segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Da Líbia ao Mali, as mesmas guerras


Após a agressão norte-americana e dos seus aliados, e com a destruição do Estado unitário, a Líbia está dividida entre duas administrações rivais, uma controlando zonas do Oeste, outra com influência no Leste do país, cada uma delas apoiada por milícias armadas e por governos estrangeiros. Para os EUA, a preocupação não são as desastrosas consequências da sua intervenção, mas que a “Corporação Nacional do Petróleo possa retomar a sua actividade vital.”


Quase uma década depois da agressão militar dos EUA e da NATO à Líbia, em 2011, continua a violência no país norte-africano, dilacerado pela guerra civil e por múltiplas ingerências estrangeiras.

Segundo as Nações Unidas, no último trimestre foi registado um aumento de 65 por cento no número de civis mortos no conflito. Entre Abril e Junho, mais de uma centena de civis, incluindo mulheres e crianças, foram vítimas dos combates terrestres, de ataques aéreos e da explosão de munições abandonadas.

A maioria das vítimas pertence à região ocidental da Líbia, cenário de confrontos entre forças do general Khalifa Haftar (Exército Nacional da Líbia) e tropas do Governo de Acordo Nacional, com sede em Trípoli e reconhecido pela ONU.

Após a agressão norte-americana e dos seus aliados, e com a destruição do Estado unitário, a Líbia está dividida entre duas administrações rivais, uma controlando zonas do Oeste, outra com influência no Leste do país, cada uma delas apoiada por milícias armadas e por governos estrangeiros.

Marrocos: Economia e Direitos Humanos


"Tal como a Indonésia em Timor-Leste, o regime marroquino invadiu o Sara Ocidental em 1975, não permitindo a auto-determinação da sua população. O Sara Ocidental é por isso a última colónia de África e faz parte da lista dos territórios em vias de descolonização da ONU."

Augusto Joaquim de Carvalho Lança* | Diário de Notícias | opinião

Os campos de refugiados de Tindouf, na Argélia, estão muito perto de Portugal. Tal como o nosso vizinho do sul, o Reino de Marrocos. Laços históricos e de amizade muito profundos ligam os povos de Portugal e de Marrocos, tal como muito bem afirma e escreveu recentemente no Diário de Notícias o politólogo e arabista Raul Braga Pires ("De Mazagão ao Algarve vão 76 marroquinos"). Defende também uma maior aproximação de Portugal a Marrocos, e uma maior presença das empresas portuguesas em território marroquino.

É no entanto estranho e grave que como politólogo Raul Braga Pires omita completamente no seu texto o contencioso político de Marrocos com a comunidade internacional. O reino de Marrocos ocupa ilegalmente desde 1975 e após a saída dos colonizadores espanhóis, aquilo a que chama as suas "Províncias do Sul". Basta olhar para qualquer mapa do mundo para se verificar que aquilo a que o regime marroquino considera como suas províncias é de facto o Sara Ocidental, um país reconhecido por dezenas de outros países e com assento na União Africana... ao lado de Marrocos.

Angola | Ativistas condenados não têm dinheiro para pagar multa


Na província do Bengo, após protesto contra a falta de água, quatro ativistas foram condenados por desobediência às autoridades. Agora, não têm dinheiro para pagar a pena convertida em multa e aguardam por ajuda.

Tudo começou quando os ativistas tentaram realizar um conjunto de protestos contra a falta de água na província do Bengo, vizinha de Luanda, a capital angolana, na última quarta-feira (05.08). 

Em entrevista à DW África, Jaime Domingos, um dos jovens, relata que no tribunal do Dande, onde foram julgados, "não havia água potável durante esse tempo todo".

"Na esquadra ou no comando onde a gente estava detido não tinha água. Desde o momento em que a gente protestou, a água começou a jorrar", explica. 

