Manlio Dinucci
Quando há mais de cinco anos,
no il manifesto (9/Junho/2015), titulámos "Será que os mísseis
regressam a Comiso ?", essa hipótese foi ignorada por todo o
arco político e descartada como 'alarmista' por alguém que se designa
arbitrariamente como sendo um especialista. Infelizmente, o alarme era
fundamentado.
Há poucos dias, em 6 de Novembro, a Lockheed Martin (a mesma empresa que produz
os F-35) assinou o primeiro contrato de 340 milhões de dólares com o Exército
dos EUA para a produção de mísseis de médio alcance, também com ogivas
nucleares, projectados para serem instalados na Europa. Os mísseis dessa
categoria (com base no solo e alcance entre 500 e
Em
O testemunho passou, então, para a Administração Trump, que em 2019 decidiu a
retirada dos Estados Unidos do Tratado INF acusando a Rússia de tê-lo
"violado deliberadamente".
Numa declaração datada de 26 de Outubro de 2020, o Presidente Putin reafirma a validade do Tratado INF, definindo a retirada dos EUA como sendo um “grave erro” e o compromisso da Rússia de não instalar mísseis semelhantes até ao momento em que os EUA posicionem as suas forças perto do seu território. Por conseguinte, propõe aos países da NATO uma "moratória recíproca" e "medidas de verificação mútua", ou seja, inspecções nas instalações recíprocas de mísseis. A proposta russa foi ignorada pela NATO. O secretário-geral, Jens Stoltenberg, em 10 de Novembro, reiterou que "num mundo tão incerto, as armas nucleares continuam a desempenhar um papel vital na preservação da paz".
Não se ergueu nenhuma voz dos governos e dos parlamentos europeus, embora a Europa corra o risco de estar na vanguarda de um confronto nuclear semelhante ou mais perigoso do que o da Guerra Fria. Mas esta ameaça não está relacionada com o Covid, portanto, não é comentada.
A União Europeia, da qual 21 dos 27 membros fazem parte da NATO, já se fez ouvir quando, em 2018, rejeitou nas Nações Unidas a resolução apresentada pela Rússia sobre a "Preservação e observância do Tratado INF", dando luz verde à instalação de novos mísseis nucleares dos EUA na Europa.
Haverá alguma mudança quando Joe Biden for investido para a Casa Branca? Ou, depois de o democrata Obama ter aberto o novo confronto nuclear com a Rússia e de o republicano Trump o ter agravado, ao destruir o Tratado INF, o democrata Biden (antigo vice-presidente de Obama) irá assinar a instalação dos novos mísseis nucleares americanos na Europa?
17/Novembro/2020
O original encontra-se em il
manifesto e a tradução em
nowarnonato.blogspot.com/2020/11/pt-manlio-dinucci-arte-da-guerra_17.html
Tradução de Maria Luísa de Vasconcellos, luisavasconcellos2012@gmail.com
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/
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