como por exemplo os condensados pelo Le Cercle e figuras a ele
indexadas, como Jaime Nogueira Pinto autor de “Jogos Africanos”, que
também haveriam de enredar angolanos confundidos pela terapia neoliberal,
conforme testemunham as fotos desse seu livro!
Até que ponto, por exemplo, a
Contra Inteligência Militar angolana, sob as ordens do General José Maria, se
deixou enredar nessa teia de interesses característicos da terapia neoliberal e
que motivações isso não acarretou até à sua demissão, numa altura em que já os
escândalos de corrupção dentro do estado angolano se tornavam insuportáveis?
Desde quando essa saga afinal
havia começado, por dentro do miolo dos instrumentos do poder de estado em
Angola, mesmo antes da desarticulação da Segurança do Estado em 1986 e a
condenação dos oficiais que haviam lutado contra o tráfico ilícito de diamantes
por via do processo 105/83, um processo que havia começado por causa da
publicidade da documentação do Consulado dos Estados Unidos em Luanda,
detectada no edifício TEXACO à Maianga e num armazém de “pronto a
embarcar” na área do Porto de Luanda?...
3- Em 1998, no meio-clandestino
Gabinete de Apoio ao Estado-Maior Geral das FAA, a nossa primeira preocupação
foi avaliar até que ponto o cerco à capital a partir das províncias angolanas
(e do meridiano Cuango – Cuanza, até à região central das grandes nascentes)
lhe iria produzir resultados no sentido da tomada do poder pela força.
Em relação a essa preocupação,
todos os alarmes soaram quando as áreas produtoras de petróleo (caso do Soio),
ou áreas com prestação de serviços ao sector petrolífero (caso do Ambriz),
começaram a ser por ele atacadas e tomadas no noroeste angolano.
A caracterização da ofensiva de
Savimbi, fiel às doutrinas maoistas de guerrilha e guerra, foi determinante
para a definição do carácter das contramedidas, algumas das quais expeditas e
com recurso a mercenários (“Executive Outcomes”), por que a subversão de
Savimbi foi também radical e fulminante para se definirem os campos contraditórios
na economia e nas finanças do país!
Com isso ele não só obrigou à
intensificação das medidas do choque neoliberal que se reflectiram nas
barricadas que se enfrentavam no terreno, mas conseguiu amarrar o estado
angolano a compromissos contranatura, por que as FAA eram incipientes e os
recursos internacionais expeditos em socorro do estado angolano não existiam,
ou só existiam através de vasos “transversais” ao sabor e à mercê das
máfias internacionais que acabaram por dar suporte à “guerra dos diamantes
de sangue” de há 20 anos e hoje suportam de forma mais controlada pelo
poder do capitalismo financeiro transnacional, as iniciativas que alimentam
caos, terrorismo e desagregação no Afeganistão, no Paquistão, no Iraque, na
Líbia, no Sahel, na Síria, no Iémen e no que adiante se verá (atendendo à
evolução da situação no imenso continente americano!...
Esses compromissos, após o fim
dos combates em 2002, engrossaram a intensidade dos impactos próprios da
terapia neoliberal e com isso contribuíram também para disseminar múltiplas
sementes de corrupção… até à exaustão de Pierre Falcone, Arkady Gaydamak, Lev
Leviev, Maurice Tempelsman , Sam Pa, cuja queda e condenação a 80 anos de
prisão na China foi determinante no momento último da crise e da actual “mudança
de paradigma” em fresco curso em Angola!
A terapia neoliberal com esse
tipo de trilhas e de impactos, haveria ainda de influenciar, no seguimento das
premissas de guerra psicológica de Savimbi, o surgimento de entidades
provocadoras, elas próprias com suas trilhas feitas por ajuste e encomenda a
partir de “raízes” como a Open Society ou a National Endowment for
Democracy, com roupagens diferenciadas mas similares na sua essência e matriz:
Rafael Marques de Morais, Luaty Beirão…
… Filosofias e doutrinas para os
encaminhar nunca faltaram, desde a do “filantropo” George Soros, às
do Milton Friedman, do Gene Sharp, de Francis Fukuyama, de Leo Straus…
4- A guerra psicológica do
instrumentalizado Savimbi, visando confundir, manipular e enganar, ganhando
espaço para a formatação das mentalidades, mas também ganhando espaço no
descrédito infligido a Angola, quantas vezes por via da calúnia e da confusão,
foi dirigido para toda a sociedade angolana, assim como para a sensibilidade de
cada angolano, durante décadas, como uma barbárie fluente e sub-reptícia,
visando em última análise neutralizar o sentido histórico do movimento de
libertação em África, face às prementes necessidades de luta contra o
subdesenvolvimento e impedir uma cultura de inteligência nacional e patriótica
em prol da independência, da soberania e do desenvolvimento sustentável!
