Face às dificuldades na marcação
de testes para confirmar cura, médicos recebem indicação para darem como
curados doentes sem sintomas durante 14 dias. Mas vírus pode levar um mês a
desaparecer.
Perante as dificuldades de
marcação de testes para rastreio à Covid-19, médicos da Região Norte estão a
receber indicação para considerarem recuperados os doentes que passam 14 dias
sem sintomas. Isto apesar da Direção-Geral da Saúde (DGS) insistir na realização
de dois testes num intervalo de 24 horas com resultado negativo. Aliás, o
subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, alertou esta semana que o vírus
pode persistir na orofaringe dos infetados até aos 21 ou 28 dias, mesmo que os
pacientes já não apresentem sintomas.
Há dezenas de doentes seguidos em
ambulatório que estão há mais de 14 dias sem sintomas e querem deixar o
isolamento, mas não conseguem marcar os testes para confirmar o resultado
negativo porque os laboratórios convencionados não estão a dar resposta a todas
as solicitações, tal como o JN já noticiou. Segundo testemunhos, as
marcações na zona do Porto estão agora a ser feitas para depois do dia 10.
Orientação superior
O JN questionou a Administração
Regional de Saúde do Norte, que não respondeu em tempo útil.
O secretário-geral do Sindicato
Independente dos Médicos (SIM) confirmou ao JN que tem conhecimento de doentes
que estão a deixar o isolamento por indicação médica e sem testes após os 14
dias sem sintomas. Jorge Roque da Cunha lamenta a falta de testes para
confirmar os casos recuperados - alertando que "confiar na sorte está
errado" - , mas também para os muitos doentes "altamente suspeitos
que esperam mais de quatro dias para fazerem os testes".
Recuperados não mudam
Ainda na quarta-feira, uma
reportagem da Lusa com uma jovem de 31 anos, do Porto, isolada em casa por
estar infetada com o novo coronavírus, revelava que esta recebeu indicação do
delegado de saúde de que não fará novo teste, mas terá de "esperar o
último dia de sintomas, contar a partir daí 14 dias para sair do isolamento e
poder abraçar de novo a família sem medo".
As novas orientações estão a
refletir-se no número de doentes recuperados, que desde o dia 27 de março até
ontem se manteve inalterado (43). Como não há testes, esta informação não está
a ser carregada no sistema informático, assinala ao JN uma médica de família.
Isso mesmo explicou, anteontem, o
subdiretor-geral da Saúde. Diogo Cruz afirmou que o número apresentado nos
boletins epidemiológicos da DGS não reflete os doentes assintomáticos, sendo
apenas consideradas recuperadas as pessoas com dois testes negativos num
intervalo de pelo menos 24 horas.
O responsável explicou também que
o vírus pode persistir na orofaringe das pessoas infetadas além do período
médio de 14 dias, podendo ser detetável até aos 21 ou 28 dias, mesmo que os
pacientes já não apresentem sintomas.
Jornal de Notícias
Na imagem: Falta de resposta por
parte dos laboratórios está a levar a que médicos estejam a dar alta sem o
doente ter dois testes negativos / Pedro Correia//Global Imagens
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