Covid-19: Cerca sanitária em Luanda prolongada até 8 de setembro


Governo angolano já anunciou o que muda no país a partir desta segunda-feira (10.08). Entre as medidas, que diferem entre províncias, está o alargamento dos horários do comércio e serviços públicos.

Angola vai mudar as regras vigentes na situação de calamidade, a partir de segunda-feira (10.08), alargando o horário de funcionamento de lojas e restaurantes em Luanda, mas adiando a abertura da época balnear para 15 de outubro.

As alterações foram apresentadas, este sábado (08.08), pelo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, e mantêm-se em vigor até 08 de setembro. No entanto, e consoante a evolução da situação epidemiológica, o plano apresentado, ressalvou o governante, pode sofrer novas atualizações.

Existem também diferenças na aplicação das regras em Luanda, a província mais afetada pela doença, face ao restante território.

Conselho de Segurança da ONU realiza consultas sobre a Guiné-Bissau


O Conselho de Segurança das Nações Unidas realiza esta segunda-feira (10.08) consultas sobre a Guiné-Bissau e analisa o último relatório do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre o país.

No último relatório sobre a Guiné-Bissau, divulgado na sexta-feira (07.08), António Guterres pediu aos atores políticos guineenses para dialogarem genuinamente para que seja implementada uma governação inclusiva e realizadas reformas essenciais à estabilidade na Guiné-Bissau.

O secretário-geral da ONU exortou também as autoridades da Guiné-Bissau a "demonstrarem rapidamente" o seu compromisso na luta contra o tráfico de droga com a aplicação do plano aprovado em 2019 pelo anterior Governo.

António Guterres insistiu na necessidade de as forças de defesa e segurança se "absterem de qualquer ingerência no processo político, sob pena de comprometerem a paz e a estabilidade".

"Exorto as autoridades de Estado a responsabilizarem aqueles que se envolvem em atos de intimidação, incluindo ameaças de morte, discurso de ódio e incitamento à violência", afirmou António Guterres, salientando a necessidade de ser estabelecido um ambiente propício ao respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de Direito.

Covid-19: Casos continuam a aumentar nos PALOP


Apenas São Tomé e Príncipe não registou novos casos na sexta-feira (07.08). Dia em que o governo de Cabo Verde anunciou que passa a ser obrigatório o uso de máscara nos espaços públicos nas ilhas de Santiago e Sal.

Na mesma semana em que o continente africano ultrapassou a barreira do milhão de casos positivos do novo coronavírus, a maioria dos países africanos de língua portuguesa registou também um aumento de infeções.

O maior crescimento regista-se em Moçambique, onde entra, este sábado (08.08), em vigor um novo estado de emergência. O país liderado por Filipe Nyusi registou, esta sexta-feira (07.08), mais 93 casos positivos da doença, elevando o total para 2.213.

Os 93 novos casos, o maior número já registado em 24 horas, estão nas províncias de Maputo (25), Cabo Delgado (14), Nampula (07), Gaza (30) e Maputo Cidade (17).

Entretanto, este sábado, fez saber o Ministério da Saúde, há mais uma morte a lamentar, o que eleva o número total de mortos no país para 16.

Portugal | Caiu-lhes a máscara


Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

O PCP marcou para o dia 3 de julho passado um comício com Jerónimo de Sousa para o Parque da Pasteleira, no Porto. Em articulação com a DGS, esse comício passou, depois, para a Praça D. João I e deixou de ter a componente de convívio - um piquenique - antes prevista.

Esta iniciativa motivou um coro de críticas (muitas vezes de insultos!) nas redes sociais, tendo como "animadores" elementos ligados a diversos partidos de direita, do PSD ao Chega, passando por autarcas das listas de Rui Moreira. O assunto foi mesmo abordado em sessão da Assembleia Municipal, com autarcas do PSD a considerarem inadmissível a realização deste comício. Que se realizou com a habitual organização dos comunistas portugueses, que conseguiram juntar centenas de pessoas, sob um sol inclemente, com máscaras (apesar de ser ao ar livre) e mantendo o distanciamento físico recomendado (basta ver as fotos disseminadas pelas redes sociais).