Muitos dos ingredientes,
sistemática e massivamente empregues incluíam doses de terror, provocação do
medo, ou exacerbação de emoções, de dentro das fileiras comandadas por Savimbi,
para fora delas, alastrando pela sociedade angolana sujeita a todo o tipo de
riscos, de sevícias e de traumas!
No livro “O Rapto”, a
falecida Dora Fonte testemunha como as coisas se passavam nas próprias fileiras
de Savimbi, durante a década de 80 do século XX…
As vagas humanas de refugiados
internos que afluíram às cidades do litoral e sobretudo a Luanda, originando
ainda mais assimetrias, é disso testemunho incontornável!
Em resultado desse esforço
instrumentalizado e protagonizado que animou o “produto” Savimbi e
sua “obra”, a guerra psicológica indexada ao seu desempenho de décadas
continua a ser um insubstituível manancial inspirador quanto mais não seja por
inércia, ou arrasto, que se vai reflectindo em muitas questões que foram
ocorrendo apesar de sua morte, entre elas a completa desarticulação a que se
chegou no sector da exploração e comércio de diamantes aluviais e seus
múltiplos enredos humanos e ambientais, enquanto componentes dos expediente de
terapia neoliberal post choque traumático, interligando-se à situação dos
enredos comuns com a diversificada sociedade congolesa (a fronteira comum
Angola – RDC, tem mais de 2000
km).
As denúncias em relação à
selvageria contra o ambiente, foram feitas por muitos, até por um dos oficiais
mais conhecidos do “apartheid”, Jan Breytenbach, mas nunca foi feita uma
avaliação sobre os prejuízos ambientais resultantes dos “diamantes de
sangue”, que integram um pacote incomensurável de danos que se inscreveram na
própria guerra prolongada que o país sofreu particularmente entre 1992 e 2002!
A minha proposta para uma Geoestratégia
para um Desenvolvimento Sustentável, é uma réplica contraditória coerente, em
nome da civilização, a essa bárbara guerra psicológica continuada, que afecta
ainda hoje e sobretudo a juventude angolana.
As sequelas ambientais por
exploração de diamantes aluviais selvagens, ilegais e clandestinas, após
a “introdução”savimbiesca, nem sequer estão inventariadas: para além dos
rios que o deixaram de ser, é um território escalvado, cheio de crateras e
solos remexidos onde até, apesar do clima tropical, a cobertura vegetal tem
dificuldade em surgir!
A terrível imagem das bacias
hidrográficas esventradas por causa da exploração desenfreada de diamantes
aluviais chega a afectar já a região central das grandes nascentes, incluindo
as fontes de muitos afluentes e subafluentes do Cuanza, do Cuango e do Cassai!
A Operação Transparência é, nesse
sentido, apenas um ponto de partida que deve amadurecer em muitas linhas de
acção que se deverão passar a implementar e a Geoestratégia para um
Desenvolvimento Sustentável socorre essa possibilidade, mobilizando a juventude
para as prementes tarefas da gestação duma cultura de inteligência nacional e
patriótica, aglutinadora de conhecimento científico e capacidade investigativa,
condição sine qua non para um renascimento angolano e africano!
Martinho Júnior - Luanda, 3 de Novembro de 2018
Imagens:
-Savimbi e Jan Breutenbach;
Breytenbach denunciou o tráfico de Savimbi na Jamba, enquanto o “apartheid” esteve
empenhado na “border war”;
-O Rapto, livro de Dora Fonte, é
prova e testemunho dos métodos de guerra psicológica de Savimbi;
-As “guerras dos diamantes de
sangue”, ou a Iª Guerra Mundial Africana;
-Subversão, sabotagem económica e
desastre ambiental são um único fenómeno, com nocivas repercussões no futuro do
país;
-Paisagem lunar da exploração de
diamantes aluviais.
