quarta-feira, 1 de abril de 2020

Brasil | Jornalistas viram as costas para Bolsonaro, após novas agressões durante coletiva


A reação ocorreu após jornalistas questionarem o presidente sobre a posição do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem contrariado várias declarações de Bolsonaro sobre a pandemia de coronavírus. Com o aval do presidente, os apoiadores começaram a ofender os repórteres, que acabaram se retirando do local.

Jornalistas que acompanhavam uma fala do presidente Jair Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada, nesta terça-feira, deixaram o local da entrevista após o presidente mais uma vez estimular seus apoiadores a hostilizar e xingar os repórteres.

Segundo a agência inglesa de notícias Reuters, a reação ocorreu após jornalistas questionarem o presidente sobre a posição do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem contrariado várias declarações de Bolsonaro sobre a pandemia de coronavírus. Na segunda-feira, por exemplo, Mandetta disse que a população deve seguir as orientações dos governos estaduais. No sábado, ele já havia reforçado a importância do isolamento social.

As falas vão na contramão de ideias defendidas por Bolsonaro, que vem atacando a respostas dos estados à pandemia e minimizado os riscos do coronavírus. Bolsonaro reagiu à pergunta sobre Mandetta insuflando a claque de apoiadores que marca presença diariamente em frente ao Palácio da Alvorada. Segundo a Reuters, um dos apoiadores começou a gritar que a imprensa “colocava o povo contra o presidente”.


Surpreso

Bolsonaro passou a incentivar o apoiador a falar e mandou que os jornalistas ficassem quietos.

— É ele que vai falar, não é (sic) vocês não — disse Bolsonaro.

Com o aval do presidente, os apoiadores começaram a ofender os jornalistas, que acabaram se retirando do local. De acordo com a Reuters, o presidente ficou inicialmente surpreso com a reação dos repórteres, mas também aproveitou para ironizá-los.

— Mas vão abandonar o povo? Nunca vi isso, a imprensa que não gosta do povo — gritou Bolsonaro aos jornalistas que se mantinham afastados.
Ataques

Antes mesmo de assumir a Presidência, Bolsonaro já estimulava atitudes hostis contra a imprensa. Na posse, os organizadores do evento criaram uma série de dificuldades ao trabalho dos jornalistas, limitando sua locomoção entre os diferentes prédios públicos de Brasília.

Ao longo do primeiro ano de governo, Bolsonaro ainda pediu o boicote de publicações críticas ao seu governo. Redes de apoio ligadas à sua família também promovem regularmente ataques e disseminam mentiras sobre jornalistas.

Há pouco mais de três semanas, no mesmo dia em que o crescimento tímido do PIB de 2019 foi anunciado, Bolsonaro escalou um humorista para distribuir bananas para os jornalistas em frente ao Alvorada.

Correio do Brasil, de Brasília

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