EUA e Coreia do Norte apresentam
versões conflitantes sobre conversas de desnuclearização
Segundo negociador norte-coreano,
encontro com delegação americana não conduziu a qualquer progresso, devido a
atitude de Washington. EUA desmentem. Expectativas são grandes, após suposta
aproximação entre Kim e Trump.
O negociador-chefe da Coreia do
Norte, Kim Myong Gil, acusou os Estados Unidos pelo fracasso das negociações
sobre a desnuclearização iniciadas neste sábado (05/10), em Estocolmo, após
meses de impasse e apesar de uma nova escalada dos testes de mísseis de
Pyongyang.
"As negociações não
corresponderam às nossas expectativas e acabaram por fracassar", disse.
Esse resultado "das negociações, que não conduziram a qualquer progresso,
deve-se unicamente aos Estados Unidos, que não abandonaram a sua atitude habitual",
declarou o enviado norte-coreano aos jornalistas reunidos na embaixada de seu
país na capital sueca.
Apesar de sugestões como
"abordagem flexível, novos métodos e soluções criativas", os EUA
teriam "decepcionado grandemente" e "sufocado o entusiasmo para
negociações" da delegação norte-coreana, explicou Kim Myong Gil. Agora, a
situação na Península Coreana "se encontra na encruzilhada entre diálogo e
confrontação", alertou.
A versão do Departamento de
Estado americano, contudo, é diametralmente oposta: "Os comentários
precoces da delegação da Coreia do Norte não refletem o conteúdo nem o espírito
da discussão de oito horas e meia de hoje", alegou em comunicado a
porta-voz do órgão diplomático, Morgan Ortagus.
Ela assegurou que "os EUA
trouxeram ideias criativas e tiveram boas discussões com suas contrapartes
norte-coreanas". Washington já teria aceitado o convite da anfitriã,
Suécia, para retomar a conversa dentro de duas semanas, acrescentou.
Da Grécia, último trecho de seu
giro pela Europa, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse considerar
cedo demais para se saber se as conversas resultarão em progressos, mas ele tem
esperanças que sim.
O encontro das duas delegações
ocorreu depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado para breve
uma nova cúpula com o líder norte-coreano, Kim Jong-un. As negociações entre
Washington e Pyongyang ficaram congeladas desde a reunião entre Trump e Kim em
fevereiro, apesar de os dois terem tido um "encontro espontâneo" em
junho, na zona desmilitarizada na fronteira entre as duas Coreias.
Pyongyang tem pedido a Washington
um alívio das sanções impostas por retaliação aos testes com armas nucleares do
governo norte-coreano, mas Trump já impusera que qualquer alteração de posição
deveria ser antecedida por medidas de desarmamento nuclear.
Após ter atacado Pompeo no fim de
agosto, nos últimos dias a diplomacia norte-coreana vinha elogiando a postura
de Trump como "corajosa" e "sábia", e insistido na
necessidade de Washington aliviar as sanções econômicas para que houvesse
avanços nas negociações.
Deutsche Welle | AV/afp,ap,lusa
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