Nem três semanas passadas, a Câmara Municipal do Porto anunciou, para os jardins do Palácio de Cristal, um conjunto de oito concertos. Com lotação de seis centenas de pessoas, em lugares sentados devidamente afastados e com a exigência de utilização de máscara. Rui Moreira referiu, na apresentação destes concertos, que era possível conciliar pandemia e cultura.

Creio que muitos dos que o apoiam, e que tão violentamente criticaram a realização do comício do PCP, se levantaram como uma mola para o aplaudirem e correram para obter convites para tão "fantástica" iniciativa. O que lhes faz cair a máscara: o problema não é a eventual proliferação do vírus; o que querem é limitar (e mesmo proibir!) aqueles que se esforçam para manter, dentro das novas condições e cumprindo as regras impostas pela DGS, o direito ao exercício da atividade política.

*Engenheiro

“Serrar presunto” com o foco no rei corrupto, em Canecas e em Marcelo


O pobre-coitado do castelhano rei corrupto Juan de Espanha anda na baila pelos lucrativos tiros que tem dado nos pés, nos elefantes, leões, girafas, zebras e demais bicharada selvagem. Por arrasto dizem que há “três amigos” à procura de uma mansão em Cascais, Portugal, para o castelhano rei corrupto se juntar aos corruptos nacionais e estrangeiros que abundam na pequena Lusitânia. Mais um, menos um… O povo é sereno e parvo.

Dos três amigos ressalta um Brito e Cunha sem fazer ondas – como convém numa marina - a Lili Canecas plástica, tia da linha estorilense, recheada de botoque, silicone, tintas e provavelmente massa de estuque, cozeduras e esticadores de peles e banhas. No terceiro amigo, segundo dizem no El Mundo dos desgraçados de Aljubarrota, Juan corrupto conta com Marcelo Rebelo de Sousa… Esse mesmo, atual presidente da República em Portugal. Marcelo desmente, considera ridículo e estúpido envolver-se com o corrupto castelhano que se pirou de Espanha após um reinado de tanta corrupção e valores enxotados para a amante e para offshores do estilo Ricardo Salgado, muitos outros comparsas e até jornalistas com as chamadas “avenças” para escreverem a fazerem-nos a cabeça a favor do tal Dono Disto Tudo (Mas que jornalistas? Continuamos sem saber os nomes desses salafrários-escribas e alinhados na corrupção) Mas… Está tudo bem. Está? O tanas!

Esta história do rei corrupto do país ao lado ainda vai dar que falar. Uma coisa é certa: Marcelo, Cascais e Mansão ligam como argamassa. Lili Plástica não destoa, o Brito da Marina… Vá-se lá saber. Certo é que são todos tios (tia) de ao estilo de Cascais… Dizem que “com muitas histórias para contar" – que não contam à toa. Pois. Não fosse o diabo tecê-las.

Avante. O Curto não é só isto. O autor, Pedro Candeias, aborda Rui Pinto, os “leaks” do futebol, de Luanda e outras operações da “plástica” financeira. Acerca de corruptos e corruptores – o que vai dar no mesmo.

Beirute, a explosão “mistério” repleta de diz que disse, diz que viu… Tudo para confundir e abafar a verdade. Pois.

Mais bem escrito, Candeias vai à frente a alumiar o Curto de hoje. Vá nessa.

Curto a seguir a deixarmos aqui votos de uma boa semana – se conseguirem. Oxalá que não sejam incluídos nos números de tantos desempregados, corridos por patrões que se abotoaram aos dinheiros do tal lay-off… Isso não é crime? Não é roubar? Pois.

Curta o que segue sobre o dito “serrar presunto” acompanhado de um bom Dão. Ops!

