Martinho Júnior, Luanda
…Esta era a filosofia dos que
enveredando pela “economia do mercado” do tempo “das vacas
gordas”, estimularam sem ética nem moral as políticas interesseiras e “emparceiradas” de
portas escancaradas e abusavam desse “slogan” para justificar a
cadência exponencial da galopante corrupção: “uma mão lava a outra”,
lembram-se?!...
Agora Angola está a ser obrigada
de facto a lavar as mãos de outra maneira e obrigatoriamente em tempo de “vacas
magras”, “esquálidas” sobreviventes da última seca no sul: a mão da
emergência Covid-19, lava a mão da emergência do petróleo enquanto “excremento
do diabo” e o resultado é a procura intempestiva dum desinfectado estado,
ainda que de emergência, o estado de emergência “que estamos com ele”!...
O combate ao vírus biológico caiu
como uma luva num país em bancarrota, vulnerabilizado pelo neoliberalismo
exacerbado de três décadas que levou à corrupção, neocolonizado sob as cinzas
dum passado de vitórias… e com os recursos do petróleo a atingir a “fase
de lua nova”!…
O melhor portanto seria parar,
como se parou, mantendo estritamente o movimento anémico dos serviços mínimos
que obrigam à economia das “vacas esquálidas” e é precisamente isso
que em emergência se passou drasticamente a sentir e a fazer sentir, a começar
no apertado novo “corpo” do próprio estado parido da emergência!...
De lavagem de mãos, em lavagem
de mãos, mergulhemos ainda nossa memória na lavagem de mãos de Pôncio Pilatos,
conforme às prédicas e escrituras!...
01- Pela primeira vez em Angola
se declarou o estado de emergência e logo numa corrida acelerada, dum sôfrego
atleta de 100 ou 200 metros, quase que com a rapidez siderada da expansão do
vírus pandémico que passou a assolar toda a humanidade desrespeitando todos os
limites convencionados e todas as convencionadas fronteiras!...
A Ministra da Saúde procurou
cortar desde logo, (às primeiras leituras relativas à ameaça), o mal pela raiz,
pedindo para se fechar as fronteiras a fim de isolar o país e colocar de
quarentena a tentativa devassa do trânsito humano, mas o que vem detrás
enquanto herança e inércia, impediu-a de filtrar os voos que chegavam de fora
durante alguns dias, particularmente os voos oriundos de Portugal e isso foi
determinante para a importação da pandemia, ainda que com escassos portadores
da doença à deriva pelo país fora!...
De assimilação em assimilação em
regime de guerra e terapia neoliberal desde 31 de Maio de 1991 (Acordo de
Bicesse) e depois da injecção de vírus próprios dum surto de mais de três décadas
oriundo dum Portugal do “arco de governação”, só nos faltava mesmo a
importação de inocentes portadores de Covid-19 fora de controlo!...
É pois sintomático que o
histórico dos portadores até agora se resuma fundamentalmente à inscrição nesse
consumado “modelo” que “passou a fronteira” com a distinção
entre “filhos de algo” e “classe económica”, (“nove em cada dez
estrelas usam Lux”), para depois à pressa se corrigir, já tarde e em má hora,
quando o país está sem preparação para tal, anémico, palúdico, sem máscara, nem
luvas e nem sequer vitamina “C” quanto mais vacina!...
02-"Em meados de Fevereiro de 2020, já fez mês e meio, alertei numa síntese-analítica “com todos”, sobre os “18 anos de excremento do diabo”, aproveitando a visita a Angola dum “homem de mão” da equipa protecionista da barbárie, Mike Pompeo!...
02-"Em meados de Fevereiro de 2020, já fez mês e meio, alertei numa síntese-analítica “com todos”, sobre os “18 anos de excremento do diabo”, aproveitando a visita a Angola dum “homem de mão” da equipa protecionista da barbárie, Mike Pompeo!...
De facto foi uma flagrante
antecipação do que se iria desabar sobre Angola, em termos de preço de barril
de petróleo (naquela altura já cheirava a “excremento do diabo” que
tresandava e mesmo não acreditando em bruxas constatava-se inequivocamente que
as havia)!...