Recolhas que servem de amostra:
-Savimbi em 1992, no Cuanza Sul…
na altura já com as explorações ilegais de diamantes instaladas para suporte
da “guerra dos diamantes de sangue”; constatem os parâmetrosde guerra
psicológica de que era autor na altura!... – https://www.youtube.com/watch?v=lqCFlFE-TLo
-A publicação deste discurso de
Savimbi na Jamba, ocorreu em 2014; não há futuro algum que se possa construir
com a guerra e com a morte, um tema em que confusão, subversão e ambiguidade
sempre estavam presentes no argumento de Savimbi!… a alucinação emocional
estava também sempre presente!... – https://www.youtube.com/watch?v=MDxpv_z6O88
-Constatem aqui este trabalho de
brasileiros sobre os diamantes (os brasileiros foram sendo atraídos aos
diamantes, em função de sua participação na construção das barragens do Médio
Cuanza); sobre os prejuízos ambientais, nem uma palavra!... – https://www.youtube.com/watch?v=8d7Rjy5gFeo
-Os garimpeiros ilegais, 400.000
deles congoleses, passaram despercebidos a Rafael Marques de Morais, agente
provocador pago para subverter a informação pública (neste caso com a “parceria
à portuguesa”) em relação às questões na generalidade sobre
a exploração e comércio de diamantes!... – https://www.youtube.com/watch?v=9iRMHIyU8_8
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UNITA – Uma nova estratégia de
desestabilização do País - III
Fontes: “SITES” – UNITA – BRUXELAS /
WASHINGTON / PARIS.
12 AGO 98
I. CONTINUAÇÃO DA
CARACTERIZAÇÃO DA ACTIVIDADE MILITAR DA UNITA, DENTRO DO ESPAÇO
NACIONAL
1) Tudo leva a crer que a UNITA
está a implementar uma nova reorganização e estratégia, fazendo face
simultaneamente às sanções Internacionais implementadas pela ONU e aos
desenvolvimentos da situação interna no País, tirando partido da morte de
BLONDIN BEYE e à paragem que ela provocou em relação à execução do Protocolo de
LUSAKA, com fortes apoios Internacionais.
2) Em relação à reorganização de
suas FORÇAS dentro de ANGOLA, a UNITA estabeleceu quatro REGIÕES que se
estendem à volta da REGIÃO DAS GRANDES NASCENTES, isto é, à volta dos
Municípios-chave do BAILUNDO – MUNGO – ANDULO – NHAREIA, abarcando todo o
espaço Nacional e prontas a desencadear um conjunto de acções que
progressivamente se dirigem para os centros político-administrativos
principais.
Essas FRENTES correspondem à
divisão do território Angolano (que se assemelha a um quadrado), em quatro
triângulos, cujo vértice coincide com a REGIÃO DAS GRANDES NASCENTES e as bases
respectivamente nas fronteiras NORTE, LESTE e SUL, bem como na costa ATLÂNTICA,
assumindo assim as designações dos pontos Cardeais e os objectivos que se
encontram dentro da sua respectiva área (que é sua área de competência).
3) A FRENTE NORTE é a que desempenhará
as missões mais importantes, tendo em conta o facto da Capital estar nela
enquadrada, assim como as principais actividades (petróleo e diamantes).
Estende-se pelas Províncias de
ZAIRE, UÍGE, BENGO, QUANZA NORTE, MALANGE e LUNDAS, com os primeiros objectivos
a serem alcançados sucessivamente na LUNDA NORTE, MALANGE, UÍGE e BENGO, para
depois fechar rapidamente sobre LUANDA.
Nossas fontes referenciam que
existe no sector NORDESTE de FRENTE (dirigida contra as áreas de diamantes), a
Base de MILANDO, junto à fronteira com a RDC, onde os abastecimentos são
introduzidos para as acções que se pretendem fazer nas LUNDAS e MALANGE (incluindo
a bacia do Rio CUANGO).
