Carlos Costa, governador do Banco
de Portugal, declarou que fazia “figura de corpo presente” nas reuniões do conselho de
crédito da Caixa Geral de Depósitos.
Parece que só lá ia porque era preciso
assegurar o número de administradores necessários para que as decisões fossem
tomadas, a fazer lembrar o miúdo que era recrutado para um jogo de futebol
porque faltava um para ficarmos iguais. Os que hesitavam, dizendo que jogavam
pouco, acabavam por ficar à baliza, porque sempre era melhor, pelo menos
atrapalhava.
Algumas pessoas ficaram
escandalizadas com esta confissão, mas a verdade é que Carlos Costa não pode
ser acusado de incoerência, porque continua a fazer a mesma figura como
Governador de Banco de Portugal. Também aqui, ninguém poderá acusá-lo de ter
tomado verdadeiramente alguma decisão.
Carlos Costa não só poderá
continuar a exercer funções, perdoe-se-me a contradição, após a reforma como
poderá fazê-lo depois da morte, tendo em conta as modernas técnicas de
mumificação. Se houvesse necessidade de prova, as
constantes intervenções de Cavaco Silva seriam suficientes. Carlos
Costa, tendo em conta que os mortos não se cansam, poderá acumular vários
cargos, já que, para efeitos práticos, fazer-se de morto ou estar morto é o
mesmo.
Apesar de alegadamente vivo,
Carlos Costa poderá, de qualquer modo, acumular a governação, por assim dizer,
do Banco de Portugal com um lugar no Madame Tussauds. Um leitor mais ansioso
poderá perguntar “Mas em que secção?” É evidente: na dos super-heróis. Carlos
Costa será o Homem Visível, aquele que tem o superpoder de ser visto em
reuniões, a que junta, ainda, a capacidade extra-sensorial da amnésia.
Entretanto, o departamento
de merchandising do Banco de Portugal, já está a preparar uma
novidade: os clientes poderão passar a comprar miniaturas de Carlos Costa, que
passará a ser vendido como o primeiro boneco de inacção do planeta.
António
Fernando Nabais | Aventar, em 15.04.2018
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