MM | PG

Portugal | Professores contratados e mal pagos!


Filinto Lima* | TSF | opinião

Apesar dos curtos prazos impostos, o mês de julho, época de intenso labor nas direções executivas face às demandas do Ministério da Educação (ME), foi superado com esforço inexcedível pelos líderes das escolas e suas equipas.

Previsivelmente, em meados de agosto, à semelhança do sucedido no ano transato, serão publicadas as listas definitivas de colocação inicial dos professores. É de saudar esta medida histórica, uma vez que no ano anterior foi a primeira vez atingido esse patamar, ao contrário de sempre, já que os professores só nos últimos dias do mês tomavam conhecimento dos estabelecimentos de ensino onde iriam exercer as suas funções. Em um ou dois dias impunha-se arrendar um quarto ou partilhar uma casa a preços quantas vezes exorbitantes, para além das despesas inerentes à situação vivida. Em alguns casos, o acréscimo do cumprimento do pagamento do crédito à habitação é mais um encargo a considerar.

A perspetiva do anúncio antecipado das listas de colocação inicial é de louvar, pois marca uma atitude de consideração para com os professores. Contudo, é hora de prosseguir, dando continuidade a esta ação valorativa, com a implementação de novas deliberações que evidenciem respeito por quem se entrega à Educação.

Novo Banco vendeu seguradora com desconto de 70% a magnata corrupto


O Novo Banco vendeu em outubro uma seguradora com desconto de quase 70% a fundos geridos pela Apax, operação que gerou uma perda de 268,2 milhões de euros e foi compensada com verba do Fundo de Resolução.

O negócio foi fechado com um magnata condenado por corrupção nos Estados Unidos, avança o jornal "Público", que revela o negócio.

A seguradora GNB Vida (agora designada Gama Life), "foi vendida em outubro de 2019, a fundos geridos pela Apax Partners, com um desconto de 68,5% face ao valor contabilístico inscrito no balanço de 30 de junho daquele ano".

A operação "gerou uma perda para a instituição financeira de 268,2 milhões de euros" e serviu para o presidente do Novo Banco, António Ramalho, "justificar novo pedido de injeção de dinheiros públicos", explica hoje o Público.

No entanto, escreve o jornal, "não é apenas a variação acentuada de valores a suscitar controvérsia, são os sinais de que as autoridades nacionais e europeias desvalorizaram os indícios de ligação do comprador da Gama Life ao magnata do setor segurador Greg Lindberg, condenado já este ano pela Justiça norte-americana por corrupção e fraude fiscal".

A quem aproveita a tragédia de Beirute


Pepe Escobar [*]

A narrativa de que a explosão de Beirute foi uma consequência exclusiva da negligência e corrupção do actual governo libanês está agora gravada em pedra, pelo menos na esfera atlantista.

Ainda assim, escavando mais fundo, descobrimos que a negligência e a corrupção podem ter sido plenamente exploradas, através de sabotagem, a fim de engendrá-la.

O Líbano é o território por excelência de John Le Carré. Um antro multinacional de espiões de todos os matizes – agentes da Casa de Saud, operacionais sionistas, armadores de "rebeldes moderados", intelectuais do Hezbollah, "realeza" árabe depravada, contrabandistas auto-glorificados – no contexto de um desastre económico de amplo espectro que aflige um membro do Eixo da Resistência, um alvo perene de Israel juntamente com Síria e o Irão.

Como se isso não fosse suficientemente vulcânico, o presidente Trump saltou na tragédia para turvar as – já contaminadas – águas do Mediterrâneo Oriental. Informado pelos "nossos grandes generais" , Trump disse na terça-feira: "De acordo com eles – eles saberiam melhor do que eu – mas parecem pensar que foi um ataque."

Trump acrescentou: "foi uma bomba de alguma espécie".

Essa observação incendiária deixava o gato fora do saco, revelando informações confidenciais? Ou o presidente estava a lançar outro non sequitur ?