Uma das bases principais que está
referenciada é a que fica situada nos arredores de LUÓ, com cerca de 3.000
homens (LUNDA SUL), que poder-se-á deslocar para outra área mais a OESTE, se os
dispositivos forem sendo progressivamente instalados, “com o envolvimento
das cidades a partir do campo”.
O sector NOROESTE (dirigida
contra o petróleo e a Capital) possui a maior concentração na área dos DEMBOS
(envolvendo QUIBAXE, PANGO ALUQUEM e BULA ATUMBA) onde há notícias também da
instalação de alguns mísseis solo – solo (“SCUD”) e de onde partirão
algumas das acções principais sobre LUANDA.
Admite -se que um dos pontos
intermédios de maior compressão será a Capital do BENGO, CAXITO, antes de os
movimentos principais dos efectivos, clandestinos ou armados, atingirem a
Capital do País.
Subsidiariamente há infiltrações
pela via de ZENZA DO ITOMBE – CATETE, de forma a alcançar LUANDA pelo LESTE,
com aproximação a VIANA e tirando partido do enfraquecimento das linhas de
controlo das estruturas Governamentais.
4) A FRENTE OESTE é chefiada pelo
General KATÚ e engloba bases como a 45, onde consta que há helicópteros, com a
missão principal de atingir a zona LOBITO – BENGUELA, sendo um objectivo
estratégico a base aérea da CATUMBELA.
5) A FRENTE LESTE engloba posições
em LUMEGE – CAMEIA, CAZOMBO, LUAU e placa giratória principal no MUNHANGO.
Consta que recebeu reforços
provenientes de antigas forças de MOBUTU, cerca de 15.000 efectivos, grande
parte deles“comandos”, que teriam entrado pelo LUAU.
O objectivo principal é a tomada
do LUENA.
Em princípio é esta a FRENTE que
maiores contactos possui com o interior da ZÂMBIA, a partir do saliente de
CAZOMBO e parte SUL da Província do MOXICO, ao longo do curso do Rio LUNGUÉ
BUNGO.
6) A FRENTE SUL estará instalada
(a zona operativa) entre CALUQUEMBE – CACONDA, num ponto central equidistante
das cidades de LUBANGO – HUAMBO – LOBITO / BENGUELA, (provavelmente CHICUMA).
MAVINGA é a sua maior base, onde
existem Sul Africanos e Russos (ultranacionalistas).
Os principais movimentos são
dessas bases na direcção das bases operativas nas Províncias de HUILA – HUAMBO,
com a missão de destruir a barragem do GOVE e, tomando o LUBANGO, neutralizar e
tomar a sua base aérea.
7) Na REGIÃO DAS GRANDES
NASCENTES, com fulcros nos Municípios estratégicos do BAILUNDO – MUNGO – ANDULO
– NHAREIA (que a UNITA não vai entregar à administração do ESTADO, em função do
que lhe está determinado pelo Protocolo de LUSAKA), ela tem algumas das suas
Unidades mais importantes, ao longo do Rio QUANZA e num cordão de isolamento
daqueles Municípios.
Nesta área têm barcos de borracha
para explorar o Rio e encontra-se algum armamento que constitui o conjunto de
meios principais para a sua estratégia, incluindo blindados.
Pelo menos uma parte dos veículos
SAMIL adquiridos à RAS encontra-se nesta área.
II. ALGUNS SINAIS DA
ACTUAÇÃO DA UNITA NA CAPITAL
1) Apesar de nossos esforços
operativos, temos tido dificuldades nos apoios para ampliar as informações
relativas à Capital, mas de acordo com o material que nos tem chegado, (temos
como exemplo um documento que é em princípio uma ORDEM OPERATIVA do próprio
SAVIMBI com data de 23 JUL 98), é de supor que a UNITA está a dedicar uma
parte importante da sua atenção sobre meios na clandestinidade, não permitindo
que a gente que se enquadra nos circuitos táctico – operativos clandestinos,
tenham contacto com os seus membros que têm missão nos sectores que, por força
do PROTOCOLO DE LUSAKA, são considerados públicos (Deputados , membros do
Governo e das FAA, etc.).
