Os advogados de Rui Pinto
revelaram que o seu cliente entregou, em 2018, um disco rígido com dados
relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel Dos Santos.
"Os advogados abaixo
assinados declaram que o seu cliente, o Sr. Rui Pinto assume a responsabilidade
de ter entregue, no final de 2018, à Plataforma de Proteção de Denunciantes na
África (PPLAAF), um disco rígido contendo todos os dados relacionados com as
recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todos
os indivíduos que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à
custa do Estado angolano e, eventualmente, de outros países estrangeiros",
refere uma nota enviada às redações.
Segundo o documento, a que o JN
teve acesso, Rui Pinto "procurou, assim, ajudar a entender operações
complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só
empobrecem o povo e o Estado de Angola, mas podem ter prejudicado seriamente os
interesses de Portugal".
Na nota enviada pelos advogados,
em três línguas - português, francês e inglês - Rui Pinto "esclarece que
entregou este disco rígido, no cumprimento do que entende ser um dever de
cidadania, e sem qualquer contrapartida", depois de tomar conhecimento das
missões realizadas pela organização PPLAAF, permitindo que usassem os dados
como entendessem.
Rui Pinto "está satisfeito
por ver que, graças ao intenso trabalho do consórcio de jornalistas ICIJ, todos
os dados foram explorados, verificados, validados e, portanto, encabeçaram as
revelações que necessariamente levarão à abertura de investigações criminais em
muitos países, incluindo Portugal", lê-se ainda no documento.
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O Consórcio Internacional de
Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no dia de 19 de janeiro mais de 715
mil ficheiros, sob o nome de 'Luanda Leaks', que detalham esquemas financeiros
de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar
dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
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Os advogados de Rui Pinto
defendem também que: "está feita a prova de que, sem as imensas revelações
de Luanda Leaks, tornadas possíveis graças ao nosso cliente, as autoridades
reguladoras, policiais e judiciais nada teriam feito".
"Graças ao nosso cliente, os
cidadãos portugueses e o mundo têm acesso à verdade de um extraordinário
sistema de predação e corrupção, gravemente prejudicial para Portugal, Angola e
outros países", acrescentam.
Dizem também que "as
decisões já tomadas pelo Banco de Portugal, PWC e outras que estão por vir
demonstram a importância excecional das revelações de Luanda Leaks".
"A responsabilidade das
autoridades é agora agir e abrir as investigações necessárias - já abertas em
Angola - e ao mesmo tempo recuperar elevadas somas de dinheiro, mas é preciso
dizer que são as mesmas autoridades portuguesas que mantêm Rui Pinto na prisão
há quase um ano, sob o pretexto de uma tentativa de extorsão, e que, até este
momento, apenas pediram a sua colaboração com o exclusivo intuito de o autoincriminar",
sublinham.
Os advogados de Rui Pinto frisam
ainda que "esta colaboração com o PPLAAF e o ICIJ está relacionada
exclusivamente com a entrega deste disco rígido e que não prejudica a
cooperação histórica que tem realizado com o consórcio European Investigative
Collaborations (EIC) desde as primeiras revelações do Football Leaks".
Jornal de Notícias