Mais uma vez, o vídeo foi
desmentido por ter sido tirado de contexto, a exemplo da declaração do
diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Correio do Brasil, de Brasília
Não se passaram 12 horas desde
que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mudou o tom e propôs um pacto
contra o coronavírus, no pronunciamento em rede nacional. Na manhã desta
quarta-feira, Bolsonaro voltou ao ataque e publicou, em suas redes sociais, um
vídeo de autoria desconhecida em que um homem reclama de desabastecimento em
Belo Horizonte, ataca os governadores e defende Bolsonaro.
Mais uma vez, o vídeo foi
desmentido por ter sido tirado de contexto, a exemplo da declaração do
diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom
Ghebreyesus.
— Para você que falou, depois do
discurso do presidente, que economia não tinha importância, que importante eram
vidas, dá uma olhada nisso aí. Pois é, fome, desespero, caos também matam — diz
o homem no vídeo, que alegou ter gravado no dia 31 de março na Ceasa, em Belo
Horizonte.
O cidadão, no vídeo, afirma que a
“culpa é dos governadores”, porque o presidente quer uma “paralisação
responsável”.
Fake news
Ao publicar o vídeo, sem link ou
qualquer identificação do autor, Bolsonaro aumentou o texto.
— Não é um desentendimento entre
o Presidente e alguns governadores e alguns prefeitos. São fatos e realidades
que devem ser mostradas. Depois da destruição não interessa mostrar culpados —
disse.
Jair Bolsonaro voltou a usar o
Twitter nesta quarta-feira para atacar governadores e prefeitos que adotaram
medidas de isolamento. Ele publicou um vídeo em que um trabalhador relata que
estandes da Ceasa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, estão vazios, mas,
conforme apontou a rádio CBN o mercado segue abastecido.
O repórter Pedro Bohnenberger foi
ao local e informa que, segundo os produtores da Ceasa, as atividades estão
normais e não existe risco de falta de produtos. A direção ressaltou ainda que
não há risco de desabastecimento na cidade, nem no estado, pelo contrário: há,
inclusive, produtos em excesso por causa da baixa procura em meio à pandemia do
novo coronavírus.
Governo paralelo
Desmentido pela reportagem da
rádio CBN, Bolsonaro apagou do Twitter e do Facebook o vídeo em que um apoiador
diz estar na Ceasa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, apontando risco de
desabastecimento e culpando governadores. O vídeo foi publicado às 7h35 desta
quarta-feira.
A direção da Ceasa ressaltou que
não há risco de desabastecimento na cidade, nem no Estado. Ao contrário do que
afirmou o presidente há, inclusive, produtos em excesso por causa da baixa
procura em meio à pandemia do novo coronavírus. Alguns comerciantes relatam
melhora nas vendas.
Gerente das contas sociais do
pai, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi apontado como autor da
publicação de mais uma notícia falsa. O filho ’02’ de Bolsonaro tem causado
desconforto entre membros do primeiro escalão. Muitos avaliam que o núcleo do
clã da família Bolsonaro montou uma espécie de governo paralelo no
enfrentamento ao avanço do coronavírus no país.
Gabinete do Ódio
O desconforto ficou ainda maior
após Jair Bolsonaro reservar uma sala no Palácio do Planalto para que o filho
possa despachar perto de seu gabinete, conhecido como ‘Gabinete do
Ódio’. Segundo reportagem do diário conservador carioca O Globo, a influência
de Carlos Bolsonaro ficou evidenciada nesta terça-feira.
Enquanto os ministros da
Economia, Paulo Guedes; Justiça, Sérgio Moro; Casa Civil, Braga Neto, e da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, participavam de uma entrevista coletiva,
Bolsonaro gravava o pronunciamento que fez em cadeia nacional relatando as
medidas adotadas para enfrentar a crise.
O teor do pronunciamento, porém,
foi mantido em sigilo. Os únicos que tiveram acesso ao texto utilizado por
Bolsonaro durante sua fala foram os integrantes do núcleo comandado por Carlos
Bolsonaro.
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