A UNITA pretende tirar partido de
todas as situações que afectem substratos sociais de base, principalmente
aqueles ligados a marginais e pessoas deslocadas de ouras áreas do País, mas
também de sectores que se relacionam com os sectores sociais de actividade, com
especial referência para a área da Educação.
Em relação às “associações
cívicas” a ordem é (especialmente na direcção do “sindicato de
professores”) “corporizá-los no nosso programa cujo o objectivo é
activá-los a continuarem a manifestarem o seu descontentamento em relação ao
estado social péssimo dos professores com greves contínuas e diálogo difícil do
patronato”.
Em relação aos substractos
marginais, “manter activo o contacto com os vários grupos de meliantes,
mobilizar os respectivos lideres, com políticas claras no sentido de
incrementarem as acções que caracterizará a desobediência civil, desacatos de
grande escala, com maior incidência nas áreas onde habitam os chamados novos
ricos quadros do regime”.
A médio prazo – “preparar os
aspectos logísticos para a recepção do grupo ABATE e introduzi-los como
funcionários sombras até se for preciso como biscateiros mesmo sem remuneração
aceitável nas residências da nomenclatura” e“continuar a contratar
informadores nos pontos estratégicos da capital, principalmente no staff que
controla as saídas e entradas do Presidente do MPLA”.
2) Pelo teor do documento que foi
feito com recurso a computador e introduzido em LUANDA com a utilização de
diskete (expediente que aparentemente está a ser utilizado pelos estafetas e
mensageiros da UNITA), os dirigentes do MPLA, com o seu Presidente à cabeça,
tornaram-se objectivos prioritários para os circuitos táctico – operativos
clandestinos, estando em curso a preparação de acções contra os mesmos,
podendo-se considerar que se está em plena fase de recolha de informação e
preparação das condições para a introdução dos operacionais (sua logística).
Aparentemente a UNITA está a
utilizar três grupos para a realização de atentados:
O grupo de recolha de informação
(actividade em curso).
O grupo de apoio logístico (em
constituição e noutros casos em curso).
O grupo de ABATE (a introduzir em
alturas próprias, aparentemente quando todas as condições de logística
estiverem criadas).
Provavelmente a compartimentação
é rigorosa, tendo em conta o ambiente muito hostil de LUANDA e as experiências
amargas do passado, constituindo o recrutamento de gente na classe dos
professores um indicativo da necessidade de alcançar a camada média e baixa de
intelectuais, de forma a com recrutamentos nessa classe, melhorar as
capacidades de acesso a substractos da população identificados como da “nomenclatura” e
com isso obter a melhor garantia para a execução operativa das missões, (o que
é um dado de grande importância para a capacidade CI das NOSSAS FORÇAS).
A conclusão do documento é
explícito: “continuar a contratar informadores nos pontos estratégicos da
capital, principalmente no staff que controla as saídas e entradas do
Presidente do MPLA”, pelo que, se levarmos em conta o que o espaço “DEMAIN
L’UNITA” refere, através do Editorial da Semana de 29 JUL 98, (uma
peça exemplar de CONTRA PROPAGANDA), em relação à possibilidade de assassinato
dele próprio, no quadro duma ofensiva Governamental contra o ANDULO /
BAILUNDO, é de supor que SAVIMBI possui na verdade um plano de assassinato
do Presidente JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS.
III. INFORMAÇÕES EM POSSE DE ENTIDADES
ESTRANGEIRAS
1) O documento que obtivemos, que
está incompleto e é fotocópia, foi aparentemente endereçado ao PRD e obtido a
partir de gente identificada com esse PARTIDO.
O documento faz, entre outros:
A panorâmica síntese do estado de
degradação da cidade Capital.
O relato dos incidentes conotados
com a “violência política” em todo o espaço Nacional, de 23 MAI 98 a 18 JUN 98.
O relato das “prisões de
civis, dos crimes e dos incidentes, assim como dos graus de violência contra
estrangeiros”.
2) Em relação ao relato dos
incidentes conotados com a “violência política”, é necessário comparar com
os dados disponíveis a nível das estruturas Nacionais de Comando, de forma a
verificar a informação disponível pela COMUNIDADE ESTRANGEIRA, (sob a
influência de INTELIGÊNCIAS externas), ao mesmo tempo que se pode avaliar o seu
nível de informação (por exemplo, de forma a avaliar a capacidade disponível de
suas fontes).