Trump finalmente voltou atrás nos seus comentários depois de o Pentágono se recusar a confirmar a sua afirmação acerca do que os "generais" haviam dito. E o seu secretário de defesa, Mark Esper, apoiou a explicação do acidente para a explosão.

Isto é mais uma ilustração gráfica da guerra que avassala a Beltway. Trump: ataque. Pentágono: acidente. "Eu não penso que alguém possa dizer neste momento", disse Trump na quarta-feira. "Eu ouvi das duas maneiras."

Ainda assim, vale a pena notar uma reportagem da Agência de Notícias Mehr, do Irão, de que quatro aviões de reconhecimento da US Navy foram avistados perto de Beirute no momento das explosões. A inteligência dos EUA está ciente do que realmente aconteceu desde o princípio em todo espectro de possibilidades?

Bielorrússia/eleições | Confrontos entre manifestantes e polícia em Minsk


Reeleição do presidente Alexander Lukashenko, no poder desde 1994, acaba em violentos confrontos. Resultado das eleições, que davam a vitória por 80% dos votos, está a ser disputado nas ruas

Manifestantes antigovernamentais envolveram-se na noite deste domingo em confrontos com a polícia em Minsk, que utilizou granadas sonoras antimotim e canhões de água, referiam media russos e bielorrussos, na sequência de eleições presidenciais, realizadas sob grande tensão. A agência noticiosa russa Ria Novosti divulgou estes confrontos, à semelhança dos media bielorrussos da oposição tut.by, Nacha Niva e Nexta, nos arredores do monumento Stella da capital.

Um jornalista da AFP disse ter escutado a explosão de granadas sonoras perto deste local e viu forças policiais, equipadas com escudos, em direção aos manifestantes. O local dos protestos estava, no entanto, inacessível devido a um forte dispositivo policial. Segundo os mesmos media, também ocorreram várias detenções.

Vídeos filmados por testemunhas e divulgados pela Nacha Niva e Nexta, nas redes sociais, mostravam grupos de manifestantes a concentrarem-se nas ruas, com as forças policiais e tentarem dispersá-los com recurso à força. Diversos manifestantes desafiavam os cordões policiais, agitando bandeiras da oposição, junto aos cordões policiais, que impediam o acesso a numerosas ruas do centro de Minsk.

Segundo os media bielorrussos da oposição, também decorreram manifestações em numerosas cidades do país do leste europeu. A campanha eleitoral para as presidenciais foi assinalada por uma mobilização sem precedentes em apoio de Svetlana Tikhanovskaia, sem experiência política prévia.

A cruzada profana dos EUA contra a China


#Traduzido e publicado em português do Brasil

No mês passado, o discurso anti-China feito pelo secretário de Estado Mike Pompeo foi extremista, simplista e perigoso. Se literalistas bíblicos como Pompeo permanecerem no poder após novembro, eles poderão muito bem trazer o mundo à beira de uma guerra que eles consideram provável e que, talvez, até mesmo busquem

Jeffrey D. Sachs*

Nova York – Muitos evangélicos cristãos brancos nos Estados Unidos há muito acreditam que os Estados Unidos têm uma missão dada por Deus para salvar o mundo. Sob a influência dessa mentalidade de cruzada, a política externa dos EUA muitas vezes se desviou da diplomacia para a guerra. Corre-se o risco de que isso se repita.

No mês passado, o secretário de Estado Mike Pompeo lançou mais uma cruzada evangélica, desta vez contra a China. Seu discurso foi extremista, simplista e perigoso – e pode muito bem colocar os EUA em um caminho para um conflito com a China.

