São muitas as críticas ao projeto
do Bairro dos Ministérios, que o Governo angolano apresenta hoje, na baixa de
Luanda, sobretudo pela forma como foram retiradas famílias que moravam na área.
Local também é contestado.
Para a zona prevê-se a construção
de departamentos ministeriais, do secretariado do Conselho de Ministros e de
Serviços de Apoio e Protocolares, além de um centro cultural e de áreas de
lazer, por exemplo.
Na opinião do analista angolano
Augusto Báfuabáfua, os problemas do novo Bairro dos Ministérios começaram logo
na escolha do local. "Porque a baixa de Luanda já está altamente
congestionada. Era de interesse construir esse bairro numa zona mais
desafogada, uma zona mais livre para circulação, quer dos dirigentes nacionais
como também dos estrangeiros", defende.
Os custos do projeto ainda não
são conhecidos. Num comunicado de imprensa, o Ministério da Construção e Obras
Públicas refere apenas que este projeto inaugura uma "nova era" com
"estratégias de desenvolvimento sustentável para áreas públicas
paisagísticas, passeios pedestres, redes viárias, transportes públicos e
serviços".
Mas, segundo Augusto Báfuabáfua,
há outras zonas mais estratégicas, onde se poderia ter investido:
"Podíamos, por exemplo, pôr a sul de Luanda, mais concretamente no
distrito do Ramiro até ao rio Kwanza. Uma segunda opção seria na zona de
Catete, uma vez que a expansão também está a leste. O novo aeroporto de Luanda
será para aquele lado e o novo porto do Dande também será naquele lado."
Mais de mil famílias despejadas
As críticas ao novo Bairro dos
Ministérios não ficam por aqui. André Augusto, coordenador da organização
não-governamental SOS
Habitat, lembra que, por causa deste projeto, mais de mil famílias foram
despejadas em 2014 pela então governação de Luanda, chefiada por Graciano
Domingos.
Muitas dessas pessoas foram
"deixadas ao abandono", sublinha o ativista. "Saíram muitas
pessoas que foram colocadas na Kissama, a mais de cem quilómetros de Luanda, em
casas de chapa, numa terra baldia, e outras pessoas colocadas em tendas na
entrada do Zango
1. Não têm emprego, não há escola naquela circunscrição, não há hospital,
não há nada. E os homens acabaram por abandonar lá as esposas. Voltaram para
Ilha de Luanda porque é lá onde faziam os seus biscates", conta André
Augusto.
O coordenador da SOS Habitat
apela ao Governo angolano para resolver urgentemente a situação destas pessoas:
"Há toda uma [necessidade] do Estado, na qualidade de pessoa de bem, de
voltar atrás, procurar as vítimas que foram para Kissama e as outras que estão
concentradas no Zango em barracas de chapas e tendas, que já acabaram por
rasgar, para dar realojamento condigno e melhorar a condição das famílias."
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
Welle
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