De qualquer modo, parece que a
COMUNIDADE DE INTELIGÊNCIAS estrangeiras, tem capacidade informativa própria,
que lhe permite estabelecer sistemas próprios de análise, acompanhando a
evolução da situação operativa geral, parecendo ser um documento com orientação
defensiva.
3) Em relação ao relato das “prisões
de civis, dos crimes e dos incidentes, assim como dos graus de violência contra
estrangeiros”, o documento não tem dúvidas em indicar que há um aumento de
incidentes contra estrangeiros,“em áreas de administração do estado”,
considerando a situação de “caótica”.
IV. INCREMENTO DOS ESPAÇOS
INTERNET DA UNITA
1) Estamos a assistir ao
incremento dos espaços da UNITA disponíveis na INTERNET, incluindo com a
indicação de endereços físicos (aparentemente de Gabinetes de apoio) e números
de telefone ou fax.
Ao espaço que emite de
WASHINGTON, está-se a juntar o de BRUXELAS e o reactivado espaço de PARIS, com
as seguintes localizações:
BRUXELAS – Rue Montoyer nº 6, bte
6, 1.000, telephone 02 / 512.36.01, fax 02 / 512.81.47.
PARIS – “DEMAIN L’UNITA” – “ASSOCIATION
FRANCO AFRICAINE POUR LA
RENAISSANCE ET LA DÉMOCRACIE” – 66 au CHAMPS ELYSÉES, 75 008,
telephone 00 33 1 44 90 25 55, fax 00 33 1 44 90 25 56.
Via “DEMAIN L’UNITA”, foi
também divulgado o contacto do Secretariado Geral da UNITA no BAILUNDO: Rua
EKUIKUI II, nº 12, telephone 00 871 38 20 82 111 e fax 00 871 38 20 82 092.
A UNITA está assim a responder
claramente às sanções da ONU: tirando partido dos seus apoios no exterior,
envergando outras roupagens, ela tem conseguido não perder a hipótese de
representatividade, assim como de CONTRA PROPAGANDA e DESINFORMAÇÃO, procurando
em muitos casos camuflar as suas próprias pretensões.
2) O espaço de BRUXELAS está em
fase de instalação e, pelas suas características, parece estar a ser produzido
por gente que esteve ligada a sistemas Zairenses (regime de MOBUTU).
Até agora não possuímos elementos
que nos permitam avaliar o tipo de propaganda que ela executa neste espaço.
3) O espaço de WASHINGTON está a
deixar de ser apenas de transcrição de COMUNICADOS, para passar a ser também um
espaço dedicado a ANÁLISE, COMENTÁRIOS e PROPAGANDA, ou CONTRA PROPAGANDA.
O Comentário contra o Governo de
30 JUL 98, afirma que “o Governo fabrica o pretexto para a guerra”,
enquanto prepara “o Exército e os mercenários para a ofensiva”, numa “campanha
de desinformação que se torna possível pelo facto de possuir o monopólio da
informação em ANGOLA, desde que a VORGAN deixou de funcionar”, citando o
massacre de MBULA como um exemplo.
Por outro lado, citando o “THE
MAIL & GUARDIAN” de 24 JUL 98, a UNITA corrobora de forma comentada no seu
Comunicado, que o que contribui para a crise financeira, além da queda do preço
do petróleo, é o estacionamento no CONGO / BRAZZAVILLE de 3.000 homens que
estão a defender o Governo de SASSOU NGUESSO, bem como a compra de armamento a
preços inflaccinados em cerca de 30 % para benefício dos seus Generais, pelo
que é imprescindível para o Governo ir buscar os diamantes, para tapar os furos
orçamentais (os diamantes, entenda-se, que estão controlados pela própria
UNITA).
A 28 JUL 98, a UNITA, tirando partido
da posição da MONUA sobre o assunto, alegava que o massacre de BULA tinha sido,
de forma infundada, atribuído a ela, por que o Governo pretendia “criar as
condições psicológicas apropriadas para anular os Acordos de paz e lançar
ataques contra a UNITA”.