Segundo Pompeo, o presidente chinês Xi Jinping e o Partido Comunista da China (CPC) abrigam um "desejo de hegemonia global de décadas". Isso é irônico. Apenas um país – os EUA – tem uma estratégia de defesa que exige que o país seja a "potência militar preeminente do mundo", com "equilíbrios regionais favoráveis de poder no Indo-Pacífico, Europa, Oriente Médio e Hemisfério Ocidental". O documento oficial de defesa da China, em contraste, afirma que "a China nunca seguirá o caminho batido pelas grandes potências na busca da hegemonia", e que, "à medida que a globalização econômica, a sociedade da informação e a diversificação cultural se desenvolvem em um mundo cada vez mais multipolar, a paz, o desenvolvimento e a cooperação ganha-ganha continuam sendo as tendências irreversíveis dos tempos".

Lembre-se da própria admoestação de Jesus: "Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás claramente para tirar o cisco do olho do teu irmão" (Mateus 7:5). Os gastos militares dos EUA totalizaram US$ 732 bilhões em 2019, quase três vezes os US$ 261 bilhões gastos pela China.

Os EUA, aliás, têm cerca de 800 bases militares no exterior, enquanto a China tem apenas uma (uma pequena base naval em Djibouti). Os EUA têm muitas bases militares perto da China, que não tem nenhuma perto dos EUA. Os EUA têm 5.800 ogivas nucleares; a China tem cerca de 320. Os EUA têm 11 porta-aviões; a China tem um. Os EUA lançaram muitas guerras no exterior nos últimos 40 anos; a China não lançou nenhuma (embora tenha sido criticada por escaramuças fronteiriças, mais recentemente com a Índia, que param aquém da guerra).

Equador e Bolívia: ressurge o golpismo latino-americano


#Traduzido e publicado em português do Brasil

As elites fracassaram, econômica e sanitariamente. A oposição ligada a Evo Morales e Rafael Correa lidera as pesquisas. Sem votos, a direita tenta inviabilizar a mudança – e recorre, outra vez, ao Judiciário

Cecilia Gonzalez | Outras Palavras | Tradução: Antonio Martins

Se os opositores podem ganhar as eleições, melhor evitar que se candidatem. Esta parece ser a fórmula mágica e misteriosa que percorre a América Latina, agora em particular no Equador e Bolívia, países em que os governos estão fazendo todos os esforços necessários para impedir postulações – inclusive promovento a proscrição de partidos rivais.

A meta é clara e tem nomes e sobrenomes: evitar, como for possível, a volta ao poder dos partidos dos ex-presidentes Rafael Correa e Evo Morales.

O fato de que suas forças políticas tenham altas intenções e que inclusive liderem as pesquisas significa que grande parte das populaçẽos as apoia. Ou seja, o mínimo que se espera é que se respeite o direito destes cidadãos a escolher livrementre quem querem como governantes. Mas não parece haver nenhuma intenção de honrar uma premissa básica da democracia.

Estas estratégias antidemocráticas são promovidas sob o grito de “Defendamos da democracia!”. E o que deveria ser um escândalo internacional é abafado graças à cumplicidade das mídias tradicionais da região que, em grande aliança, ditam as coberturas eleitorais a partir de um duplo padrão: condenando os governos progressistas e avalizando os conservadores, ocultando suas crises internas. A divisão entre “bons” e “maus” já é grotesca.

A Venezuela, sabe-se, é o cavalo de batalha. Nicolás Maduro é o demônio latino-americano. Por isso, “vamos nos converter numa Venezuela” tornou-se a insultante advertência dos candidatos de direita. Lançam-na em tom tenebroso, para assutar e suscitar medos. Ser Venezuela. Que horror! Ainda que o verdadeiramente horroroso seja a permanente estigmatização das e dos venezuelanos, e o uso e abuso político de uma tragédia humanitária.

Às mídias que se autoproclamam falsamente como independentes, soma-se a ajuda da Organização dos Estados Americanos (OEA), que não condena, investiga ou questiona o que ocorre no Equador e na Bolívia. Bem, se a OEA apoiou o golpe de Estado contra Evo, não é possível esperar muito mais.

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