Uma reflexão sobre colonialismo,
memória e herança colonial, através de debates, conferências, teatro e cinema,
marcará em setembro o arranque da nova temporada da Culturgest, em Lisboa, hoje
anunciada.
A programação 2019/2020 da
Culturgest, desenhada pelo diretor artístico, Mark Deputter, contará com jazz,
teatro contemporâneo, dança, novas exposições, mas o foco no mês de abertura,
em setembro, é o "Ciclo Memórias Coloniais", porque "o debate
sobre as memórias do período colonial tem ocupado o espaço público e a produção
artística de forma intensa".
Na explicação deste ciclo - de 19
de setembro a 05 de outubro -, os programadores da Culturgest colocam várias
questões para uma reflexão: "Qual o impacto da transferência de memórias
do fim do colonialismo na Europa atual?", "O que [é que] as pessoas
que viveram o colonialismo transmitiram às gerações contemporâneas?",
"Qual é o legado atual deste passado recente?", "Que filmes
foram realizados durante a época colonial e quais as relações de poder e
visibilidade por eles produzidas?".
Nas duas semanas deste ciclo
acontecerá, por exemplo, a conferência "Políticas da memória
seletiva", da historiadora marroquina Fátima Harrak, a retrospetiva
cinematográfica coordenada por Maria do Carmo Piçarra com os "vários
subgéneros cinematográficos dos filmes coloniais", e a estreia da peça "Os
filhos do colonialismo", de André Amálio e pelo Hotel Europa.
A partir do arquivo pessoal,
André Amálio irá ainda protagonizar, a 05 de outubro, uma performance de 13
horas intitulada "O fim do colonialismo português".
Este ciclo conta com a
participação dos grupos de investigação AFRO-PORT Afrodescendência em Portugal
e Discursos Memorialistas e a Construção da História, do Goethe Institut e do
projeto Memoirs - Filhos do Império e Pós-Memórias Europeias, de França,
Bélgica e Portugal.
Da nova temporada cultural, a
Culturgest já tinha anunciado que o espetáculo inaugural seria a 17 de setembro
com um concerto do baterista Gabriel Ferrandini, com o pianista Alexander Von
Schlippenbach.
Na música, as propostas passarão
ainda, entre outros, pelo pianista Lybomyr Malnyk, pelo saxofonista Rodrigo
Amado e pelo trio Montanhas Azuis.
Na dança, assinala-se
"Onironauta" (fevereiro), nova coreografia de Tânia Carvalho, e a
estreia em junho de uma nova criação de Marlene Monteiro Freitas, premiada na
Bienal de Veneza, ambas coproduzidas pela Culturgest.
No teatro, além do espetáculo do
Hotel Europa, são reveladas duas propostas: "Incêndios", do encenador
português Victor Oliveira com os artistas moçambicanos David Aguacheiro,
Nandele Maguni e Caldino Perema, e "Virgens suicidas", de John Romão.
Nas artes visuais, haverá uma
primeira exposição antológica da artista portuguesa Gabriela Albergaria,
radicada em Londres, outra sobre o pintor e escritor Álvaro Lapa e outra ainda
dedicada a obras sonoras - "Uma exposição invisível" -, "desde
as primeiras vanguardas do século XX até hoje".
A Culturgest Porto receberá duas
exposições, do norte-americano Jimmie Durham e da italiana Elisa Strinna.
Para crianças e famílias, a
Culturgest programará "Em branco", da coreógrafa Marina Nabais,
"Caixa para guardar o vazio", de Fernanda Fragateiro, e uma maratona
de leitura, para todos os públicos.
Na próxima temporada, a
Culturgest manterá o acolhimento dos festivais DocLisboa, IndieLisboa e
Cinanima.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
Global Imagens
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