Ao mesmo tempo, insurgia-se
contra “o assassinato de pelo menos seis membros da UNITA”, no KIKOLO, em
LUANDA, fazendo várias citações.
Em 22 JUN 98, no espaço “KWACHA
UNITA PRESS”, em Português, reagia contra o PARLAMENTO por causa da RESOLUÇÃO
que condenava a UNITA, atribuindo todas as responsabilidades ao Governo pelo
andamento da situação, incluindo o abandono de “trinta localidades por
incapacidade logística de LUANDA”, enumerando que tinha entretanto sido expulsa
de 272 localidades “345 dirigentes e quadros foram mortos pela polícia
nacional, enquanto outros 745 andam presos e desaparecidos” e
concluindo “que existe um programa do Governo visando destruir a UNITA que
desencadeado no dia 12 NOV 97 em MALANGE na localidade do KOTA, KALANDULA,
KANGANDALA, expandiu-se para todas as províncias”.
4) O espaço “DEMAIN L’UNITA” continua
a ser o melhor estruturado, sendo constantemente enriquecido com novos dados,
conforme os documentos que se juntam em anexo:
O Comunicado nº 41 de 04 AGO 98,
(“ponto de situação em ANGOLA” ).
O Editorial da semana de 29 JUL
98 (sobre o massacre de MUSSUKU).
A Carta do Mês nº 16,
(respeitante a ABR 98).
O “cômputo dos dirigentes,
quadros, militantes e simpatizantes da UNITA mortos ou feitos prisioneiros pelo
MPLA no decurso do processo de extensão da administração do ESTADO”, (“período
de 17 JUL 97 a
02 MAI 98”).
No Comunicado nº 41, traz como
elemento novo o facto de atribuir cumplicidade ao governo Português”, na“campanha
de desinformação e de intoxicação de grande envergadura” que o Governo
Angolano, segundo ela, leva a cabo, tomando como exemplo o massacre de BULA.
No Editorial da Semana de 29 JUL
98, reagindo à imputação de responsabilidade ao massacre de BULA, traz como
elemento novo que “essas situações, que não são as primeiras, levam a
assinatura das suas tropas que procuram assumir o controlo de certos vales
diamantíferos” e preparam a informação Ocidental para uma ofensiva“militar
violenta sobre o ANDULO e BAILUNDO, as duas localidades onde a direcção da
UNITA pode ainda livremente se exprimir”. Nessa ofensiva afirma que “objectivo
será muito claramente o assassinato do Presidente SAVIMBI”.
A estatística que a UNITA
apresenta em relação a gente que diz ser sua, perdida durante o período de 17
JUL 97 a
02 MAI 98 atinge em MALANGE e LUNDA NORTE , os números mais
avultados, respectivamente 163 e 48, ou seja, as duas Províncias juntas, 50 %
do total.
V. CONSIDERAÇÃO PRINCIPAL
O indicativo relativo à
necessidade de segurança do Presidente da República é por si o elemento novo de
destaque que evidenciamos, pelo seu efeito estratégico e defensivo.
Pode acontecer que a UNITA esteja
porém a provocar nessa direcção, um conjunto de indicativos que não
correspondam aos seus planos reais, não no que diz respeito ao seu objectivo,
mas em relação aos possíveis intervenientes.
Pensamos que se torna imprescindível
analisar todas as possibilidades que a UNITA tem de actuar contra o PRESIDENTE
DA REPÚBLICA, incluindo possibilidades de INTELIGÊNCIA, fora do nosso
território e / ou com a utilização de gente estrangeira, tirando partido
de “lobbies” que possam aparentar conexões estratégicas ao MAIS ALTO
NÍVEL, mas que no fundo, estão disponíveis para realizar um golpe dessa
natureza.
O estado de desespero político
que a Organização Armada dá mostras, à medida que as pressões Internacionais e
internas se vão avolumando e tornando-se cada vez mais exequíveis, pode tornar-se
no fundamento psicológico para a tomada de decisões do género, que até podem
muito bem não ser inovadoras (mantemos dúvidas muito fortes sobre o “acidente” que
vitimou BLONDIN BEYE, o que é corroborado pela evolução da situação).
12-08-1998 22:21