A reação ocorreu após jornalistas
questionarem o presidente sobre a posição do ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, que tem contrariado várias declarações de Bolsonaro sobre a pandemia
de coronavírus. Com o aval do presidente, os apoiadores começaram a
ofender os repórteres, que acabaram se retirando do local.
Jornalistas que acompanhavam uma
fala do presidente Jair Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada, nesta
terça-feira, deixaram o local da entrevista após o presidente mais uma vez
estimular seus apoiadores a hostilizar e xingar os repórteres.
Segundo a agência inglesa de
notícias Reuters, a reação ocorreu após jornalistas questionarem o
presidente sobre a posição do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que
tem contrariado várias declarações de Bolsonaro sobre a pandemia de
coronavírus. Na segunda-feira, por exemplo, Mandetta disse que a população deve
seguir as orientações dos governos estaduais. No sábado, ele já havia reforçado
a importância do isolamento social.
As falas vão na contramão de
ideias defendidas por Bolsonaro, que vem atacando a respostas dos estados à
pandemia e minimizado os riscos do coronavírus. Bolsonaro reagiu à pergunta
sobre Mandetta insuflando a claque de apoiadores que marca presença diariamente
em frente ao Palácio da Alvorada. Segundo a Reuters, um dos apoiadores
começou a gritar que a imprensa “colocava o povo contra o presidente”.
Surpreso
Bolsonaro passou a incentivar o
apoiador a falar e mandou que os jornalistas ficassem quietos.
— É ele que vai falar, não é
(sic) vocês não — disse Bolsonaro.
Com o aval do presidente, os
apoiadores começaram a ofender os jornalistas, que acabaram se retirando do
local. De acordo com a Reuters, o presidente ficou inicialmente surpreso com a
reação dos repórteres, mas também aproveitou para ironizá-los.
— Mas vão abandonar o povo? Nunca
vi isso, a imprensa que não gosta do povo — gritou Bolsonaro aos jornalistas
que se mantinham afastados.
Ataques
Antes mesmo de assumir a
Presidência, Bolsonaro já estimulava atitudes hostis contra a imprensa. Na
posse, os organizadores do evento criaram uma série
de dificuldades ao trabalho dos jornalistas, limitando sua locomoção
entre os diferentes prédios públicos de Brasília.
Ao longo do primeiro ano de
governo, Bolsonaro ainda pediu o boicote de publicações críticas ao seu
governo. Redes de apoio ligadas à sua família também promovem regularmente
ataques e disseminam mentiras sobre jornalistas.
Há pouco mais de três semanas, no
mesmo dia em que o crescimento tímido do PIB de 2019 foi anunciado,
Bolsonaro escalou um humorista para distribuir bananas para os jornalistas em
frente ao Alvorada.
Correio do Brasil, de Brasília
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