Assim o Covid-19, de vírus em
vírus e num país em bancarrota, passou a cobertor de “excremento do diabo”,
(“uma mão lava a outra”) como se a água corrente e o sabão do estado de
emergência viesse “matar dois coelhos duma só cajadada”, passe a boa
higiene e a boa prática!...
De facto é a oportunidade
para “matar outros coelhos mais”, pois finalmente é o próprio estado de
emergência que dá a oportunidade ao próprio Presidente João Manuel Lourenço de
sair do atoleiro da herança que sobre ele recaiu e consumou!
Ainda que sobre essa herança
esteja disposto a “melhorar o que está bem e a corrigir o que está mal”, o
Presidente João Lourenço pode começar-se finalmente a assumir como ele mesmo,
militar, historiador e comissário político que rodou Angola de lés a lés e sabe
quanto há a fazer para vencer o vírus crónico do subdesenvolvimento!
Angola precisa urgentemente dum
esterilizado Presidente face ao vírus neoliberal, mas se a tanto não chegar o
engenho e a arte, parece que finalmente temos Presidente e não um atolado
herdeiro com uma mais que curta margem de manobra para se assumir e andar!...
03- A sociedade angolana tem
todavia muitos outros vírus por combater e extirpar e não basta só nem um
esterilizado Presidente, nem a boa vontade de alguns para o tentar fazer,
aproveitando a “lavagem de mãos” própria deste momento de e em estado
de emergência!
O vírus neoliberal dividiu,
dividiu e dividiu e, de divisão em divisão passou aos abissais desequilíbrios
humanos, às gritantes assimetrias, às injustiças sociais, a guerras
psicológicas intestinas que deram espaço à deliberada confusão e a outras
inteligências externas, por fim a inércias que se manifestam já em estado de
enraizada e putrefacta subcultura, putrefacta subcultura que desinfectante
algum parece poder rapidamente erradicar!
O MPLA tem sido nesse sentido uma
notável incubadora de vírus neoliberal e, pasme-se, há alguns que interpretam a
tão necessária quão urgente cultura de inteligência patriótica, nessa vocação,
nesse proveito e nesse sentido putrefacto, sistematicamente “sacudindo as
águas contaminadas do capote”!
O Ministro da Justiça parece
estar condenado à deriva numa tentativa de reconciliação que não está a ser
feita à prova dos velhos vírus e o MPLA não assume sequer nem os vírus
oportunistas internos, nem os acumulados prejuízos indirectos que foi
provocando, enterrando injustamente vivos muitos dos camaradas que fizeram
frente ao golpe do 27 de Maio de 1977, foram dele sobreviventes, para depois
serem em brando lume, tão conforme a “brandos costumes”, atirados à
quarentena em fogo-lento de reinventadas estórias, ainda que essas estórias
nada tivessem a ver com a verdade histórica que deveria ter sido
responsavelmente cultivada!
Jamais será possível levar avante
uma cultura de inteligência patriótica se os velhos vírus que aproveitaram a
instalação das correntes neoliberais perdurarem e, se esses velhos vírus não
forem extirpados, como será possível extirpar os novos?...
Entendem a lição do convite feito
a um neoliberal como Durão Barroso para vir lembrar que o muro de Berlim afinal
começou a ruir em Angola?
“Uma mão lava a outra” é
viável só para novos vírus, mantendo os velhos vírus afoitos nas suas velhas
estórias e fora de quarentena?...
Esquecem-se que uma figura como
Pôncio Pilatos “ensinou” também uma velha fórmula de lavar as mãos?
A quem isso vai continuar a
beneficiar e a deliberadamente prejudicar, ou marginalizar?
Até onde vai ser possível alguma
vez começar a instalação duma cultura de inteligência patriótica, quando o peso
de interessadas e interesseiras inteligências externas como as do “the
americans first” tem sido historicamente mais que evidente?
Porquê?
Martinho Júnior -- Lunda, 30 de Março de 2020.
Imagem de Pôncio Pilatus e da
cena da lavagem das mãos – https://www.filhosdeezequiel.com/poncio-pilatos/
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